domingo, 31 de julho de 2022
Uruguai vê venda de maconha consolidada
BAHIA NOTICIAS
por Sylvia Colombo | Folhapress
Cinco anos depois de iniciar a venda de maconha em farmácias,
encerrando o ciclo de implementação da lei de regulamentação da
marijuana aprovada em 2013, o Uruguai dá sinais de ter construído um
sistema estável de produção e consumo.
Hoje há mais de 50 mil usuários inscritos e habilitados a comprar a
erva nas 26 drogarias autorizadas em todo o país, a participar de clubes
de cultivo ou a semear e manter até seis pés da planta em casa. Venda
em farmácias, clubes e autocultivo são os três pilares da legislação
aprovada na gestão do ex-presidente José "Pepe" Mujica com o intuito de
conter o narcotráfico.
"Havia muitos temores que não se confirmaram", afirma Sergio Redín,
dono da farmácia Antártida, em Montevidéu. "Havia o medo de que os
estabelecimentos fossem assaltados ou que os clientes mais conservadores
deixassem de comprar ali por preconceito. Não se vê isso mais hoje."
Em 19 de julho de 2017, quando as vendas nas lojas começaram, as
filas eram de dobrar quarteirões, e a produção, controlada pelo Estado
mediante concessão de licenças a empresas, se viu insuficiente para
atender à demanda.
"Naquela fase inicial foi mais difícil, pois o produto não chegava e
havia confusão na porta da farmácia e muita atenção da mídia, o que
atrapalharam as vendas. Depois, instalamos um método de reservas pela
internet e retirada em horários específicos. E a produção aumentou, hoje
temos estoque em excesso", diz Redín.
Os usuários registrados, que devem ser uruguaios ou residentes -não é
permitida a venda a turistas-, têm direito de comprar dez gramas por
semana. De acordo com dados do Observatório Uruguaio de Drogas, 72% dos
consumidores em farmácias buscam o produto devido ao efeito relaxante e
47,7%, para minimizar distúrbios do sono.
A crítica mais comum de usuários que compram a droga em farmácias é a
de que a maconha oferecida nesses estabelecimentos tem pouco THC -o
elemento psicoativo que provoca alterações na percepção e pode modificar
os estados de ânimo não pode exceder 9% da composição do produto.
"O ponto da legislação que melhor funcionou foi o do autocultivo, que
barra punições por plantar maconha em casa", diz Eduardo Blasina,
ativista, engenheiro agrônomo e diretor do Museo del Cannabis, na
capital do país. "Os clubes de cultivo têm regras demais, são difíceis
de fiscalizar, não funcionam tão bem. E as farmácias têm seu público,
que é limitado e específico. No geral, a lei ajudou a derrubar o estigma
que havia na sociedade em relação ao consumo de maconha."
Nos clubes de cultivo, há um limite de sócios, 40, e de plantas, 99.
Os que se inscrevem para participar da associação escolhem um dos
membros para cuidar de todo o ciclo de produção, desde a plantação até a
distribuição aos sócios. "Funciona parcialmente, acho que coloca muitos
limites que nos aprisionam nessas regras, para que o governo tenha mais
liberdade para explorar comercialmente a produção em larga escala",
afirma Guillermo Amandola, dono de um clube de cultivo.
A legislação permite que apenas empresas com licenças obtidas junto
ao Estado cultivem maconha para a produção de remédios, roupas e
cosméticos. Atualmente há empresas americanas, canadenses e espanholas
instaladas no país com essa finalidade.
Embora a lei tenha hoje rejeição menor do que em 2013 -caiu de 44%
para menos de 30%, segundo o Instituto de Regulação e Controle da
Cannabis-, há setores da sociedade e da política que têm críticas e
querem até mesmo derrubar a legislação.
O atual presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, que foi um defensor
da legalização da cânabis quando estava no Senado, aprova parte da lei. É
a favor da liberação do consumo e do comércio, mas se coloca contra a
produção e distribuição por parte do Estado. Em entrevista recente à
rede BBC, defendeu que "o governo não tem que plantar nem vender
maconha". "Esse trecho da lei eu não aprovei."
Um setor mais à direita, parte da aliança governista, gostaria que a
lei fosse revogada. Guido Manini Ríos, senador e ex-comandante do
Exército, líder do partido Cabildo Abierto, por exemplo, afirma ser
"abominável que o Estado esteja competindo com narcotraficantes em vez
de terminar de uma vez por todas com o consumo de drogas".
No exterior, as críticas vieram, entre outros, do presidente
brasileiro, Jair Bolsonaro (PL), que numa transmissão ao vivo
recentemente disse que, "no Uruguai, há uma explosão no número de
homicídios devido, em grande parte, à maconha".
O governo uruguaio respondeu por meio do ministro do Interior, Luis Alberto Heber: "Claro que não estamos de acordo com essa afirmação. Sobretudo porque a violência e muitos dos homicídios que ocorrem no Uruguai estão relacionados com a violência que vem do Brasil, nas zonas de fronteira. E no Brasil não está legalizada a maconha, mas há crime organizado. Precisamos manter a boa relação e, por isso, às vezes o mais indicado é o silêncio ou o cuidado com as palavras".
Varíola dos macacos pode causar complicações raras em pacientes
BAHIA NOTICIAS
por Samuel Fernandes | Folhapress
A varíola dos macacos, responsável atualmente por um surto de preocupação global, normalmente causa quadros sem gravidade para a saúde a longo prazo. No entanto, pesquisas e relatos médicos já constataram que a doença esteve associada a complicações como problemas na visão e encefalite, inflamação do cérebro causada por uma infecção.
"Os casos que podem levar a cegueira e inoculação do vírus no olho não
acontecem em todo mundo. Mas, de todas as sequelas da varíola dos
macacos, talvez seja a mais comum", afirma Clarissa Damaso, virologista
da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e assessora do comitê
da OMS (Organização Mundial da Saúde) para pesquisa com vírus da
varíola.
Embora os dados sejam escassos, estudos já observaram diferentes tipos
de complicações oculares em pessoas com a doença causada por monkeypox,
como o vírus é conhecido. Um levantamento concluiu que a conjuntivite, a
inflamação de uma membrana no olho, foi reportada em 23% de pacientes
infectados por varíola dos macacos entre 2010 e 2013 no Congo.
Os pesquisadores observaram que a maior parte das pessoas com
conjuntivite durante a infecção eram crianças com menos de dez anos.
Além disso, a complicação foi mais presente nos menores que apresentaram
outros sintomas, como náuseas, dor de garganta e sensibilidade à luz.
"Os casos de varíola dos macacos com conjuntivite correm risco de
cicatrizes, que podem causar a cegueira", afirmam os pesquisadores no
levantamento.
