No dia em que celebramos o legado de João Paulo II, Francisco assina acordo com o Partido Comunista Chinês. Ana Paula Henkel para a Oeste:
Nesta
quinta-feira, 22 de outubro, a Igreja Católica comemorou o Dia de São
João Paulo II. Foi nessa data que, em 1978, Karol Wojtyla celebrou sua
primeira missa como papa, iniciando seu pontificado.
João
Paulo II faleceu em 2005, mas o legado de João de Deus, como era
carinhosamente chamado pelos cristãos brasileiros, não foi deixado
apenas para os que vivem na fé católica, mas também para os que entendem
o real significado da palavra liberdade. Há muitas evidências nas ações
desse homem fantástico, respeitado por pessoas de todas as religiões e,
inclusive, agnósticos, de que o mundo em que vivemos hoje talvez não
seria tão livre e próspero se não fosse por diversas de suas obras com
seus aliados, Ronald Reagan e Margaret Thatcher.
Ronald
Reagan, João Paulo II e Margaret Thatcher tinham a verdadeira
perspectiva histórica e defendiam os temas que estão na civilização
ocidental desde os tempos greco-romanos e mesmo bíblicos. Eles
entenderam que a liberdade não é o estado natural nem normal da
sociedade, mas algo que é estabelecido por meio de um contrato social.
Um contrato social no qual seus valores fundamentais devem ser
reforçados e, quando necessário, protegidos contra as pressões do
estatismo, como o da União Soviética, e as forças do mal, como o
comunismo.
John
Lewis Gaddis, professor de História Militar da Universidade de Yale,
uma vez escreveu que, ao beijar o chão no Aeroporto de Varsóvia em 2 de
junho de 1979, em sua primeira viagem como papa, João Paulo II iniciou o
processo pelo qual o comunismo na Polônia — e finalmente em todos os
lugares — chegaria ao fim.
Gaddis,
que não é católico, mostra por que sua perspectiva sobre a queda do
comunismo começa naquele dia de junho. Um milhão de poloneses se
reuniram dentro e ao redor da Praça da Vitória em Varsóvia para uma
missa pública — impensável na Polônia comunista, exceto pelo fato de que
não pôde ser negada a um papa polonês. Enquanto João Paulo pregava a
verdadeira história de seu país — a história de um povo formado por sua
fé —, um canto rítmico ecoava pelas ruas até a praça: “Queremos Deus!
Queremos Deus!”. Era a voz da Polônia, parte do bloco comunista, onde a
guerra da doutrina marxista-leninista contra a religião imperava,
gritando para o mundo todo ver e ouvir que a fé e a esperança não
sucumbiriam ao comunismo, regime fortalecido quando o ateísmo se inicia.
Mas
a ideologia nefasta que já havia matado milhões pelo planeta tinha um
problema pela frente, um baita problema. Ronald Reagan e João Paulo II
eram homens do mesmo tempo. Ambos ficaram horrorizados com a guerra
nuclear, odiavam o comunismo e o regime da União Soviética. Os dois
foram baleados, sobreviveram e perdoaram seus agressores. Cresceram
pobres, foram atletas e, curiosamente, atores. E foi exatamente a vida
teatral que lhes forneceu a entonação correta nos discursos, a conexão
com o coração de quem os via e ouvia suas palavras, e a naturalidade
para estar diante de grandes audiências. O papa e o presidente tinham o
poder de hipnotizar as massas com seus discursos cheios de verdade, amor
e uma fé tremendamente inspiradora.
Em
suas primeiras observações da varanda da Basílica de São Pedro, o papa
deixou claro o que pensava dos soviéticos. Reagan não apenas criticou o
comunismo durante anos, mas foi o primeiro líder mundial a chamar o
regime do que ele realmente é: “Evil empire”, ou império do mal.
O
mais importante, e talvez o que tenha ligado tão profundamente o papa e
o presidente norte-americano, é que ambos acreditavam piamente que
foram chamados por Deus para fazer grandes ações pela liberdade do
mundo. E, de fato, João Paulo II disse em 1982 que “a América era
chamada, acima de tudo, para cumprir sua missão” e que “as condições
indispensáveis de justiça e liberdade, verdade e amor, que são os
fundamentos de uma paz duradoura, eram características da América”. Em
sua primeira encíclica, escreveu que a liberdade religiosa era o direito
humano essencial, um tiro direto nos soviéticos. João Paulo II também
começou a rebaixar ou mesmo expulsar aqueles que sempre queriam
“acomodar” comunistas dentro da igreja.
