MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 27 de janeiro de 2013

Acordo entre GM e sindicato possibilita corte de 650 funcionários


Setor da fábrica de S. José que iria fechar será mantido até dezembro.
Cerca de 1.500 trabalhadores estavam ameaçados de demissão.

Carlos Santos e Carolina Teodora Do G1 Vale do Paraíba e Região

Acordo entre GM e sindicato possibilita corte de 650 funcionários (Foto: Carlos Santos/G1)Presidente do sindicato, Macapá, cumprimeta diretor da GM, Luiz Moan, após acordo firmado neste sábado (26). (Foto: Carlos Santos/G1)
Após meses de negociação, a General Motors e o Sindicato dos Metalúrgicos anunciaram neste sábado (26) um acordo sobre a situação da fábrica de São José dos Campos, no interior de São Paulo, onde os 1,5 mil funcionários do setor de automóveis, que iria fechar neste mês, corriam risco de demissão.
Uma das decisões tomadas neste sábado é de retomar a produção do sedã Classic até dezembro, o que garante trabalho para parte dos funcionários na linha de automóveis por esse período e a manutenção do setor. Mesmo com o acordo, o emprego de outras cerca de 650 pessoas continua ameaçado.
Os trabalhadores que ainda correm o risco de serem demitidos são do grupo de 800 que está em layoff  -- suspensão temporária dos contratos de trabalho -- desde setembro do ano passado. O prazo de layoff terminou neste sábado (26) mas, pelo acordo, será estendido por mais dois meses.
Chevrolet Classic 2011 (Foto: Divulgação)Produção do Classic em São José será
retomada até dezembro (Foto: Divulgação)
Depois desse período, para cada um que for demitido, a GM terá de pagar, como multa, o valor de três salários. "No acordo, nós proporcionamos um tempo adicional para que essas pessoas [em layoff] busquem novas oportunidades ou até mesmo uma possível chance dentro da fábrica. Passando esses dois meses e com insucesso, não temos alternativas, mas vamos ser otimistas", afirmou Luiz Moan, diretor de relações institucionais da montadora.
Nem a GM nem o sindicato determinaram o número exato de demissões e quando elas devem ocorrer. Os ameaçados são estimados em 650 porque há em torno de 150 funcionários com contratos suspensos que, segundo o sindicato, têm estabilidade em virtude de "restrição de atividade" e deverão voltar a trabalhar após os dois meses de layoff, "mesmo que em outra função", completou Moan.
As decisões ainda precisam ser aprovadas pelos funcionários da montadora, em assembleia na próxima segunda-feira (28).
Como é a fabrica
O complexo de São José dos Campos possui, ao todo, cerca de 7 mil funcionários. O setor que estava para fechar era o de Montagem de Veículos Automotores (MVA), onde o único remanescente na linha era o Classic, cuja produção seria encerrada no fim do mês. Em outros setores, a unidade produz a picape S10 e o utilitário Trailblazer.
Acordo entre GM e sindicato possibilita corte de 650 funcionários (Foto: Carlos Santos/G1)Luiz Moan, diretor de relações institucionais da GM,
anuncia acordo firmado após negociação.
(Foto: Carlos Santos/G1).
O acordo que "salvou" o MVA do fechamento prevê a retomada da produção do Classic, com 750 funcionários e 20 unidades ao dia, pelo menos até dezembro. Após esse período, uma nova negociação será feita.
Como a montadora já havia planejado parar de fabricar o sedã em São José no próximo dia 26, a produção do modelo não poderá ser retomada imediatamente.
"Não há autopeças", explicou Moan, da GM. A linha terá férias coletivas até o próximo dia 14 e "voltará após o carnaval", disse ele.
Além de São José, o Classic, um dos modelos campeões de venda da GM, é produzido em São Caetano do Sul (SP), onde fica a sede da empresa.
Investimento e salário menor
O acordo foi firmado após 9 horas de reunião a portas fechadas entre representantes da GM, do sindicato, da prefeitura e do governo federal. Ele contém, ao todo, 16 itens (veja todos ao fim da reportagem).