Outra pesquisa já observou os casos de cegueira decorrentes da varíola
dos macacos. O estudo analisou 338 pacientes no Zaire -como era chamada a
República Democrática do Congo- entre 1981 a 1986. Desses, 245 foram
infectados diretamente por animais e 95 tiveram transmissão entre
humanos.
O levantamento concluiu que sequelas mais graves, como cegueira de um ou
dos dois olhos, foram observadas em 10% dos infectados por animais.
Para aqueles que tiveram a transmissão por humanos, a taxa foi de 5%.
Damaso explica que os problemas oculares podem ocorrer quando a pessoa
toca em alguma lesão corporal causada pela varíola dos macacos e depois
leva a mão para o olho sem antes higienizar.
"Quando a ferida vai secando, ela começa a coçar. Então a pessoa coça e esquece depois de lavar a mão", resume.
Esse tipo de complicação também já é relatado em casos de outros vírus
da mesma família do monkeypox, como o patógeno que causa a varíola
comum. A situação faz com que, no laboratório da UFRJ que em que Damaso
atua, uma regra tenha sido instaurada: "Não colocar a mão no olho de
maneira nenhuma", conta a virologista, recomendando que pacientes
diagnosticados com varíola dos macacos sigam a recomendação.
Encefalite Outra complicação associada à varíola dos macacos em estudos é
a encefalite, uma inflamação do cérebro e do encéfalo (tronco cerebral)
causada por uma infecção.
No caso da varíola dos macacos, há pouquíssimos relatos do
desenvolvimento de encefalite mediante a infecção viral. Um deles foi de
um surto de 2003 ocorrido nos Estados Unidos. Pesquisadores observaram o
caso de uma família -dois adultos e uma criança- onde todos foram
infectados por monkeypox. Os adultos desenvolvem os sintomas mais
comuns, como as lesões na pele, mas o quadro da criança evoluiu até a
encefalite.
Os quadros mais preocupantes dessa complicação causada pela varíola dos
macacos são raros e atinge basicamente crianças, um grupo já reconhecido
como de risco para desenvolver quadros graves da doença. Outras pessoas
sujeitas a evoluções mais críticas são grávidas, imunossuprimidos,
indivíduos com comorbidades e não vacinados.
Marzia Puccioni, professora da Escola de Medicina e Cirurgia da Unirio e
do programa de pós-graduação em doenças infecciosas e parasitárias da
UFRJ, afirma que é importante estar alerta aos sinais da encefalite em
crianças. O quadro envolve principalmente sonolência, crise compulsiva,
confusão mental, déficit motor e dor de cabeça muito intensa.
"Os pais têm que ficar muito atentos", afirma Puccioni. Ela também
aponta para a necessidade de pediatras observarem com maior cuidado o
desenvolvimento do problema de saúde. Segundo ela, muitas causas de
encefalite deixam de ser investigadas adequadamente.
A encefalite em decorrência da varíola dos macacos ainda não foi descrita neste surto, diz a pesquisadora.
"É raro, porém temos que estar atentos. Pode acontecer, como já ocorreu nos surtos prévios", afirma Puccioni.
Bivar avisa que será candidato a deputado, e União Brasil descarta apoio imediato a Lula
BAHIA NOTICIAS
O presidente da União Brasil, deputado Luciano Bivar (PE), avisou a correligionários neste sábado (30) que tentará um novo mandato na Câmara dos Deputados e que não manterá sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto.
De acordo com a Folha de São Paulo, a comunicação foi feita no grupo de WhatsApp de parlamentares do partido, segundo interlocutores.Na mesma mensagem, Bivar disse que planeja tornar pública a decisão na convenção estadual da União em Pernambuco, neste domingo (31), no Recife. Bivar nem sequer pontuou na pesquisa Datafolha da semana passada, que mostra o ex-presidente Lula (PT) 18 pontos à frente de Jair Bolsonaro (PL).
Com a desistência, integrantes da União Brasil dizem que o mais provável é que o partido lance a senadora Soraya Thronicke (MS) à corrida ao Palácio do Planalto. Eleita na onda bolsonarista de 2018, Soraya está no meio do mandato no Senado Federal --tem mais quatro anos pela frente.
A articulação para que Bivar desistisse de concorrer ao Planalto envolveu Lula. Inicialmente, Bivar tentou levar o partido para apoiar o petista. Integrantes da cúpula da União Brasil, porém, rechaçaram essa hipótese. Uma consulta prévia foi feita com dirigente da legenda, que descartaram o apoio ao ex-presidente.
A União Brasil foi formada a partir da fusão do PSL --antiga sigla de Bolsonaro-- com o DEM. A ala do DEM rechaça uma aliança com Lula e argumenta que o bloco de Bivar não tem força nacionalmente para impor um acordo com o PT.
A hipótese de a União Brasil apoiar Lula no primeiro turno, porém, já era considerada remota por integrantes da cúpula do partido. Isso porque há dirigentes da legenda, como Ronaldo Caiado, pré-candidato à reeleição em Goiás, que seriam prejudicados com o apoio a Lula.
Além disso, há ainda nomes como o de Mauro Mendes, pré-candidato ao Governo de Mato Grosso, que já declararam apoio a Jair Bolsonaro (PL).
O partido de Bivar detém a maior fatia de fundo eleitoral e o maior tempo de propaganda de rádio e televisão. Para aliados de Lula, conseguir mais espaço na TV traria um impacto importante para a campanha petista e aumentaria as chances de uma definição ainda no primeiro turno.
Pessoas mais pobres têm doenças crônicas 10 anos mais cedo, diz estudo
BAHIA NOTICIAS
Um estudo publicado pela revista científica Nature Reviews Disease Primers, e divulgado pelo Metrópoles, parceiro do Bahia Notícias, concluiu que pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica desenvolvem múltiplas doenças crônicas dez anos mais cedo do que as mais ricas.
Segundo os pesquisadores, a multimorbidade, termo relacionado ao desenvolvimento de diversas doenças crônicas por uma pessoa, está associada à morte prematura, pior qualidade de vida e aumento do uso dos serviços de saúde.
Além disso, a pobreza e as dificuldades econômicas podem causar mais problemas de saúde mental e expõem as pessoas a uma maior irritabilidade.
Os cientistas mostraram que as pessoas mais pobres geralmente não têm acesso a informações que as ajudariam a ter hábitos mais saudáveis, e nem condições de arcar com uma alimentação equilibrada ou exercícios físicos regulares.
A dificuldade em garantir os direitos humanos básicos também pode ser um dos fatores que dificultam uma vida com menos comorbidades.
