Foi-se o tempo em que para decorar uma casa
era preciso delimitar bem os ambientes, definindo a quem se destinaria
cada um deles. Inspirados nas discussões sobre gênero, que vêm revelando
a realidade vigente, arquitetos e designers têm priorizado espaços
unissex. Prova disso é que a edição deste ano da CasaCor Minas foi a
primeira da história da mostra sem um quarto com temática feminina.
Na avaliação da engenheira civil e designer de interiores Rosane Guedes, que atua em Belo Horizonte e nos Estados Unidos, a situação reflete uma tendência presente, agora, na decoração. Para ela, o respeito à diversidade deve vir em primeiro lugar. “Não queremos obrigar ninguém a ter um posicionamento parecido com o nosso, seja ele qual for. Mas respeitar e acolher a todos, sem nenhuma distinção”, afirma.
Na mostra da capital mineira, Rosane assina a suíte e o
closet, ambientes mais emblemáticos ao representarem a temática da falta
de gênero definido. O espaço privilegia o descanso do casal, apostando
em iluminação e tonalidades suaves, como o concreto, e em um visual
moderno que explora volumes e formas.
A cor eleita foi o cinza, que, na decoração, equivale ao pretinho básico da moda, harmonizando bem com qualquer tom da paleta de cores. O objetivo, conforme a designer, foi criar um ambiente neutro, mas ao mesmo tempo moderno e cheio de personalidade.
“Se ideia for realmente não se prender a um gênero específico, sugiro evitar cores que já estejam muito demarcadas como sendo de homens ou mulheres. Na minha opinião, a paleta de cores é o item principal de um projeto que se baseie nessa temática”, ensina.
Para meninos e meninas
Mesma premissa foi adotada pelo arquiteto Marco Reis, que assina o quarto do bebê da mostra de decoração, designer e paisagismo. O espaço de 29 m² ganhou ares mais modernos ao deixar de lado tons cotidianamente usados para meninos e meninas e investir na madeira clara e em diferentes nuances do verde, cor pouco utilizada em quartos de criança.
A ideia, explica o arquiteto, foi desconstruir o
inconsciente coletivo, que é, quase sempre, levado para as cores azul e
rosa. “Apostei numa cor neutra, que servisse para ambos os sexos e desse
mais liberdade para a criança, uma opção mais contemporânea, quem tem
tudo a ver com o momento pelo qual passamos. Acho bobagem ficar preso a
cores e definir, por exemplo, que quem usa azul é menino e rosa, menina.
A mensagem agora é outra”, afirma.
Um dos mais populares da mostra, o ambiente tem base neutra em madeira clara e pinceladas em tons de verde, que vão do água, passando pelo turquesa, até chegar ao petróleo. Os móveis, por sua vez, com influência no estilo montessoriano, são baseados no universo lúdico infantil.
Outra proposta do arquiteto foi criar um ambiente que pudesse ser utilizado por bebês e crianças. Para isso, Marco Reis lançou mão de um berço e usou também uma cama baixa com dossel.
Além disso:
Rosa x azul
Até o século 19, tintura de tecido era algo caro. Por causa disso, muitos pais não se preocupavam com a questão quando pensavam nas roupas dos filhos. A definição das cores “certas” para meninos e meninas surgiu no século seguinte, quando, em 1918, um catálogo de uma loja dos Estados Unidos dizia que o rosa, mais forte, era adequado aos garotos, e o azul, delicado, às meninas. Foi entre 1920 e 1950, no entanto, que para agitar as vendas as lojas passaram a sugerir o oposto. A jogada de marketing acabou virando lei para muita gente.
Rosas e repolhos azuis
Reza a lenda que a ligação do rosa com a feminilidade teria surgido, também no século 19, mas de uma história nascida na Europa. Naquela época, dizia-se que meninas nascem de rosas e meninos de repolhos azuis. A história não “viralizou” mundo afora. Prova é que durante um bom tempo, na França, as meninas se vestiam de azul, devido a uma tradição católica que associava a cor à pureza da Virgem Maria.
Boneca x carrinho
Uma pesquisa feita em 2010 pela Universidade de Cambridge, no Reino Unido, com bebês de 1 ano mostrou que quase a mesma quantidade de meninos e meninas indicava preferência por bonecas. Somente a partir dos 2 anos, os garotos passavam a escolher os carrinhos. A conclusão do estudo foi a de que o gosto por brinquedos é adquirido socialmente, e não algo inato.
Na avaliação da engenheira civil e designer de interiores Rosane Guedes, que atua em Belo Horizonte e nos Estados Unidos, a situação reflete uma tendência presente, agora, na decoração. Para ela, o respeito à diversidade deve vir em primeiro lugar. “Não queremos obrigar ninguém a ter um posicionamento parecido com o nosso, seja ele qual for. Mas respeitar e acolher a todos, sem nenhuma distinção”, afirma.
