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quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Fogo em hospital do Rio de Janeiro expõe fragilidade em segurança contra incêndios

 

ABSpk


Por Felipe Melo

Na manhã de ontem (27), um incêndio de grande proporção atingiu o Hospital Federal de Bonsucesso, na zona norte do Rio de Janeiro. Até o momento, foram constatadas três mortes de pacientes que estavam internados em estado grave. O fogo começou no subsolo do prédio 1, onde existe um estoque de fraldas, e em função do alastramento das chamas, foi necessária a transferência de 162 pacientes para o prédio 2 do complexo hospitalar.

Outros 66 pacientes foram transferidos para unidades de saúde da cidade, sendo que oito deles estão com covid-19. A causa desta tragédia ainda é desconhecida, no entanto, este fato apenas reforça a fragilidade desses locais que, infelizmente, contam com grande movimentação de pessoas.

O ambiente hospitalar é um dos poucos lugares onde podemos encontrar todos os perigos possíveis para haver um incêndio. Lá, temos riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes, no qual é imprescindível toda a precaução e segurança. Por isso, é necessário o cuidado redobrado com a manutenção predial e instalação de equipamentos de prevenção contra incêndios e outras emergências.

Só em 2019, o Brasil registrou 32 incêndios de grandes proporções em unidades hospitalares, segundo a Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar (ABDEH). No mundo, foram mais 800 mortes em decorrência de fogo em hospitais.

Estoques de produtos que entram em fácil combustão, como neste caso, deve ter a atenção intensificada em relação às precauções necessárias, como a limitação da quantidade de produto armazenada, compartimentação entre as áreas, ou seja, criar uma resistência para, eventualmente, não atingir todo conteúdo guardado e a instalação de dispositivos de prevenção e controle de incêndios (sprinklers).

No entanto, um fator torna a situação ainda mais agravante: é que a fragilidade na segurança do Hospital Federal de Bonsucesso foi exposta em um relatório emitido em abril de 2019, a pedido do Ministério da Saúde, que constatou diversos problemas na estrutura de combate a incêndios do hospital. A questão que fica é o que foi feito? E se feito, como não conseguiu evitar tamanho dano?

Em tempos de pandemia, o nível de ocupação dos hospitais pode chegar ao seu ponto máximo de atendimento a pacientes, podendo até sobrecarregar um sistema que não está preparado. Duas medidas de segurança que são extremamente importantes e ajudam muito nesses momentos de emergência são as rotas de fuga bem dimensionadas que possibilitam a evacuação mais rápida; e a adoção de sistemas de sprinklers, traduzidos no Brasil para “Chuveiros Automáticos”, que controlam o incêndio logo no início e inibem a formação de fumaça tóxica, dando tempo e visibilidade para a evacuação do espaço, minimizando os riscos.

Em 2014, a Anvisa lançou o manual de segurança contra incêndio em hospitais e afirma que incêndios de diversas magnitudes em estabelecimentos assistenciais de saúde no Brasil podem representar 3.200 ocorrências ao ano, ou cerca de 270 incêndios ao mês.

É fato que a ocorrência de incêndios se dá por diversos fatores e na maioria das vezes são difíceis de prever. Entretanto, medidas simples como seguir corretamente as orientações dos órgãos competentes e investir em instalação e manutenção dos equipamentos podem preservar patrimônios e, principalmente, vidas.

Felipe Melo é presidente da Associação Brasileira de Sprinklers (ABSpk)

Sobre a ABSpk

A Associação Brasileira de Sprinklers, fundada no início de 2011, nasceu com o objetivo básico de fomentar o uso de sprinklers no mercado nacional. Sua função é promover a discussão, bem como implementar ações, no intuito de que todo sistema de sprinkler, projetado, instalado e mantido, no Brasil, seja tratado de maneira técnica, profissional e ética, uma vez que riscos à vida e ao patrimônio estão diretamente relacionados à correta implementação de equipamentos nos diversos tipos de empreendimentos e finalidades/uso da área protegida



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