Para
Reagan, que foi presidente do Sindicato dos Atores de Hollywood (Screen
Actors Guild) e já conhecia todos os tentáculos do comunismo desde
quando a ideologia tentava se infiltrar no cinema norte-americano nos
anos 1950, não havia nada mais importante que a derrota da União
Soviética. Quando ficou evidente que o Vaticano estava se unindo na luta
contra o “comunismo sem Deus”, e isso deve ter causado arrepios nos
antigos coletivistas do Politburo, o comitê central do partido comunista
soviético, Reagan sabia que sua contraofensiva pesada ao Kremlin
contaria com a colaboração da cúpula da Igreja. E isso foi crucial para a
derrota do império do mal.
Na
mesma semana em que celebramos o legado de João de Deus, o atual papa
segue surpreendendo — e desapontando — fiéis pelo mundo. Depois de não
perder tempo em se manifestar sobre pandemia, racismo, queimadas na
Amazônia, união homoafetiva e capitalismo malvadão, entrando para o time
do aplauso fácil, Francisco, até a conclusão deste texto, ainda não
havia se pronunciado especificamente sobre as igrejas incendiadas pela
extrema esquerda no Chile nesta semana.
A
Igreja da Assunção, após ser invadida por vândalos encapuzados durante
uma grande manifestação na capital chilena, foi tomada pelas chamas
criminosas. Enquanto a estrutura era destruída, muitos dos criminosos
filmavam as gigantescas labaredas e comemoraram o ataque: “Deixa cair,
deixa cair!”. Quando uma das torres de uma das construções veio ao chão,
em chamas, gritos da celebração atingiram altos decibéis. O silêncio do
papa também continua ensurdecedor. Os protestos no Chile marcaram um
ano das revoltas que aconteceram no país no fim do ano passado, quando
manifestantes tomaras as ruas para reclamar das políticas econômicas do
governo.
Não
é apenas o silêncio do papa Francisco em relação aos incêndios
criminosos em igrejas no Chile que incomoda os fiéis — e afirmo isso
como uma católica praticante. Depois de recusar em setembro um pedido de
encontro feito pelo secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, que
representa a nação que mais defende a liberdade no mundo, o papa
argentino decidiu renovar um acordo com o Partido Comunista da China
sobre a nomeação de bispos. Na prática, a medida dá a Francisco a
palavra final acerca da nomeação de lideranças católicas no país
asiático. Antes do acordo provisório assinado em 2018 e renovado agora, a
China se recusava a aceitar que a nomeação dos líderes religiosos
viesse do Vaticano, uma vez que não reconhece o papa como chefe da
Igreja Católica.
Não
precisa ler novamente. Você leu isso mesmo. No dia 22 de outubro,
quando celebramos o legado de São João Paulo II, que inclui a brilhante,
essencial e espetacular luta contra o comunismo, o papa Francisco
assinou um acordo com o Partido Comunista Chinês. A nota oficial do
Vaticano diz que o acordo “pretende continuar o diálogo aberto e
construtivo para promover a vida da Igreja Católica e o bem do povo
chinês”.
Entre
as recentes declarações no mínimo estranhas do papa Francisco, há duras
críticas à visão de que o liberalismo econômico possa ser a resposta
para os problemas sociais do mundo. Ele também afirmou que as limitações
do capitalismo foram expostas pela crise provocada pela pandemia de
coronavírus, mas que aqui vamos chamar de — Vossa Santidade, tape os
ouvidos — vírus chinês. E por falar em capitalismo, o papa argentino
ainda não se pronunciou sobre a excepcional economia socialista de
Alberto Fernández em seu país.
João
Paulo II e Reagan trabalharam juntos para pôr fim ao comunismo
soviético ateu. Os dois tinham um plano divino para impedir o império
soviético que estava envolvido em uma guerra contra a religião e as
liberdades individuais. O trabalho de um papa e de um presidente ajudou a
provocar o colapso do comunismo e gerou mais liberdade e oportunidades
para as pessoas em todo o mundo.
A
ascensão do capitalismo, junto com o colapso do socialismo, melhorou
espetacularmente as condições de vida das pessoas em todo o planeta.
Dados do Banco Mundial mostram que a parcela da população global que
vivia na pobreza era de 42,3% durante o primeiro ano da Presidência de
Ronald Reagan. Em 2018, caiu para 4,8%. Isso significa que quase 1,25
bilhão de pessoas saíram da extrema pobreza. Graças à liberdade e ao
capitalismo. Shhh… fale baixo, seu herege.
Os
(poucos) fiéis que ainda tentam defender as declarações progressistas
de Bergoglio insistem que o silêncio sobre as igrejas queimadas no
Chile, a perseguição a cristãos no mundo, os campos de concentração de
uigures na própria China, e tantos outros eventos sérios que não
mereceram a palavra da Santidade, é um silêncio sábio e humilde,
inspirado por Deus para “não colocar mais lenha na fogueira” da
discórdia. Fogo que merece lenha do papa, só o da Amazônia. E com os
aplausos de Hollywood. Esse papa é pop.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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