SUÍTE DO CASAL - “Pretinho básico” da decoração, o cinza, carro-chefe
do projeto da designer de interiores Rosane Guedes, casa bem com
qualquer cor e não define gênero; nos móveis, escolha por formas e
volumes (na estante em cubos), que dão toque contemporâneo e identidade
A cor eleita foi o cinza, que, na decoração, equivale ao pretinho básico da moda, harmonizando bem com qualquer tom da paleta de cores. O objetivo, conforme a designer, foi criar um ambiente neutro, mas ao mesmo tempo moderno e cheio de personalidade.
“Se ideia for realmente não se prender a um gênero específico, sugiro evitar cores que já estejam muito demarcadas como sendo de homens ou mulheres. Na minha opinião, a paleta de cores é o item principal de um projeto que se baseie nessa temática”, ensina.
Para meninos e meninas
Mesma premissa foi adotada pelo arquiteto Marco Reis, que assina o quarto do bebê da mostra de decoração, designer e paisagismo. O espaço de 29 m² ganhou ares mais modernos ao deixar de lado tons cotidianamente usados para meninos e meninas e investir na madeira clara e em diferentes nuances do verde, cor pouco utilizada em quartos de criança.
QUARTO DO BEBÊ - Ambiente neutro prioriza marcenaria clara com
variações de verde; opção do arquiteto Marco Reis deixa de lado cores
tradicionalmente associadas a meninos e meninas, como azul e rosa
Um dos mais populares da mostra, o ambiente tem base neutra em madeira clara e pinceladas em tons de verde, que vão do água, passando pelo turquesa, até chegar ao petróleo. Os móveis, por sua vez, com influência no estilo montessoriano, são baseados no universo lúdico infantil.
Outra proposta do arquiteto foi criar um ambiente que pudesse ser utilizado por bebês e crianças. Para isso, Marco Reis lançou mão de um berço e usou também uma cama baixa com dossel.
A CasaCor Minas 2017 foi prorrogada e vai até este domingo, 24 de setembro; a mostra, que inclui arquitetura, design de interiores e paisagismo, foi montada em um casarão histórico, na rua Sapucaí, 383, no bairro Floresta, em Belo Horizonte
ART! GARAGEM - Locale tradicionalmente ligado à figura masculina, a
garagem, sem graça, ganhou “cara” decorada pelas mãos de Nara Cunha, que
usou cores claras, iluminação indireta e peças de artistas renomados
para criar harmonia e transformá-la em espaço para ser (bem) usufruído
por qualquer pessoa, de qualquer gênero
Rosa x azul
Até o século 19, tintura de tecido era algo caro. Por causa disso, muitos pais não se preocupavam com a questão quando pensavam nas roupas dos filhos. A definição das cores “certas” para meninos e meninas surgiu no século seguinte, quando, em 1918, um catálogo de uma loja dos Estados Unidos dizia que o rosa, mais forte, era adequado aos garotos, e o azul, delicado, às meninas. Foi entre 1920 e 1950, no entanto, que para agitar as vendas as lojas passaram a sugerir o oposto. A jogada de marketing acabou virando lei para muita gente.
Rosas e repolhos azuis
Reza a lenda que a ligação do rosa com a feminilidade teria surgido, também no século 19, mas de uma história nascida na Europa. Naquela época, dizia-se que meninas nascem de rosas e meninos de repolhos azuis. A história não “viralizou” mundo afora. Prova é que durante um bom tempo, na França, as meninas se vestiam de azul, devido a uma tradição católica que associava a cor à pureza da Virgem Maria.
Boneca x carrinho
Uma pesquisa feita em 2010 pela Universidade de Cambridge, no Reino Unido, com bebês de 1 ano mostrou que quase a mesma quantidade de meninos e meninas indicava preferência por bonecas. Somente a partir dos 2 anos, os garotos passavam a escolher os carrinhos. A conclusão do estudo foi a de que o gosto por brinquedos é adquirido socialmente, e não algo inato.
A paleta de cores é o item principal de um projeto que busque fugir das convenções impostas a mulheres e homens, diz a engenheira civil e
designer de interiores Rosane Guedes, que atua em Belo Horizonte e nos Estados Unidos
ESPAÇO GAMES - Ambiente que pode passar a
impressão de ser feito só para meninos, sala de jogos, na CasaCor Minas
2017, ganhou “roupagem” unissex ao referenciar o famoso Minecraft, jogo
em que se constrói utilizando blocos; no espaço, pensado para crianças
de 5 a 12 anos, prevalecem conforto e móveis reguláveis
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