A pesquisa foi comandada por cientistas de diversos países, inclusive do Brasil. Profissionais da Dinamarca, Reino Unido, Austrália, Estados Unidos e Peru também empenharam os seus esforços para chegar a essa conclusão. No Brasil, o estudo ficou sob a responsabilidade da equipe da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
João Roma aposta no esporte para afastar jovens das drogas
BAHIA NOTICIAS
O candidato a governador da Bahia, ex-ministro da Cidadania e deputado federal, João Roma (PL), participa da abertura do Campeonato Municipal de Futebol de Anguera, na manhã deste domingo (31). Roma indicou que, quando esteve a frente do Ministério da Cidadania, desenvolveu várias ações de promoção do esporte no país, vê nessa atividade um dos meios de desviar a juventude do caminho das drogas.
“A promoção do esporte entre os jovens, estimulando e criando condições para a sua prática em toda a Bahia será uma das prioridades em meu governo para manter os jovens longe das armadilhas do crime organizado”, assinalou.
Durante a Marcha para Jesus, em Feira de Santana, Roma destacou a alegria que sente ao ver pessoas que, com o desejo de estarem unidas a Deus, quererem também definir o futuro do Brasil e da Bahia.
"Eu fico muito encorajado quando vejo pessoas de bem, todas de mãos dadas, com Deus iluminando seu caminho, querendo pregar o bem, fazer o bem. É dessa maneira que nós temos que fazer o nosso Brasil continuar a acontecer", disse Roma, que participou do ato junto a cristãos evangélicos ao lado da candidata ao Senado, Raíssa Soares (PL).
Roma declarou que o Brasil já despertou ao eleger o presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2018 e que a Bahia também dará em outubro um grande exemplo de que também enxerga essa necessidade de mudança que o país já experimenta. "A Bahia caminhará de mãos dadas com o Brasil, porque a Bahia não é problema, é solução para o Brasil", enfatizou o ex-ministro da Cidadania.
Ele ainda complementou: "Estou ao lado do presidente Bolsonaro, que defende Deus, pátria, família e liberdade. Nunca foi tão fácil escolher. Nesse ano de 2022, quando celebramos o bicentenário da independência do Brasil, teremos que ser muito assertivos em busca do nosso direito de andar de cabeça erguida e viver de acordo com o que acreditamos", salientou Roma.
O ex-ministro destacou ainda que baianos e brasileiros precisam alcançar cidadania plena. "É isso que está em jogo nessa eleição: se queremos um Brasil que tenha orgulho do nosso verde e amarelo ou se vamos voltar para o passado que decepcionou milhões de brasileiros", declarou durante a Marcha para Jesus em Feira de Santana.
Eleições deste ano estreia lei sobre violência de gênero
BAHIA NOTICIAS
por Renata Galf / Paula Soprana | Folhapress
A eleição deste ano será a primeira com uma lei sobre violência política de gênero em vigor.
Aprovada no ano passado, a lei 14.192 estabelece que é crime
assediar, constranger, humilhar, perseguir ou ameaçar uma candidata, com
menosprezo ou discriminação à condição de mulher ou ainda à sua cor,
raça ou etnia. A lei também vale para mulheres que já ocupam cargos
eletivos
A punição é de até quatro anos de prisão e multa. Se a violência
ocorrer pela internet e em redes sociais, a pena pode chegar a seis
anos.
"A violência política está sendo considerada qualquer ação, conduta
ou omissão que impede ou tenha qualquer tipo de restrição para exercício
de direitos políticos femininos", diz a advogada eleitoral Samara
Castro.
A aprovação do crime de violência política de gênero foi muito
próxima à de outro crime do tipo, o de violência política, citado na lei
que revogou a antiga Lei de Segurança Nacional em setembro do ano
passado. O movimento para endurecer as regras contra agressores foi
capitaneado pela bancada feminina no Congresso, que viu escalar os
episódios de ataques na política nos últimos anos e pressionou pela
aprovação de ambos.
Várias entidades passaram a monitorar de forma mais estruturada
ataques a mulheres depois do assassinato da vereadora Marielle Franco,
do PSOL, em 2018, crime que ainda está sob investigação.
"Temos um amadurecimento do debate público sobre o significado de
violência política de gênero, o que representa para a vida dessas
mulheres e como isso é ruim para a democracia", diz Natália Sant'Anna,
coordenadora de advocacy do Pacto pela Democracia -iniciativa que reúne
mais de 200 organizações da sociedade civil.
Na eleição de 2020, candidatas a prefeitas e vereadoras recebiam, em
média, 40 xingamentos no Twitter todos os dias, segundo pesquisa do
InternetLab e da revista AzMina. As ofensas faziam alusões aos seus
corpos, saúde mental, intelectualidade e moral.
No primeiro turno, a candidata mais ofendida foi Joice Hasselmann (à
época no PSL, hoje no PSDB), que concorria à Prefeitura de São Paulo.
Mais da metade dos xingamentos dirigidos a ela era de teor gordofóbico.
Erika Hilton (PSOL), primeira mulher trans do Legislativo paulistano,
foi a mais atacada do estado, com a palavra "nojenta" associada a ela
432 vezes, além ameaças físicas.
Raquel Branquinho, procuradora regional da República, coordena um
grupo de trabalho sobre o assunto no Ministério Público Eleitoral e atua
com casos desde o início do ano.
"As dificuldades passam primeiramente por preconceito, não apenas da
sociedade, mas dos próprios operadores de direito com esse tipo de
legislação, como aconteceu com a Lei Maria da Penha há muitos anos", diz
ela, que cita os que veem "uma legislação desnecessária".
Para Branquinho, um obstáculo para mulheres que exercem mandato no
Legislativo é quando a agressão parte de um colega e entende-se que a
conduta está protegida pela imunidade parlamentar. "Temos lutado também
neste campo para garantir que haja um entendimento condizente com a
finalidade da lei."
Além de capacitações, o grupo fez 15 representações de casos de
violência política e encaminhou para avaliação das Procuradorias
regionais. Também articulou para que elas tenham uma numeração
específica no sistema, facilitando o seu monitoramento. Até o momento,
três denúncias foram apresentadas com base no novo crime.
De acordo com o Instituto Marielle Franco, 8 a cada 10 candidatas
negras sofreram violência virtual no pleito de 2020. A amostra da
pesquisa foi de 142 mulheres negras.
Especialistas que monitoraram os comentários na internet na última
eleição destacam que o tratamento dado a homens é diferente, mais
direcionado a aspectos de competência e gestão. Já homens gays ou mais
velhos também são vítimas de preconceito.
Em casos que envolvem violência psicológica, pode haver dificuldade
para a própria vítima entender que é alvo de agressão. "Como dizer que a
mulher é escandalosa, descontrolada, esquizofrênica, doida. Isso se diz
para as mulheres em um ambiente em que você questiona a condição de ela
ser mulher, e não de disputa política, em que se faz um confronto
objetivo", diz a advogada eleitoral Marilda Silveira.
