MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 1 de junho de 2019

‘Bancada de Aécio’ consegue posto de destaque no PSDB após embate com Doria

POLITICA LIVRE
Foto: Rafael Arbex/Estadão
O deputado federal Aécio Neves (PSDB)
A negociação de cargos para a nova direção nacional do PSDB, que assumiu nesta sexta-feira (31), atravessou a madrugada. Isso porque a bancada mineira dos tucanos, a qual inclui Aécio Neves (MG), queria uma posição de destaque. Chegou-se a cogitar a tesouraria, posto que o governador de São Paulo, João Doria, fazia questão de entregar a um de seus aliados. No fim das contas, Minas obteve a primeira vice-presidência, segundo cargo mais importante do organograma da legenda, o que acomodou as correntes do partido e evitou uma predominância de Doria e seu grupo paulista na comissão executiva nacional do PSDB. Os mineiros terminaram satisfeitos. O comando da máquina do partido, principalmente da tesouraria, cargo que lida com financiamento, é importante para que Doria consolide seu projeto de concorrer à Presidência da República em 2022. Por outro lado, os mineiros exigiam uma posição à altura da bancada, composta por aliados de Aécio, outrora nome forte do PSDB. Mesmo combalido pela delação da JBS e por acusações de corrupção, Aécio, ex-governador e ex-senador que hoje é deputado federal, demonstrou força política ao ser ovacionado na convenção tucana de Minas Gerais. No evento nacional desta sexta, ele não apareceu. Ali a cena era dominada por Doria, que já chegou a pedir que aqueles enrolados na Justiça “tenham dignidade e respeito” para fazerem sua defesa fora do partido. Já eram 4h da manhã, seis horas antes do evento da convenção nacional que aclamou o ex-deputado federal Bruno Araújo (PE) presidente dos tucanos, quando a pendência entre Minas e São Paulo foi resolvida. O nome indicado pela bancada mineira para a executiva era o do deputado federal Domingos Sávio, que terminou com a primeira vice. Prevaleceu a vontade de Doria, que já havia sido combinada com Araújo, de colocar Cesar Gontijo, ex-secretário-geral do PSDB paulista, na tesouraria. Durante o impasse, ao mesmo tempo em que Doria não aceitava abrir mão de sua escolha, a bancada mineira também firmou posição, num movimento capitaneado pelo presidente da sigla no estado, o deputado federal Paulo Abi-Ackel, mas acompanhado por Aécio. Os mineiros argumentavam que seria preciso balancear as forças políticas. No desenho de Doria, São Paulo seria protagonista com a indicação da tesouraria e da primeira vice-presidência, que ficaria com a senadora Mara Gabrilli (SP), para além do próprio Araújo, que se elegeu sem concorrência numa articulação costurada pelo governador paulista. Na executiva anterior, cujo presidente era Geraldo Alckmin (PSDB), Minas ocupava a secretaria-geral, cargo também importante, com o ex-deputado federal Marcus Pestana (PSDB-MG). Segundo Domingos Sávio, não houve traumas na substituição de Mara Gabrilli. Outros deputados mineiros ouvidos pela reportagem também disseram que a negociação ocorreu sem tensões -já os paulistas relataram um embate mais forte. “Isso durou até tarde porque houve o cuidado de conversar com um e com outro. Acho que Bruno [Araújo] conseguiu compor, equilibrando forças e contemplando todas as unidades da federação na executiva. Era preciso que o partido saísse unido e acho que houve esse ambiente de união na convenção”, disse Sávio à reportagem. O deputado disse ainda que o pleito dos mineiros era que todos os estados tivessem espaço e que Minas tivesse um cargo de destaque que representasse sua dimensão. A bancada mineira é a segunda maior entre os tucanos, perde apenas para São Paulo. Mas, segundo Sávio, não havia diferença entre a tesouraria e a primeira vice. “Eu mesmo deixei claro que não me importaria com uma mudança, não faz diferença para mim pessoalmente”, ressaltou. O embate entre Aécio e Doria por cargos na executiva não foi o primeiro entre os caciques tucanos, mas foi o mais explícito. Antes disso, havia uma discussão em torno do primeiro código de ética do partido, aprovado também na convenção desta sexta. Enquanto o grupo de Doria pregava rigor contra os enrolados em corrupção, a comissão que escreveu as normas de conduta e punições, nomeada por Alckmin, evitou uma caça às bruxas. Por isso mesmo o governador paulista passou a pregar que os réus saiam por conta própria, discurso que atinge Aécio e outros ex-governadores como Beto Richa (PR) e Marconi Perillo (GO). O caso de Aécio pode vir a ser analisado pelo conselho de ética do partido, mas a punição definida no texto para réus é advertência verbal ou escrita e suspensão do exercício de cargo partidário por um ano. A expulsão só cabe após condenação em trânsito em julgado, o que deu sobrevida ao mineiro entre os tucanos.
Folhapress

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