quarta-feira, 31 de agosto de 2022
Instruções para quando não se escreve
Graham Greene, por exemplo, dividia o dia em três partes iguais: oito horas escrevendo, oito bebendo e oito dormindo. Em texto publicado por Letras Libres, Bárbara Mingo Costales acrescenta algumas sugestões:
Calígula: louco homicida ou enfermo incompreendido?
O imperador pôs fim aos julgamentos por traição instituídos por Tiberio, aboliu os impostos injustos, ofereceu anistias e tentou reformar a sociedade romana. Será mesmo que enlouqueceu mais tarde? Ada Nuño para El Confidencial:
Por supuesto, no tardó mucho en eliminar a Gemelo del mapa y pasó a gobernar en solitario el imperio más grande que ha existido, sin ninguna clase de experiencia previa porque había vivido su infancia encerrado en una burbuja. Tenía tan solo 24 años.
Cientistas produzem embriões "sintéticos" e miram cultivo de órgãos humanos em laboratório
Os cientistas acreditam que uma vantagem da técnica seria a clonagem de órgãos do paciente que irá recebê-los, eliminando a rejeição pelo sistema imunológico. Eli Vieira para a Gazeta do Povo:
Liberais no ataque
No primeiro debate dos presidenciáveis na Bandeirantes, prevaleceu defesa da visão econômica liberal, liderada pelos candidatos “nanicos”. Fernando Dantdas para o Estadão:
O que dizem, o que fazem.
Coluna de Carlos Brickmann, a ser publicada na quarta-feira, 31 de agosto:
Imagens deslumbrantes
O telescópio Webb é uma deslumbrante alocação imprópria de recursos públicos. Deirdre McCloskey via FSP:
Um homem como nenhum outro: Gorbachev desmontou um império.
Comunista convicto que queria melhorar o sistema, o líder soviético protagonizou o milagre do desmanche do comunismo com violência mínima. Vilma Gryzinski:
Para quem prefere a liberdade e a democracia, com todos seus tantos defeitos, foi o maior milagre de um século em que os russos talvez tenham sofrido mais do que todos os outros povos, incluindo os que oprimiram
BLOG ORLANDO TAMBOSI
A esquerda arrogante
A esquerda arrogante
A liberdade, para a esquerda, é impor seu modelo para realizar a utopia coletivista: "não terás nada, mas serás feliz". Jorge Vilches para The Objective:
Disforia educativa
Há importantes interesses econômicos em jogo por trás das mudanças de sexo: cada pessoa que inicia os tratamentos (e quanto antes, melhor) se converte em cliente obrigatório das farmacêuticas por toda a vida. Fernando Savatar para The Obcjective:
Como dicen nuestras autoras, «esta campaña virtuosa en nombre del bien del niño es en realidad una negación de su derecho a ser protegido».»El transgenerismo – dicen Eliacheff y Masson en su libro ya citado- no es más que el síntoma de una coyuntura política marcada por derivas identitarias y caracterizada por una crisis profunda de la racionalidad». Educar es formar seres humanos capaces de potenciar su humanidad y reforzarla del modo más veraz, solidario y creativo. Pero «si no hay cuerpos, sexo, ni mujeres, ni niños… ¿qué queda de lo humano? Ser humano es someterse a las prohibiciones fundamentales y aceptar la renuncia a la omnipotencia interiorizando los límites». Nuestras sociedades padecen una auténtica disforia educativa, es decir, un rechazo ideológicamente inducido a cumplir la misión que ha correspondido a la paideia desde nuestros orígenes griegos y cristianos. Pero sin paideia humanista tampoco tendremos mucho tiempo democracia humanizadora
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Xiita contra xiita: disputa pelo poder no Iraque envolve irmãos de fé.