Além do crime de violência política contra a mulher, que consta no
Código Eleitoral, há o crime de violência política, que consta nos
crimes contra o Estado democrático de Direito. A pena é de três a seis
anos de prisão e multa e ele tem aplicação mais ampla.
Esse crime consiste em em restringir, impedir ou dificultar "o
exercício de direitos políticos a qualquer pessoa em razão de seu sexo,
raça, cor, etnia ou religião", com emprego de violência física, sexual
ou psicológica.
A criação de dois crimes, um direcionado apenas a mulheres e outro
genérico, pode gerar conflito na disputa por competência processual
nesta eleição, de acordo com Fernando Neisser, advogado especialista em
direito eleitoral.
"Se uma mulher sofrer ataques que dificultem sua campanha será
possível, eventualmente, inferir dois crimes ao agressor. Não temos como
antever como a jurisprudência vai lidar com isso. Um crime será julgado
pela Justiça Eleitoral e o outro pela Justiça comum", diz.
Para Fernanda Martins, diretora no InternetLab, o maior ponto de
atenção do tema no pleito de 2022 deve estar na coibição de ataques na
internet. "Às vezes as pessoas agem como se a violência online fosse
menos importante do que a de outros ambientes. Mas ela é fundamental
para desdobramentos que também saem do meio digital", diz.
Os ataques nas redes costumam acontecer com grupos já historicamente
marginalizados. "Olhamos para 175 candidaturas em 2020 e percebemos que
quando se tratava de mulheres, o que estava em jogo eram comentários e
ofensas relacionadas aos seus corpos: se eram magras demais, gordas
demais, se tinham capacidade intelectual e capacidade de exercer aquele
cargo", afirma.
Entre as principais dificuldades para frear esse tipo de crime está a
agilidade das redes sociais em remover um conteúdo racista ou
identificar usuários que operam robôs.
A nova lei também incluiu determinações aos partidos políticos sobre o tema, como a adequação de seus estatutos.
Há quatro anos, foram eleitas 290 mulheres, o equivalente a 16% dos 1.790 postos em disputa, naquele ano.
*
ENTENDA LEIS SOBRE VIOLÊNCIA POLÍTICA
O QUE É VIOLÊNCIA POLÍTICA DE GÊNERO?"
A lei brasileira considera a violência política contra a mulher "toda
ação, conduta ou omissão com a finalidade de impedir, obstaculizar ou
restringir os direitos políticos da mulher".
A QUEM SE APLICA?
Apesar de não estar explícito na lei, especialistas entendem que será
levado em conta o gênero, não o sexo biológico, a fim de incluir
mulheres trans, as mais ameaçadas e desqualificadas no debate público. A
jurisprudência, nesse caso, deve seguir exemplo da determinação do STJ
(Superior Tribunal de Justiça) em relação à aplicação da Lei Maria da
Penha.
QUAL A DIFERENÇA QUANTO AO CRIME DE VIOLÊNCIA POLÍTICA?
Mais abrangente, ele não se aplica apenas a violência de gênero. O Código Penal considera violência política "restringir, impedir ou dificultar, com emprego de violência física, sexual ou psicológica, o exercício de direitos políticos a qualquer pessoa em razão de seu sexo, raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional".
Justiça libera suspeito que movimentou R$ 16 bilhões com garimpo ilegal de ouro
Um dos juízes do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), Pablo Zuniga Dourado, determinou a soltura do garimpeiro Márcio Macedo Sobrinho, suspeito de movimentar cerca de R$ 16 bilhões com grupo que, supostamente, fazia comércio ilegal de ouro extraído de terras indígenas.
O juiz explica que a liberação do empresário está condicionada à apresentação e comprovação do seu local de residência. Além disso, Dourado exige que o garimpeiro firme um tempo de comparecimento a todos os atos da investigação. A decisão foi tomada na última sexta-feira (29).
Dourado também afirma que um dos motivos para a soltura do empresário é que as atividades da mineradora já foram suspensas pela Justiça, "circunstância que reforçaria a tese da impossibilidade de que, livre, possa voltar a atentar contra a ordem pública e desautoriza a manutenção da segregação cautelar".
Os investigadores do caso suspeitam que os empresários envolvidos no esquema usam o garimpo em Itaituba, no Pará, para aquecer o minério retirado em território indígenas, do povo yanomami, segundo informações da Folha de São Paulo.
Há indícios, segundo a Polícia Federal, de que a prática incluía produto extraído de outras reservas ambientais na região amazônica. Entre elas, terras indígenas no Pará, Roraima e Rondônia.
Moraes assume TSE com desafio de se aproximar de militares sem afrouxar decisões
por Cezar Feitoza e José Marques | Folhapress
Com a posse na presidência do TSE (Tribunal Superior Eleitoral)
em 16 de agosto, o ministro Alexandre de Moraes se vê entre expectativas
de melhorar a relação da corte com as Forças Armadas e, ao mesmo tempo,
demonstrar firmeza para evitar desinformação que tumultue o processo
eleitoral.
Ministros do TSE e generais do Alto Comando das Forças Armadas
acreditam que a boa relação entre Moraes e militares seja usada para a
reabertura do diálogo entre a corte e o Ministério da Defesa.
Um dos principais focos de Moraes será amenizar a crise entre o
tribunal e as Forças Armadas. O mal-estar tem se intensificado desde
maio, após o TSE rejeitar sugestões dos militares para alterar o
processo eleitoral deste ano.
Os vetos foram feitos enquanto o presidente Jair Bolsonaro (PL)
ampliava insinuações golpistas e ataques às urnas eletrônicas. Na
negativa, os técnicos do TSE disseram que os militares confundiram
conceitos e erraram cálculos ao apontar risco de inconformidade em
testes de integridade das urnas.
Apesar de ser um dos principais alvos de ataque de Bolsonaro, Moraes
tem um histórico mais próximo dos militares do que o atual presidente do
TSE, Edson Fachin.
Ele construiu sólido relacionamento com generais das Forças Armadas
nos períodos em que foi secretário de Segurança Pública de São Paulo, na
gestão do ex-governador Geraldo Alckmin, e ministro da Justiça, no
governo Michel Temer.
No STF (Supremo Tribunal Federal), Moraes foi procurado por ministros
da Defesa do governo Bolsonaro para aparar arestas, enquanto o Palácio
do Planalto evitava contatos diretos com o ministro.
Em junho de 2020, em meio à crise causada pelo inquérito das fake
news, o então ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, foi até a
casa de Moraes, em São Paulo, para costurar uma pacificação entre os
Poderes.
