Coluna de Carlos Brickmann, a ser publicada nos jornais de domingo, 31 de julho:
Não
se preocupem com algumas variações nas pesquisas: um pouco mais, um
pouco menos, não têm tido mudanças importantes desde que Lula levou
vantagem sobre Bolsonaro. A mudança importante é só uma, indicada por um
só instituto, o DataFolha, que indica a possibilidade real de Lula
vencer no primeiro turno. Os números podem variar um pouco, mas a
importância é que, com a possibilidade de vitória no primeiro turno,
candidatos nanicos se sintam inclinados a apoiar Lula. Um ponto
percentual, dois pontos, isso é suficiente para que uma votação que
chegue perto dos 50% dos votos válidos se transforme num número que dê a
vitória direta ao candidato favorito.
Os
números do DataFolha indicam que, mesmo com a imprecisão prevista em
dois pontos percentuais, Lula vence no primeiro turno. Certeza? Aí não
se sabe; mas, com o apoio de candidatos como Janone e Luciano Bivar,
cada um com sua caixinha de votos, a vitória no primeiro turno fica mais
próxima.
Há
institutos que calculam números quase iguais, eleição empatada entre
Lula e Bolsonaro. Pode ser? Pode, tudo pode acontecer. Mas este
colunista se lembra de uma campanha em que, de repente, aparece uma
pesquisa no comitê em que o candidato colocado em quarto lugar aparece
em primeiro. A pesquisa era de um jornal pequeno, feita numa só cidade
do Interior. Nem os mais ferrenhos seguidores do candidato acreditaram
nela. Ainda bem: a pesquisa errada serve apenas para orientar mal uma
campanha.
Novos aliados
Luciano
Bivar com Lula? Por que não? As chances de Bivar de disputar a
Presidência são minúsculas. E para ele é bom ter um cargo eletivo, onde
possa tomar conta do partido e de seus cofres. Ciro é mais difícil, tem
mais votos, mas é mais decisivo também. E andou brigando com os irmãos.
Diz que se perder essa eleição não concorre mais. Essa briga talvez
facilite sua caminhada para outra chapa. Não seria a primeira vez: logo
depois de Lula ser eleito, em 2003, deixou até a barba crescer para
ficar mais palatável. E foi ministro de Lula. Por que não? E que é que
Lula poderia oferecer-lhe em troca de seus nove pontos percentuais?
O risco elétrico
Nada
é impossível. Quando a indústria de automóveis optou pela gasolina, não
se sabia se haveria petróleo suficiente no mundo para gerar todo o
combustível necessário. Até hoje, mais de cem anos depois, o petróleo é
abundante. Pode ser que os problemas hoje encontrados pelo carro
elétrico acabem sumindo no caminho. Mas, agora, há alguns problemas
sérios:
1 – Quando acaba a bateria, substituí-la pode custar mais caro que o carro.
2
– Qual o destino das baterias descartadas? Hoje, é o lixo. Lítio é
muito caro para ser reciclado. É lixo, sim, e lixo bem poluente.
3-
Segundo Omar Kardoudi, do portal El Continental, se a produção de
carros elétricos continuar crescendo como hoje, por volta de 2040 não
haverá mais lítio. Claro, pode eventualmente ser substituído, mas ainda
não foi.
Bom artista muito gente
Há
poucos dias, um programa a que deu prazer de assistir: meu velho amigo
Maurício de Sousa, criador da Turma da Mônica, sua filha Mônica, que
inspirou a personagem, e a jovem atriz que fará a Mônica no cinema,
todos entrevistados por Pedro Bial. Valeu a pena; Maurício, 90 anos, é
uma simpatia, que deixa todos à vontade. A vida dele é um sucesso:
começou como repórter de Polícia, e lá no plantão fazia caricaturas de
todo mundo. Voltou à Redação e começou a vida de desenhista. Fazia o
cachorro Bidu, o rinoceronte Horácio.
Até
eu virei personagem, um que foi sem nunca ter sido. Meu personagem, o
Garotão, intervinha nas historinhas mas jamais aparecia, por ser muito
grande. Mais tarde, buscou novos horizontes, em outras editoras – a
Abril, por exemplo. Em todo o tempo em que convivemos de perto, nunca
tive motivo de queixa; nem nunca ouvi ninguém criticá-lo.
No programa do Bial, continua em plena forma. Ele é bom demais.
Uma história
Um
dia, Maurício lançou uma revista com uma novidade: Mônica apareceu
verde. Igual à de sempre. Gorducha, baixinha, dentuça, falando
normalmente – mas verde. Seus amigos a rejeitaram: Mônica era ótima, mas
com sua cor habitual. Esta revista recebeu da ONU um prêmio por mostrar
claramente como funcionava o racismo.
Vivendo e aprendendo a escrever
A
carta aos brasileiros e brasileiras em defesa da democracia é ótima. Já
a assinei. Só que é preciso caprichar mais, especialmente no título. Já
que a intenção é mostrar que se dedica também às brasileiras, por que
não “aos brasileiros, brasileiras e brasileirinhos”? Os jovens não
merecem atenção? E os migrantes ainda não naturalizados? Não seria mais
simples utilizar a maneira brasileira de escrever, sem ficar inventando
moda politicamente correta para dificultar a leitura?
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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