MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Banda usou fogos impróprios para ambiente fechado, diz vendedor


O vendedor garante: a banda sabia que aqueles objetos não poderiam ser usados em lugares fechados, como a boate Kiss.

Nossos repórteres foram até a loja que vendeu os fogos para o produtor da banda Gurizada Fandangueira. Um funcionário diz que o material não era adequado para o uso em ambientes fechados, e que o produtor foi avisado.
Foi na loja em uma rua comercial de Santa Maria que o produtor da banda Gurizada Fandangueira comprou os fogos que, segundo a polícia, provocaram a tragédia.
“Ele sempre levava só o sputnik. Nesse dia, ele decidiu levar chuva de prata para testar”, contou o vendedor.
A loja é regularizada, e esses produtos podem ser vendidos livremente para adultos. Sem saber que estava sendo gravado, o vendedor confirma que estava ali no dia da compra, 25 de janeiro - na sexta-feira antes do incêndio. O vendedor garante: a banda sabia que aqueles objetos não poderiam ser usados em ambientes fechados, como a boate Kiss.
Vendedor: Várias vezes a gente dizia para ele, ‘bah, tu tá usando na parte interna’. Ele dizia: ‘mas eu sei como eu tô usando, tô usando com segurança, eu tenho o curso’. Disso de ele ter o curso é pior ainda. Se tem o curso, ele sabia que não podia usar, né?
JN: Vocês chegaram a oferecer esse aqui?
Vendedor: Sim. Esse custa 75 reais. Ofereceu um preço a 50 reais. Mais barato. Ele não quis porque era muito caro.
A loja vende dois tipos desses fogos. Um funciona a base de pólvora, por isso só pode ser usado em lugares abertos. O outro usa produtos químicos que geram faíscas chamadas de fogo frio. É o tipo que pode ser usado em lugares fechados. Ele é acionado por eletricidade, e, segundo o fabricante, tem que ficar em pé, em cima de uma base. Quando o liga, imediatamente começa a sair uma faísca, que realmente é fria. É possível passar a mão que não queima. O vendedor da loja disse que o integrante da banda comprou o outro tipo. É um bastão que se acende na ponta com um isqueiro. O resultado é completamente diferente: um jato de faíscas bem mais potentes. E se aproximar um plástico, por exemplo, ele se queima. Segundo as testemunhas, foi esse tipo que o vocalista usou em cima do palco.
A defesa de um dos donos da boate afirma que os músicos nunca tinham usado esse objeto pirotécnico. Ainda segundo ele, os donos foram surpreendidos.
“A banda inventou uma nova apresentação naquele dia", afirmou Jader Marques, advogado de Elissandro Spohr.

O advogado admitiu que o alvará de prevenção contra incêndio dos Bombeiros venceu em agosto do ano passado, mas apresentou um boleto, pago em novembro, em nome do Corpo de Bombeiros de Santa Maria. Esse documento, segundo ele, é necessário para que os Bombeiros façam uma nova vistoria no processo de renovação do alvará.
“De outubro para frente, a casa ficou esperando a vistoria dos Bombeiros”, reforçou o advogado.
Ele disse que o sócio majoritário, Elissandro Spohr, conhecido como Kiko, pode ter instalado a espuma no teto da boate sem o conhecimento de nenhum órgão público:
“Pode, sim, ter acontecido de o Kiko, com orientação do engenheiro, pode ter adicionado elementos como espuma, madeira em locais fora do projeto do Ministério Público e sem o conhecimento do Ministério Público.”
Na entrevista coletiva, o advogado se negou a dar o nome do engenheiro. Disse apenas que era o mesmo que orientou o rebaixamento do teto. Conversamos com o engenheiro responsável por esta obra, que estava em Porto Alegre. Ele negou que tivesse recomendado a instalação de espuma.
“O projeto só trata de construção de paredes de alvenaria e revestimento da laje com gesso acartonado”, disse o engenheiro Miguel Ângelo Pedroso.
Por fim, o advogado criticou a atuação dos bombeiros no resgate das vítimas. “É desastrosa a operação de salvamento que foi feita pelos bombeiros naquele momento. Os bombeiros tinham máscara? Mais grave do que isso. Eles usam os civis no resgate. Um bombeiro aciona um jato d’água no fluxo das pessoas?”, questionou.
O comandante dos bombeiros do Rio Grande do Sul, coronel Guido Melo, disse que instaurou um inquérito interno para investigar a atuação durante a tragédia, mas acredita que não tenha havido erro. Ele também reconheceu que o pedido de vistoria tinha sido feito pelos donos da Kiss.
“Quando dá entrada, automaticamente entra na fila aguardando inspeção. Tem, aproximadamente, dois mil estabelecimentos comerciais, ou outros, que também aguardam vistoria, e qual é a lógica: atender o primeiro que está na lista, o mais antigo”, afirmou o coronel Guido Melo.
JORNAL NACIONAL

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