Eles se conheceram durante as Olimpíadas de 2016. À época, Moraes era
ministro da Justiça, e Azevedo, comandante Militar do Leste. Azevedo
quase ocupou a diretoria-geral do TSE a convite de Moraes, mas desistiu
sob a alegação de "questões pessoais de saúde e familiares".
O general Paulo Sérgio Nogueira, atual ministro da Defesa, também
procurou o magistrado do STF em outubro de 2021, após assumir o cargo de
comandante do Exército. O movimento buscava reconstruir pontes depois
dos ataques feitos por Bolsonaro nas manifestações do 7 de Setembro.
Há cerca de três anos, Moraes escolheu a academia do Comando Militar do Planalto, em Brasília, para fazer musculação.
A rotina é a mesma até hoje: o ministro chega no início da manhã no
Setor Militar Urbano e faz os exercícios ao lado de soldados da ativa
antes de seguir para o trabalho nos tribunais.
Em conversa com parlamentares no último dia 13, Moraes disse que
segue em contato com militares das altas cúpulas das três Forças Armadas
para medir a temperatura da crise.
Segundo relatos feitos à Folha, o ministro ainda afirmou que, com
base nas conversas que mantêm, não vê risco de os militares respaldarem
um eventual golpe à democracia.
Ele também prometeu, porém, firmeza no combate às informações falsas
--que incluem o descrédito ao sistema eleitoral, muitas vezes reforçado
pelas Forças Armadas.
Moraes já apontou que seria "rápido e rigoroso" em relação a notícias fraudulentas que tratam das eleições e de candidatos.
Em decisões que tomou quando assumiu interinamente a presidência do
TSE, entre 2 e 17 de julho, foi rígido em relação a casos de fake news e
também em pedidos de políticos suspeitos de fraudes ou de
irregularidades com dinheiro público.
É o caso do pedido do PT para que fossem retiradas notícias
fraudulentas que relacionavam o partido e o ex-presidente Lula ao PCC.
Em pouco mais de 12 horas, o ministro determinou a remoção do conteúdo
de sites e de perfis de bolsonaristas em redes sociais.
Moraes também determinou a remoção de conteúdo falso do Telegram e do
Kwai que relacionavam Ciro Gomes (PDT) a facções criminosas. As duas
decisões sobre o candidato foram tomadas em dois e quatro dias após as
ações serem protocoladas.
O magistrado, no entanto, foi mais flexível em relação a acusações de
propaganda irregular antecipada. Moraes derrubou, por exemplo, decisão
do TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) que determinava a
remoção de outdoors com mensagens favoráveis ao governador Rodrigo
Garcia (PSDB), pré-candidato à reeleição.
Os outdoors exibiam mensagens como "100% Paulista, Rodrigo governador" e "Gratidão ao governador Rodrigo Garcia".
"[Trata-se] de conteúdo que se restringe a agradecer o atual
governador, sem vinculação com as eleições, o que descaracteriza a
conotação eleitoral da mensagem, na linha da jurisprudência desta
corte", disse Moraes. "As mensagens parecem destituídas de viés
eleitoral, o que, por si só, descaracteriza o ilícito de propaganda
eleitoral irregular."
Na crise com o TSE no começo do ano, o ministro da Defesa, Paulo
Sérgio Nogueira, demorou um mês para responder ao órgão. Em ofício, ele
disse que os militares se sentiam desprestigiados pela corte na
discussão sobre transparência do sistema eleitoral.
"Até o momento, reitero, as Forças Armadas não se sentem devidamente
prestigiadas por atenderem ao honroso convite do TSE para integrar a CTE
[Comissão de Transparência das Eleições]", escreveu.
Aliados de Nogueira afirmaram à Folha que a manifestação do ministro
foi feita após a equipe do Comando de Defesa Cibernética, comandada pelo
general Heber Portella, se sentir ridicularizada pela resposta do TSE.
A expectativa de auxiliares do ministro da Defesa é que Moraes
aceite, no início da gestão, os pedidos para uma reunião entre técnicos
do TSE e das Forças Armadas.
O encontro é defendido por militares como a principal forma de
apresentar detalhadamente três sugestões tidas por eles como
fundamentais para aperfeiçoar o sistema eleitoral deste ano.
Atual presidente do TSE, Edson Fachin tem negado o pedido. Ele afirma
que o foro adequado para as discussões é a Comissão de Transparência
das Eleições. Nas reuniões do colegiado, no entanto, o representante das
Forças Armadas tem ficado em silêncio.
A aliados Fachin argumenta que não receberá os militares para não dar
tratamento diferenciado a eles. No Ministério da Defesa, a ação é vista
como uma forma de o presidente do TSE isolar as Forças Armadas, já que a
maioria da CTE é contrária às posições defendidas por Portella.
As três sugestões feitas pelas Forças Armadas são as seguintes:
Realizar o Teste de Integridade das urnas nas mesmas condições de
votação, incluindo o uso de biometria. Promover o TPS (Teste Público de
Segurança) no modelo de urna UE2020, que representa 39% do total de
urnas. Incentivar a realização de auditoria por outras entidades,
principalmente por partidos políticos, conforme prevê a legislação
eleitoral. O TSE já respondeu sobre as três sugestões apresentadas pelas
Forças Armadas na CTE. O Ministério da Defesa, no entanto, pede
especialmente uma mudança no teste de integridade das urnas eletrônicas,
para garantir que um possível "código malicioso" seja identificado.
Ao invés de realizar os testes nas sedes dos TREs (Tribunais
Regionais Eleitorais), as Forças Armadas pedem que as urnas sejam
avaliadas dentro das seções eleitorais, com o uso da biometria dos
eleitores.
Em documento obtido pela Folha, o TSE afirma que possíveis aperfeiçoamentos no teste são avaliados para as eleições de 2024.
"Tramita no TSE proposta de automação do teste de integridade, o que
pode vir a facilitar a mobilidade para que o teste seja executado nas
seções eleitorais, com eleitores reais, sendo necessário centrar
esforços na comunicação com o eleitor para que sejam mitigadas eventuais
incompreensões e receios sobre a preservação do sigilo do voto."
O Ministério da Defesa espera que as sugestões sejam analisadas por Moraes, que poderá encontrar um meio-termo, considerando as dificuldades técnicas de se alterar processos diante da proximidade da eleição.
Mudança do Carnaval seria um 'cavalo de pau' no ano de retomada da festa, acusa Sílvio
BAHIA NOTICIAS
por Bruno Leite
O presidente da Comissão de Cultura da Câmara de Salvador, Sílvio Humberto (PSB), destacou o impacto negativo da mudança do circuito Dodô para a Boca do Rio. Presente na convenção do Partido dos Trabalhadores, neste sábado (30), o candidato a deputado estadual disse que falta diálogo da gestão do município com a população.
