BAHIA NOTICIAS
por Cláudia Collucci | Folhapress
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou ao jornal Folha de
S.Paulo que o Brasil já está negociando com a Opas (Organização
Pan-Americana da Saúde) a aquisição de vacina contra a varíola dos
macacos (monkeypox), que foi declarada neste sábado como emergência
global de saúde pública pela OMS (Organização Mundial de Saúde).
Segundo Queiroga, a SVS (Secretaria de Vigilância em Saúde) está em
processo de avaliar o quantitativo necessário, e a aquisição será feita
por meio do fundo rotatório, um mecanismo internacional de cooperação
técnica para acesso a vacinas.
"Só há uma fabricante [a empresa de biotecnologia dinamarquesa
Bavarian Nordic] e não tem representante no Brasil. Assim, a aquisição
deve ser via Opas", afirma o ministro.
De acordo com Queiroga, a declaração de emergência global da OMS
ocorre em um momento em que as medidas de contenção dos casos estão
sendo adotadas no Brasil. "A rede de diagnóstico está estruturada. Todos
os casos estão sendo acompanhados", disse.
No Brasil, o Ministério da Saúde confirma 607 casos da doença até a
última sexta (22). O saldo é mais do que o dobro verificado no último
dia 9, quando havia 218 diagnósticos confirmados em todo o país.
Os casos da doença concentram-se principalmente em São Paulo. No
total, conforme dados do ministério, o estado registrou 438 diagnósticos
positivos da doença até esta sexta, representando cerca de 72% do
total.
Em 23 de maio, o Ministério da Saúde montou uma sala de situação para
direcionar ações de saúde pública e divulgar informações sobre a
monkeypox. No entanto, no dia 11 deste mês, a sala foi descontinuada
pela pasta.
A partir de então, as ações de vigilância para a monkeypox foram
alocadas em diferentes áreas que compõem a Secretaria de Vigilância em
Saúde. Segundo Queiroga, por enquanto, as ações continuarão
independentes da sala de situação. "Vamos focar na vigilância. O
monitoramento é contínuo."
A vacina Imvanex já obteve aprovação para a prevenção da varíola dos
macacos nos Estados Unidos e no Canadá. Neste sábado (23), a EMA
(Agência Europeia de Medicamentos) também recomendou a aprovação do
alargamento do imunizante, usada até 2013 no combate à varíola, para a
proteção de adultos contra o vírus da varíola do macaco.
"A extensão do rótulo ajudará a melhorar o acesso à vacina em toda a
Europa e fortalecerá a preparação futura contra a varíola dos macacos",
disse o CEO da Bavarian Nordic, Paul Chaplin, em comunicado.
Nos Estados Unidos, a FDA (agência regulatória americana) também já
aprovou o uso da vacina ACAM2000 (Sanofi) para a prevenção da doença.
De acordo com o médico epidemiologista Fabio Mesquita, que já foi
diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da
Saúde, embora não haja um consenso global sobre a eficácia das vacinas
na prevenção dos casos de varíola dos macacos, as grandes agências
regulatórias têm autonomia para aprová-la para esse fim.
"Na Europa, Reino Unido, Estados Unidos e Canadá, as vacinas estão
sendo utilizadas só em áreas de alto risco de transmissão, em homens que
fazem sexo com homens e profissionais de saúde. A produção industrial é
pequena, elas ainda não foram largamente adotadas em nenhum país", diz
ele, que atualmente é membro do corpo técnico da OMS lotado em Mianmar.
Segundo Mesquita, também há medicamentos sendo pesquisados para serem
indicados na fase clínica da doença. "Temos que oferecer os melhores
cuidados clínicos possíveis. Mesmo que até agora não se observa uma
mortalidade acentuada, várias pessoas relatam que a dor pode ser
insuportável", diz.
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