Entre esses itens estão o investimento de R$ 500 milhões na unidade até 2017 e a redução para R$ 1.800 do piso salarial dos novos funcionários, ponto cobrado pela GM durante toda a negociação. Atualmente, o piso na unidade de São José é de R$ 3.100, considerado alto demais pela montadora.
“Até este acordo, não estava previsto um centavo de investimento para planta de São José
Luiz Moan, diretor de relações institucionais da GM
Para a montadora, a conclusão foi positiva. “Até este acordo, não estava previsto um centavo de investimento para planta de São José”, disse Moan.
Com a crise em São José, a GM estava levando lançamentos para serem fabricados em outras unidades. como foi o caso do hatch Onix, produzido em Gravataí (RS). Neste sábado, Moan também aproveitou para anunciar contratações para a planta gaúcha e para a fábrica de motores de Joinville (SC).
“Esse acordo não é o nosso sonho", comentou o presidente do sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Antônio Ferreira de Barros Macapá. "Não é o que o sindicato gostaria, mas é o que foi possível e agora cabe aos meus companheiros deliberarem para saber se aprovam ou rejeitam.”
Presente na reunião, o secretário nacional de Relações do Trabalho, Manoel Messias Melo, disse que o acordo agrada o governo federal porque garante a geração de empregos na planta da GM em São José e a manutenção do complexo.
O prefeito Carlinhos Almeida (PT) também comentou a decisão: "Quero ressaltar aqui a maturidade de ambas as partes nesse processo. Sindicato e GM fizeram um grande esforço para chegar nesse acordo. Isso é muito positivo porque abre perspectiva para uma nova relação entre eles."
Entenda o caso
A GM anunciou em julho passado a intenção de fechar o MVA, dois anos depois de não chegar a um acordo com o sindicato para a atração de novos investimentos para a planta.
No ano passado deixaram de ser produzidos em São José dos Campos 3 dos 4 modelos daquela linha: Meriva, Zafira e Corsa hatch, que foram "aposentados". Com a redução na produção, a montadora avaliou que a mão de obra do MVA, que empregava em agosto 1.840 funcionários, era excedente. Além disso, a direção considerava a planta de São José pouco competitiva por conta do elevado custo da mão de obra em comparação com a concorrência.
Em um ano, mais de 1.100 trabalhadores foram desligados por meio de Programas de Demissão Voluntária (PDV), segundo o sindicato.
Veja abaixo os principais pontos do acordo deste sábado:
1) Investimento de R$ 500 milhões no setor de motores e transmissões da planta de São José dos Campos entre 2013 e 2017;
2) Piso salarial reduzido para novos funcionários reduzido a R$ 1.800;
3) Negociar com a planta de São José dos Campos a produção de futuros veículos;
4) Jornada de trabalhado extraordinária de até 2 horas por dia e compensação da jornada –a compensação permite que a carga horária seja reduzida, caso o mercado esteja em baixa, em um montante total de 12 dias por ano. Com o mercado em alta, será permitido compensar a jornada que foi reduzida no momento de baixa do mercado;
5) Renovação das clausulas sociais, como a PLR deste ano;
6) Redução do nível de garantia na base de manuseio de material que terá até 900 empregados;
7) Produção do Classicx até dezembro impedimento o fechamento do MVA;
8) Extensão em mais dois meses do prazo de layoff que atinge 780 funcionários e três meses de multa aos operários que forem demitidos;
9) Multa de três meses de salário para os funcionários demitidos;
10) Antecipação da aposentadoria.
Acordo entre GM e sindicato possibilita corte de 650 funcionários (Foto: Carlos Santos/G1)Funcionários acompanharam do lado de fora a última reunião de negociação durante todo sábado (26).
(Foto: Carlos Santos/G1)

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