"Os comerciantes, donos de hospedagens, as pessoas que movimentam o turismo, se articularam para barrar uma proposta estrúxula. Isso mostrou que a prefeitura não dialoga com o povo, porque se dialogasse com o pessoal da Barra e da Boca do Rio saberia que as pessoas não queriam essa mudança", destacou Sílvio, parabenizando o Movimento SOS Barra pela articulação (saiba mais aqui).
Na avaliação do vereador, a alteração repentina, balizada em interesses econômicos do setor de entretenimento da capital, é prejudicial para diversas categorias que têm relação com a realização da festa. "Você não pode, no Carnaval da retomada, dar um cavalo de pau na vida das pessoas", acrescentou.
Nesta última semana, o Conselho do Carnaval (Comcar) decidiu pela criação de uma comissão que vai elaborar o projeto de realocação da folia (confira aqui). Com isso, até o final do mês de agosto, um documento será apresentado pelo órgão consultivo ao poder público. Artistas como Margareth Menezes, Bell Marques e a Banda Eva afirmaram ser contrários ao novo trajeto (veja aqui).
A palavra final, no entanto, será do prefeito Bruno Reis (UB), que já afirmou considerar os aspectos sociais para que possa dar chancela positiva ou não para a proposta
Morre, aos 61 anos, o poeta pernambucano Miró da Muribeca
BAHIA NOTICIAS
Morreu neste domingo (31), aos 61 anos, o poeta e cronista João Flávio Cordeiro da Silva, conhecido pelo nome artístico de Miró da Muribeca. Autor de mais de 15 livros publicados, o escritor das ruas do Recife enfrentava um câncer com metástase desde 2020.
O falecimento, em um hotel na região central da capital pernambucana, foi informado pela assessoria do artista através de uma publicação nas redes sociais. "Comunicamos a todos os amigos, fãs e seguidores, que nosso poeta Miró da Muribeca encantou-se nesta manhã de domingo", diz a nota postada no Instagram, acompanhada de uma imagem preta.
"Em breve, daremos mais informações sobre a cerimônia de despedida. Pedimos desculpas se não conseguirmos responder às manifestações de pesar", completou um segundo trecho da mesma postagem.
Os músicos Jorge Du Peixe, Karina Buhr e o poeta Sérgio Vaz
foram alguns dos famosos que usaram o espaço dedicado aos comentários
para lamentar a partida do colega.
Além da produção de livros, seu repertório de criações inclui incontáveis poemas, alguns deles traduzidos para o espanhol e para o francês. Ele é um dos autores brasileiros cujas obras compõem o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo.
O velório de Miró acontece hoje, a partir das 16h, na Capela do Cemitério Santo Amaro, em Recife. O sepultamento está marcado para esta segunda (1).
'É erro estratégico', diz bolsonarista sobre aproximação do agro com Lula
BAHIA NOTICIAS
por Fábio Zanini | Folhapress
Aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), o senador Wellington
Fagundes (PL-MT) diz que a aliança feita por parte dos representantes do
agronegócio no estado com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) é um erro estratégico.
Nas últimas semanas, o deputado federal Neri Geller (PP) e o senador
Carlos Fávaro (PSD) anunciaram apoio a Lula e uma aliança eleitoral com o
PT.
"A gente tem que respeitar as opções de todos, mas a meu ver essas
duas lideranças cometeram um erro grande. Elas têm a cara do Bolsonaro e
da centro-direita, e foram por esse caminho", afirma Fagundes.
Lula vem intensificando os contatos com representantes do agronegócio, setor em que Bolsonaro ainda tem amplo domínio. Ele tem sido ajudado nas conversas pelo ex-ministro da Agricultura Blairo Maggi (PP).
A história de Fuller, o escravo analfabeto que fazia cálculos como se fosse um computador
Celso Serra
Faz sucesso nas redes sociais a história de Thomas Fuller (1710 – dezembro de 1790), também conhecido como “Negro Tom” e ” Calculados da Virginia “, que desmoraliza de forma absoluta todas as crenças dos nazistas e supremacistas raciais.
Apesar de ser analfabeto, Fuller foi um escravizado africano nos EUA que se tornou conhecido por suas habilidades matemáticas. Tornou-se um dos primeiros casos registrados na literatura médica sobre a Síndrome do Sábio, assim chamada pelo médico Benjamim Rush, o pai da psiquiatria americana, ao descrever a incrível habilidade de calcular de Fuller, que de matemática sabia pouco mais do que contar.
Sua habilidade foi usada como prova de que negros escravizados eram iguais aos brancos em inteligência, o que alimentou discussões pró-abolicionistas.
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O HOMEM-CALCULADORA
Já houve alguém que pudesse fazer todos os cálculos mentais como se fosse um computador, numa época em que nem existiam calculadoras? Sim, houve. Foi Thomas Fuller em 1770, considerado um “calculador humano”.
Thomas Fuller foi um africano vendido como escravo nos Estados Unidos em 1724, aos 14 anos. Ele era conhecido pelo nome de “calculadora da Virgínia” por sua extraordinária capacidade de resolver problemas matemáticos complexos apenas usando sua mente.
Aos 70 anos, fizeram um teste com participação de matemáticos, que foi considerado definitivo. Fuller foi perguntado quantos segundos havia em um ano, e ele respondeu rapidamente que havia 31.536.000 segundos em um ano.
Perguntaram novamente quantos segundos um homem de 70 anos, 17 dias e 12 horas viveu, e em um minuto e meio ele respondeu que o número era de 2.210.500.800 segundos ao todo.
Um dos matemáticos que tentavam resolver o problema com lápis e papel informou que ele estava errado, porque o número era menor. Fuller simplesmente respondeu que “oh, mas você esqueceu de incluir anos bissextos.” Quando os segundos extras dos anos bissextos são adicionados, o número final corresponde ao calculado por ele.
Sua habilidade foi usada como prova de que os afro-americanos escravizados eram iguais aos brancos em termos de inteligência, algo que deu força ao discurso pró-abolicionista.
Bahia registra 206 casos de Covid e mais 2 óbitos
Na Bahia, nas últimas 24 horas, foram registrados 206 casos de Covid-19 (taxa de crescimento de +0,01%) e 997 recuperados (+0,06%) e mais 2 óbitos. Dos 1.660.584 casos confirmados desde o início da pandemia, 1.624.881 já são considerados recuperados, 5.347 encontram-se ativos e 30.356 tiveram óbito confirmado. Os dados ainda podem sofrer alterações. O boletim epidemiológico deste domingo (31) contabiliza ainda 1.956.260 casos descartados e 357.835 em investigação. Estes dados representam notificações oficiais compiladas pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica em Saúde da Bahia (Divep-BA), em conjunto com as vigilâncias municipais e as bases de dados do Ministério da Saúde até às 17 horas deste domingo. Na Bahia, 67.688 profissionais da saúde foram confirmados para Covid-19. Até o momento a Bahia contabiliza 11.643.155 pessoas vacinadas com a primeira dose, 10.800.542 com a segunda dose ou dose única, 6.775.784 com a dose de reforço e 1.421.128 com o segundo reforço. Do público de 5 a 11 anos, 1.006.919 crianças já foram imunizadas com a primeira dose e 613.858 já tomaram também a segunda dose. Do grupo de 3 e 4 anos, 8.294 tomaram a primeira dose.
