Pesquisador diz que semente é rica e proteínas e não contém gorduras.
Parceria com Embrapa pode gerar empregos em Maués.
Sementes são isentas de glúten, gorduras e conservantes (Foto: Erico Xavier)
Antes desperdiçada, a semente da árvore de seringueira agora passa a
contribuir com a alimentação no Amazonas. O produto foi usado em
pesquisa e mostrou-se eficaz para ser utilizado como suplemento
alimentar. Cascas das sementes estão sendo estudadas para produção de
adubos. Segundo pesquisador, uma parceria com a Embrapa deve utilizar os
grãos produzidos em Maués, a 276 km de Manaus, onde possivelmente haverá criação de empregos.O pesquisador e empreendedor Antônio Lúcio dos Santos conta ainda que o suplemento à base de sementes de seringueira vem sendo estudado há quatro anos por ele e os irmãos. O produto foi analisado no Instituto de Tecnologia de Alimentos, em São Paulo. De acordo com Santos, as pesquisas microbiológicas para verificar a presença de fungos ou bactérias apontaram que as amostras continham índices aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Santos ressalta a composição natural do produto e o uso dele para reorganizar as carências do organismo. "Os elementos que compõe esse material são necessários para o nosso organismo. Ele é um suplemento que é vitamínico, protéico, calórico, não contém açúcar ou gordura. Então, ele é um suplemento que vai fortalecer pessoas com problema de desnutrição. Por exemplo, no nosso projeto colocamos como público alvo aquelas pessoas que precisam repor nutrientes, carente de alimentos. No nosso projeto de empreendedorismo colocamos escolas e hospitais como possíveis clientes", explica.
Inspiração
Antônio Lúcio contou ter tido a ideia de pesquisar as sementes de seringueira após investigar a árvore genealógica da mãe, que tem 102 anos, e segundo ele, é lúcida, saudável e aparenta menos idade que a real.
Antônio Santos elaborou vários produtos à base da
semente da seringueira (Foto: Erico Xavier)
"Ela não tem nem 10% de cabelo branco, aí comecei a instigar minhas
irmãs para fazermos uma pesquisa e ver de onde vem esse histórico dela.
Depois de um tempo resolvemos verificar a árvore genealógica dela, aí
descobrimos que ela nasceu dentro de um balatal, um seringal e
perguntando sobre os antepassados dela, chegamos nos índios que se
alimentavam da semente da seringueira. Daí a gente foi ver o que tinha
de interessante na semente como alimento, e vimos que não havia estudo
científico nem na Embrapa nem no INPA. Começamos a estudar,
entrevistamos um índigena que conhecia a semente da seringueira e que
fazia inclusive a alimentação para si, e a partir dessa forma indígena
de produçãor, nós chegamos no suplemento alimentar", revela Santos.semente da seringueira (Foto: Erico Xavier)
Geração de Renda
Além de ser utilizada como suplemento alimentar, os grãos de seringueira podem ser usadas ainda em barras de cereal e ração para peixes. A casca da semente, pode ser reaproveitada para produção de adubo orgânico. A coleta do produto vai gerar renda aos moradores de Maués, onde há grande concentração de seringueiras.
"Fizemos uma visita ao seringal de Maués com a Embrapa para recolher as sementes que hoje caem no solo e são desperdiçadas ou são comidas pelos animais. O pessoal que vai recolher essas sementes é morador de lá e isso vai gerar renda local. Outra coisa importante é que como nós vamos usar a semente, nós garantimos a sustentabilidade total porque a produção de seringueiras não é mais feita a partir da sementes de seringueira, mas a partir de podas, não sendo necessária as sementes para o reflorestamento. Ele é altamente sustentável porque não vai derrubar uma árvore para fazer a produção e toda a parte da semente vai ser utilizada" enfatiza o pesquisador.
O produto já foi patenteado e deve ser comercializado com o nome de Serinutri assim que for liberado todas as partes burocráticas, o que, segundo Antônio, deve ocorrer no próximo mês.
O suplemento alimentar é um dos 40 projetos aprovados no âmbito do Programa Sinapse da Inovação fruto da parceria firmada entre a Fapeam com a Fundação Centro de Referência em Tecnologias Inovadoras (Certi), que visa transformar os resultados de projetos de pesquisa de universidades e instituições de ciência, tecnologia e inovação em produtos inovadores competitivos, além de fortalecer o empreendedorismo inovador.
O projeto de pesquisa foi desenvolvido com apoio do governo do Estado por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e do Programa Sinapse de Inovação.
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