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Nada é simples no país que os Estados Unidos desmontaram em 2003 e ninguém nunca mais conseguiu montar de novo. Vilma Gryzinski:
Uma STASI para chamar de nossa
Guilherme Baumhardt
O início dos anos 2000 trouxe uma interessante produção cinematográfica alemã. Recomendo o fantástico “Adeus, Lênin” (2003), em que uma senhora entra em coma antes da queda do Muro de Berlim e desperta em um país já unificado – sob rigorosa recomendação médica de não ser submetida a emoções fortes. Já o filme “O Grupo Baader Meinhof” (2008) retrata o surgimento e as atrocidades dos terroristas de extrema-esquerda, responsáveis por atentados na então Alemanha Ocidental. Mas a obra que mais se assemelha ao que vivemos hoje no Brasil certamente é “A Vida dos Outros” (2007).
Aos que não assistiram, um breve resumo. Um dos grandes dramaturgos da Alemanha Oriental (Georg Dreyman) é considerado por muitos o modelo de cidadão alemão a ser seguido. É o sujeito perfeito, que não questiona o regime e sobre o qual não pairam suspeitas. Ao menos até o dia em que um burocrata do governo resolve vigiá-lo 24 horas por dia, utilizando o aparato da STASI, a polícia secreta da Alemanha soviética.
Escutas são instaladas no apartamento em que Dreyman vive. Cada passo dele e sua companheira passam a ser monitorados. Toda palavra ou ação é alvo da atenção dos espiões. Ao perceberem que viraram foco dos agentes, as conversas na casa passam a ser feitas ao pé do ouvido, com música alta ao fundo, para que os microfones instalados de maneira clandestina não captem o que é dito. Alguma semelhança com a operação da Polícia Federal contra oito empresários brasileiros ocorrida nesta semana? Sim, o Brasil de Alexandre de Moraes e do STF virou isso.
A vida imita a arte. A ação autorizada pelo autossuficiente Moraes (que instaura inquéritos, investiga, julga e condena) é a reprise desse estado policialesco. Celulares foram apreendidos, contas em redes sociais foram bloqueadas, o sigilo bancário de investigados foi quebrado. Para quê? Inúmeros motivos foram elencados, nenhum deles minimamente plausível até aqui. O que parece bastante claro, porém, é o caráter intimidatório da ação.
Estamos tratando de mensagens trocadas em um espaço privado. E, do que veio a público até agora, nada (repito, nada) representa um atentado contra a democracia. “Ah, mas alguns ali falaram em golpe, Guilherme!”. Sim, e desde quando alguém deve ser punido por uma ideia, por mais estapafúrdia que ela seja?
Não custa lembrar: o ainda todo-poderoso petista José Dirceu já disse com todas as letras que “eleição não se ganha, se toma”. Inúmeros integrantes da esquerda e extrema-esquerda não escondem o fascínio e a admiração por regimes ditatoriais, alguns com boas doses de saudosismo da extinta União Soviética. No Brasil, idolatra-se um ditador chamado Getúlio Vargas (que governou o país durante muito mais tempo sem ter sido eleito, do que pela via democrática). E? Todos são livres para defenderem, inclusive, absurdos. É a beleza da liberdade.
Desde a eleição de Jair Bolsonaro alguns alertam para “tempos sombrios” e para o “obscurantismo”. Alertas de araque, feitos por pensadores de fundo de quintal. A afronta às liberdades vem do outro lado da Praça dos Três Poderes, em Brasília. Foi o Supremo Tribunal Federal quem mandou prender jornalistas. Foram os “supremos” que ordenaram a prisão de um deputado federal que goza de imunidade parlamentar. Se há uma ameaça às liberdades nesse país, ela começa na casa dos togados.
Foi o ministro Alexandre de Moraes que acionou a Polícia Civil de São Paulo para enquadrar um grupo que conversava no Jockey Club da capital paulista, fazendo críticas ao STF. Detalhe: Moraes não estava ali, foi “avisado” por terceiros. E, assim, voltamos ao filme “A Vida dos Outros”. Temos, portanto, uma Stasi para chamar de nossa.
Enquanto isso, parte de uma imprensa calhorda comemora. Mal sabem eles que amanhã ou depois podem ser os próximos alvos da fúria suprema. Para a burrice, infelizmente, ainda não há remédio.
* O autor é jornalista e o artigo foi publicado originalmente no Correio do Povo de 28 de agosto de 2022
Quem perdeu o debate?