Em clima de eleições, Congresso volta do recesso nesta segunda-feira
Primeira e última semanas de agosto serão de esforço concentrado
3 horas e 41 minutos
Esvaziado pelo período eleitoral e com matérias prestes a perder a validade, o Congresso Nacional volta oficialmente nesta segunda-feira (1º), após o recesso parlamentar. Deputados e senadores têm até o dia 7 de agosto para aprovar três medidas provisórias (MPs), caso contrário, elas perderão a validade.
Na lista estão as MPs que regulamentam o teletrabalho (MP 1108/2022), admitem novas regras trabalhistas durante calamidade pública (MP 1109/2022) e ampliam linhas de financiamento do Programa de Simplificação do Microcrédito Digital (MP 1110/2022).
Na Câmara dos Deputados, o líder do governo, deputado Ricardo Barros (Republicanos-PR), adiantou que até sexta-feira (5) haverá um "esforço concentrado", acordado com o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). No período, a ideia é votar também propostas com prazo de vencimento até outubro.
Um segundo esforço concentrado está previsto para a última semana de agosto até 1º de setembro. No período, além de outras MPs o presidente da Câmara deverá pautar matérias de consenso entre os deputados.
Além das MPs prestes a caducar, há outras na fila. Até o fechamento desta reportagem, eram 22 MPs na lista. Todas devem ser analisadas pela Câmara dos Deputados e, se aprovadas, pelo Senado.
Entre as medidas provisórias pendentes está a que trata da abertura de crédito extraordinário de R$ 27,09 bilhões no Orçamento deste ano para pagar benefícios ampliados na proposta de emenda à constituição (PEC) que prevê a criação de um estado de emergência para ampliar o pagamento de benefícios sociais.
Como exemplo, o aumento do valor do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600, o reajuste do vale-gás e o voucher de R$ 1 mil para caminhoneiros. Esses benefícios terão validade até 31 de dezembro deste ano.
Com força de lei, assim que editadas pelo presidente da República e publicadas no Diário Oficial da União, as MPs precisam ser aprovadas pelos parlamentares para se tornarem definitivas. A vigência inicial de uma MP é de 60 dias. O prazo é prorrogado automaticamente por igual período, caso o texto não tenha a votação concluída no Congresso.
Vetos
Na volta do recesso, deputados e senadores também terão de analisar, em sessão conjunta, o veto do presidente Bolsonaro à norma que revogou a Lei de Segurança Nacional e definiu crimes contra o Estado Democrático de Direito (VET 46/2021).
Os trechos mais polêmicos tratam da divulgação de fake news e da repressão de movimentos pacíficos. A votação, prevista para julho, foi adiada por acordo entre as lideranças partidárias.
Reforma Tributária
Eleita como prioridade do Senado pelo presidente Rodrigo Pacheco (PSD - MG) e pelo presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), senador Davi Alcolumbre (União-AP), a reforma tributária (PEC110/19) não avançou, no primeiro semestre, por falta de consenso e deve ficar para 2023.
“Temos o compromisso de avançar nas propostas que já estão em discussão, como é o caso especial da PEC 110. Esse pleito é do setor produtivo, dos contribuintes, dos entes subnacionais. Sabemos da complexidade do tema, mas entendemos que o crescimento de nosso país depende disso, sendo uma prioridade do Congresso Nacional para 2022”, disse Pacheco na abertura do ano legislativo, ainda em fevereiro.
Em debate há duas décadas, há também uma proposta sobre o tema em tramitação na Câmara, a PEC 45/2019. Em comum, as propostas de deputados e senadores têm a extinção de diversos tributos que incidem sobre bens e serviços.
Eles seriam substituídos por um só imposto, sobre o valor agregado (IVA). A unificação de impostos tem algumas vantagens: simplicidade na cobrança; diminuição da incidência sobre o consumo; e uniformidade em todo o país.
Fonte: Agência Brasil
Governo reduz IPI de produtos fabricados no Brasil
Decreto exclui produtos da Zona Franca de Manaus
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Decreto publicado pelo governo federal na última sexta-feira (29) ( Decreto nº 11.158 ) estabelece os itens fabricados no Brasil para os quais será válida a redução de 35% no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). O decreto também exclui da lista os principais produtos que são fabricados na Zona Franca de Manaus.
Segundo o governo, o decreto cumpre decisão judicial (ADI 7153) que determinou a preservação da competitividade dos produtos produzidos na Zona Franca.
De acordo com o Ministério da Economia, o decreto dá segurança jurídica para a redução do IPI.
"Ao detalhar os produtos que terão suas alíquotas alteradas, a nova edição esclarece a correta aplicação do IPI sobre o faturamento dos produtos industrializados, garantindo segurança jurídica e o avanço das medidas de desoneração tributária. O texto também apresenta tratamento específico para preservar praticamente toda a produção efetiva da ZFM, levando em consideração os Processos Produtivos Básicos.
A medida também traz redução adicional do IPI, de 18% para 24,75%, para automóveis. “A elevação desse percentual equipara a redução do imposto para o setor automotivo à concedida aos demais produtos industrializados”, diz o Ministério da Economia.
O ministério explicou ainda que, com o decreto, serão beneficiados produtos nacionais e importados, além de provocar reflexo positivo no Produto Interno Bruto (PIB), com a redução do custo Brasil e maior segurança jurídica. “Espera-se ampliar a competitividade da indústria, com menos impostos e aumento da produção”.
O IPI é um imposto federal que incide sobre cerca de 4 mil itens nacionais e importados que passaram por algum processo de industrialização (beneficiamento, transformação, montagem, acondicionamento ou restauração). Com caráter extrafiscal (tributo regulatório), o IPI pode ser usado para fomentar um setor econômico por meio de isenção ou redução das alíquotas para que mais produtos produzidos pelo setor sejam vendidos.
Fonte: Agência Brasil
Putin diz que marinha russa receberá novos mísseis hipersônicos em breve
Área de sua implantação dos mísseis dependerá dos interesses russos
Foto: Sputnik/Alexei Druzhinin/Kremlin via Reuters
O presidente Vladimir Putin disse neste domingo (31) que a marinha russa receberá mísseis de cruzeiro hipersônicos Zircon nos próximos meses e que a área de sua implantação dependerá dos interesses russos.
