POLITICA LIVRE
Foto: André Coelho / EFE
Paulo Guedes
Numa contraofensiva à intenção das lideranças do Congresso de
assumir o protagonismo da agenda econômica, o ministro da Economia,
Paulo Guedes, reuniu sua equipe para fechar um plano de ação para
deslanchar medidas de incentivo à economia logo após a votação da
reforma da Previdência no primeiro turno no plenário da Câmara. A
votação está prevista para antes do recesso do Congresso, marcado para
18 de julho. A reunião, ocorrida na segunda-feira, foi considerada por
auxiliares do ministro ouvidos pelo Estado como a melhor e a mais
detalhada desde que ele assumiu o comando do superministério. No
encontro, Guedes procurou dar uma injeção de ânimo após “mordaça”
imposta pelo monopólio da discussão da reforma da Previdência nos seis
primeiros meses do governo. Ele cobrou “projetos, projetos” do atacado
ao varejo da sua equipe. Alguns deles, segundo os técnicos, já estão
prontos para serem divulgados, mas permanecem à espera da Previdência.
Com a economia com risco de uma recessão técnica no segundo trimestre, o
governo aposta na iminência da queda dos juros básicos pelo Banco
Central (BC) e nas medidas de facilitação do crédito para animar a
economia. O governo quer preparar o terreno para os juros mais baixos
cheguem “na ponta”. Ou seja, no custo dos empréstimos aos consumidores. O
presidente do BC, Roberto Campos Neto, é considerado parceiro nessa
“filosofia” de abertura do mercado financeiro à competição. O BC tem uma
agenda de inovação já encaminhada vista como essencial na pavimentação
do caminho do crédito – elemento-chave para a retomada. A liberação do
compulsório, anunciada na quarta-feira, é uma primeira sinalização. A
preocupação no Ministério da Economia agora é cobrir o vácuo que ficará
aberto na fase pós-Previdência. O avanço do protagonismo dos
congressistas não é explicitado publicamente como um problema, mas tem
incomodado a equipe econômica. Na quinta-feira, 27, o presidente da
Câmara, Rodrigo Maia, avisou que vai tentar pautar o projeto de
securitização de dívidas (uma espécie de venda desses débitos com
antecipação das receitas) para atender pedido dos governadores, uma
proposta que tem resistência da área econômica. No momento, porém, há o
cuidado da equipe para não inflamar mais os ânimos dos líderes
partidários em meio às negociações finais para a Previdência. A
estratégia é levar ao Congresso os próprios projetos e estimular o
debate na sociedade. A principal medida continua sendo o projeto de
reforma tributária que o governo vai enviar ao Parlamento e que será
discutido junto com a proposta já apresentada pelo líder do MDB, Baleia
Rossi (SP). A equipe de Guedes acredita que os setores da sociedade vão
participar mais do debate da reforma tributária do que da Previdência,
com maior pressão junto ao Congresso.
Estadão
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