Fernão Lara Mesquita
Se o debate de domingo na Band serviu para alguma coisa além de embalar o seu sono foi para provar que Lula não resiste a um grama de contraditório. Ele só está nesta eleição porque ainda não tinha tido nem isso da imprensa nacional. E só acabou sendo chamado na cara exatamente daquilo que é domingo porque nem Alexandre de Moraes pode, por enquanto, prender e arrebentar por "fake news", "discurso de ódio" ou "ato antidemocrático" todos os outros candidatos a presidente fora Bolsonaro como acabará fatalmente fazendo se não for detido.
Resposta?
Nenhuma, pois não ha resposta possível para o que Lula é senão a que lhe deram os 9 unânimes juízes das três instâncias profissionais do sistema judiciário brasileiro que o monocrata Edson Fachin, guindado ao STF pela militância aguerrida que tinha no MST, revogou com uma única canetada expressamente inconstitucional.
Quem ainda hesita em aplicar a essa imprensa os qualificativos que ela pede pode basear-se ainda nas primeiras páginas e nas páginas editoriais de terça-feira, passados dois dias, em que se lê que cobrar Lula pelo "maior assalto de todos os tempos", na definição do Banco Mundial, é "ataque pessoal", não havendo qualquer diferença digna de nota entre os 13 anos de saque à nação que o levaram à cadeia e a tentativa rejeitada de suborno que, segundo um obscuro cabo de uma guarda municipal, "teria havido" na compra que não aconteceu da vacina Covaxin.
Nada de novo, portanto, já que essa imprensa é aquela que jura de pés juntos que o que realmente ameaça a democracia brasileira é "o potencial de financiamento de atividades digitais ilícitas e incitação a atos antidemocráticos" do velhinho da Havan e outros "empresários bolsonaristas golpistas" noticiados por um site de internet mais obscuro ainda e não as prisões e as des-prisões ilegais, as violências inconstitucionais, a censura prévia, os bloqueios de contas de familiares de suspeitos, as prisões sem julgamento e a espionagem chinesa do WhatsApp de gente menos abastada mas igualmente protegida pela Constituição concretamente perpetradas por Alexandre de Moraes. É aquela imprensa, enfim que, olhando nos seus olhos com cara de séria, jura que a urna do monocrata Barroso "é inviolável" e que tudo que Lula deve ao Brasil são "desculpas" e "explicações" sobre o que fará para "deixar de ser" o que sempre foi...
Quanto ao mais, quanto aos demais candidatEs, homens e mulheres no corpo com que nasceram ou no que acham que têm lá dentro das suas cabeças feitas, o debate foi o que faz deles a bizantina legislação eleitoral que transforma a "democracia brasileira" na piada triste que é: um espetáculo de mau teatro "levado" por candidatos de si mesmos, por si mesmos e para si mesmos, produtos de "partidos políticos" estatais, propriedade intransferível de "líderes" sem liderados, com que o eleitorado brasileiro nada tem a ver nem antes, nem durante, nem depois de tiradas das cartolas as suas "candidaturas", ora fazendo-se de bravinhos e indignados, ora querendo ser engraçados.
Nenhum deles vê defeitos no sistema de (não) relacionamento entre o País Oficial e o País Real de que todos os problemas brasileiros decorrem e sem a solução do qual nenhum, por definição, poderá ser resolvido dentro de um contexto democrático.
Decorre dessa falsificação do fundamento que define a democracia que todos juram querer macaquear que tudo se resuma a mais um debate de "eus" inteiramente apoiado no "quesejismo": "Eu quero um país que seja assim e assado e partidos e políticos que sejam isto ou aquilo" sem qualquer palavra que indique que suas excelências suspeitem que são diferentes tecnologias institucionais que determinam que tudo processado por elas "seja" inevitavelmente como é, e contemplem ainda que remotamente a ideia de montar um sistema que permita que o povo brasileiro, que sabe melhor que ninguém do que exatamente é que precisa, possa governar por si e para si como é da definição da verdadeira.
Pajelança pura, mas com a desvantagem de que os nossos modernos morubixabEs não acreditam nem por um segundo, como os dos bons tempos da Idade da Pedra, nos "passes" que estão dando.
* Publicado originalmente em O Vespeiro, site do autor, que é jornalista.