Falando no Dia da Marinha da Rússia na antiga capital imperial de São Petersburgo, Putin elogiou o czar Pedro, o Grande, por tornar a Rússia uma grande potência marítima. Putin não mencionou a Ucrânia diretamente.
Mas o chefe do Kremlin disse que assinou uma nova doutrina da Marinha, cujos detalhes não foram publicados, e elogiou os mísseis de cruzeiro hipersônicos Zircon como únicos no mundo.
“A entrega desses (mísseis) às forças armadas russas começará nos próximos meses”, disse Putin. “A fragata Almirante Gorshkov será a primeira a entrar em serviço de combate com essas armas formidáveis a bordo.”
“O principal aqui é a capacidade da marinha russa… Ela é capaz de responder com a velocidade da luz a todos os que decidem infringir nossa soberania e liberdade.”
As armas hipersônicas podem viajar a nove vezes a velocidade do som, e a Rússia realizou testes anteriores do Zircon de navios de guerra e submarinos no ano passado.
Fonte: CNN Brasil
Ciro Gomes afirma que já teria sido eleito presidente antes se aceitasse vender o Brasil
Victor Correia
Correio Braziliense
O ex-governador do Ceará e candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT) disse neste sábado (30/7) que já teria sido presidente “há uns oito, 12 anos atrás” se quisesse “vender o Brasil”. Ele também criticou seus adversários, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), e os mandou “brigar lá fora”.
“Me perguntam porque as pesquisas são tão hostis e porque eu tenho dificuldade de firmar alianças. Gente boa, se eu quisesse vender o Brasil e vender minha palavra, acreditem: eu já teria sido presidente há uns oito, 12 anos atrás”, escreveu o candidato em seu Twitter.
MUDAR A HISTÓRIA – “O problema é que eu não quero só ser presidente do Brasil, eu quero mudar a história brasileira. E pra isso, eu não posso e não vou vender minha alma para o sistema”.
Ciro também afirmou que Lula e Bolsonaro são irresponsáveis ao se candidatar à presidência sem formular estratégias, prazos e sem “dizer de onde vem o dinheiro”. O candidato também criticou a polarização entre os dois, que lideram as pesquisas de intenção de voto.
“Ora, vão brigar lá fora e deixe a gente cuidar da vida do povo, que precisa comer, trabalhar e ter dignidade!”, exclamou.
MUDAR O SISTEMA – Ciro defendeu que é preciso mudar o sistema econômico atual, afirmou que a taxa de juros atual é “a mais selvagem e criminosa” de todo o mundo e criticou a Medida Provisória (MP) 1.106/2022, que permite que beneficiários dos programas de transferência de renda, como o Auxílio Brasil, contratem crédito consignado pagando até 40% do benefício por mês. A medida foi aprovada em 7 de julho pelo Senado Federal.
O ex-governador participou na manhã deste sábado (30/7) da convenção estadual do PDT em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, que oficializou a candidatura de Ricardo Gomyde (PDT) ao governo estadual. Ainda neste sábado ele seguiu para Minas Gerais, onde homologará o apoio do PDT à candidatura de Marcus Pestana (PSDB) ao governo mineiro.
Em Lisboa, encontramos um restaurante especial, dedicado ao Deus hindu, Ram
Antonio Carlos Rocha
No bairro Saldanha, próximo à estação do Metrô, eu e minha esposa descobrimos o Restaurante Shree Ram. Telefonei antes e informaram que era comida indiana e vegetariana. Lá fomos. Na entrada, uma pequena mesa com a imagem do Deus Ganesha e depois ao Mestre Avatar Senhor Ram, ou Rama.
Me disseram que eram do Punjab, um Estado indiano com fortes tradições védicas. A colônia indiana tem crescido em Portugal. Nas ruas vemos as mulheres com seus longos saris multicoloridos e o ponto vermelho pintado entre as sobrancelhas, simbolizando a Terceira Visão, o olho do Deus Shiva, o segundo na trindade hindu.
ALGO LEVE… – Do cardápio não entendemos nada e sorrindo o garçom veio explicar que deveríamos pedir algo leve, light, sem muita pimenta. Mas o prato que escolhi era carregado de pimenta, por mais suave que ele tenha me garantido; no local, mesmo tendo ar condicionado, eu suava e chorava pelo efeito dos condimentos e temperos. Lágrimas escorriam de satisfação gastronômica e o garçom sorria.
A maioria dos fregueses pareciam hindus. Falavam na língua local de seu Estado. Pesquisando descobri que a Índia tem mais de 400 idiomas e dialetos. O interessante é que tais culturas tem músicas próprias, literaturas oral ou escrita e tudo o mais de uma civilização que tem mais 5 mil anos. O hindi e o inglês são as línguas oficiais do país.
“Ram” é um mantra, prece, oração, uma sílaba sagrada, significa “alegrar-se, descansar”. Rama é um conhecido Avatar, reencarnação do Deus Vixnu, o terceiro na Trindade hindu. Sua vida e seus feitos estão registrados no poema épico “Ramayana”, um clássico da Literatura mundial.
IGUAL À ODISSEIA – Estudiosos afirmam que “o Ramayana, em importância, compara-se à Odisseia, de Homero. O Ramayana contém 24 mil estrofes, no original sânscrito, contando as peregrinações do Deus Rama e sua esposa Sita.
Rama e Sita tiveram dois filhos, Lava e Kusa; o primeiro reinou em Sarasvati, no tempo de Buda, séculos 5 ou 6 antes de Cristo. Seus descendentes são considerados fundadores de grandes cidades e reinos que floresceram na Índia, antes da chegada dos ingleses.
Saímos alimentados, felizes com direito a reverências aos Deuses Ram e Ganesha, este último, muito popular no Brasil. Vamos pedir aos amigos espirituais Rama e Ganesha que iluminem os eleitores brasileiros em outubro vindouro.
O senhor das moscas
A maioria radicalizada da juventude basca vive em um cercado onde as próprias instituições democráticas da autonomia e do Estado são o inimigo. Fernando Savater para The Objective:
Como entender os humanos: 90% chimpanzé, 10% abelha.
A existência permanece cheia de perguntas, especialmente sobre nossa origem e nossas habilidades. Pablo Rodríguez Palenzuela para The Objective:
Ucrânia e Rússia: da Revolução de Outubro à Revolução de Maidan.
O mundo tem observado com horror a brutalidade de Vladimir Putin, cujo verdadeiro objetivo não é restaurar as fronteiras da União Soviética, mas as da Rússia czarista. A invasão da Ucrânia parece repetir uma velha história. Mira Milosevich para Letras Libres: