Os que militam nas profissões ligadas ao Direito,
não podem deixar de reconhecer esse é um campo minado, que exige muita
paciência, competência e diplomacia para nele atuar. O doutor Wellington César
Lima e Silva, jovem procurador de justiça e emérito jurista, já demonstrou que
nesse mar revolto sabe navegar.
Sua ascensão à chefia doo Ministério Público
baiano deu-se por iniciativa de seus colegas procuradores e promotores, que o
colocaram na lista tríplice dos candidatos submetidos à escolha do governador do
Estado, que o escolheu para comandar o órgão entre 2010 e 2014. Além desse
trabalho, o jovem procurador atuou como interlocutor entre as instituições,
graças à sua inegável habilidade diplomática.
Jovem, cortês e pessoa de fino trato – a par do
seu inegável talento no campo das ciências jurídicas-, o jovem procurador não
causou grande surpresa por sua escolha para chefiar o Ministério da Justiça.
Esse reconhecimento foi apenas uma constatação da sua capacidade, exercitada em
25 anos de profissão, apesar de ser apenas um jovem de 50 anos de idade.
Nascido em Salvador, o jovem ministro deverá
enfrentar uma situação não muito pacificada entre o próprio ministério e a
Policia Federal. Entretanto, e para confirmar a sua veia diplomática, o novo
ministro já declarou que “As instituições do Brasil estão maduras a ponto de não
sofrerem alterações com a mudança de seus atores. A Policia Federal continuará
com seu trabalho como tem desenvolvido até hoje”
Sua declaração foi recebida pela corporação com a
certeza de que o novo ministro trabalhará com essa especializada dentro de um
esquema de equipe, onde todos trabalham para um único fim: defender os
princípios constitucionais que regem a administração pública pátria.
Diplomata por excelência, o novo ministro chegou
a elogiar o trabalho do atual diretor-geral da PF, Leandro Daiello, que está à
frente da corporação desde 2011. Isso depois de confirmar que não pretende
promover, em curto prazo, nenhuma mudança na cúpula da instituição.
Ao ser indagado sobre a sua conversa com a
presidente Dilma, o novo ministro limitou-se a dizer: “A minha compreensão é que
homens públicos que ocupam determinadas funções não podem, necessariamente,
atender pedido algum; eles simplesmente cumprem o que a Constituição determina e
o que a instância judicial do país também determina”.
Como é natural, a troca do ministro da Justiça em
meio à Operação Lava Jato, preocupa o mundo político e os próprios delegados da
Policia Federal. Daí ser natural, também, a nota da principal entidade da
categoria sobre ter recebido “com extrema preocupação” os rumores de que o seu
antecessor deixaria o ministério da Justiça por pressão do PT.
Nada disso deverá preocupar o novo ministro. Sua
chegada a essa importante pasta significa o fortalecimento da autonomia da
Policia Federal e do próprio ministério, mesmo que, para a corporação, o
fortalecimento da instituição policial não é algo muito prazeroso para os
políticos.
O novo ministro tem pela frente uma tarefa não
muito confortável, mas que ele, com a paciência dos baianos, as bençãos dos
orixás, dos babalaôs dos candomblés e ainda a sua proverbial diplomacia,
ultrapassará todos os obstáculos, como sempre fez em sua extraordinária
carreira.
O jovem ministro saberá honrar a instituição que
foi criada em 1822 pelo Decreto de 3 de junho, do Príncipe Regente D. Pedro de
Bragança, criando a Secretaria de Estado dos Negócios da Justiça. Em 1891, a Lei
nº 23, de de 30 de outubro do mesmo ano, mudou a denominação para Ministério da
Justiça e Negócios Interiores. Pelo Decreto nº 200, de 1967, passou a
denominar-se, simplesmente, Ministério da Justiça. E de agora por diante será
simplesmente o ministério da justiça do doutor Wellington César Lima e
Silva.
*Baltazar Miranda Saraiva é desembargador do
Tribunal de Justiça do Estado da Bahia.
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