Como
um dos dez tipos de câncer mais comuns, as leucemias atingem milhares
de casos novos anualmente. A doença tem por característica o acúmulo de
células malignas na medula óssea e na circulação sanguínea, substituindo
as saudáveis. É um mal que pode acometer pessoas em todas as faixas
etárias.
Segundo
Roberto Magalhães, médico e diretor do Grupo de Hematologia e
Transplante de Medula Óssea (GHTN), a conscientização da leucemia parte
da necessidade de orientar as pessoas quanto a realização de exames
regulares, visando expor os sintomas que podem ser compatíveis com a
doença, bem como a execução de exames de sangue periódicos.
“No
atual momento de pandemia, no qual parece que todas as doenças do
planeta são a Covid-19, se esconderam outras doenças. Além da Covid,
existe a leucemia. E as pessoas com doenças hematológicas graves
precisam ir às suas consultas, mesmo que sejam feitas on-line. Quando
existe indicação de transplantes, elas precisam ser transplantadas. No
começo, não sabíamos o que fazer. Agora já temos diretrizes para poder
transplantar as pessoas que precisam, mesmo em meio à pandemia. Já
existem protocolos de como vai ser a vacinação nessa população”, explica
o especialista.
Roberto
alerta para a importância de desmistificar a doença, ou seja, tentar
tirar o estigma da palavra “leucemia”, pois ela é sinônimo de morte para
muitos: “Existem alguns tipos de leucemias que possuem evolução lenta, e
os novos tratamentos são capazes de promover a cura sem a
quimioterapia, como a Leucemia Mieloide Crônica (LMC), tratada com
comprimidos direcionados contra a mutação dessa doença ou podendo, até
mesmo, em alguns casos, não necessitar de tratamento imediato, como na
Leucemia Linfocítica Crônica (LLC). Enquanto existem outras que são
agudas, mais graves, que realmente arriscam a vida da pessoa. Nesses
casos se faz necessário tratamento quimioterápico e transplante de
medula óssea em regime de hospitalização, mas, ainda assim, se o
diagnóstico for feito rápido e o paciente transferido para um centro de
referência, adultos, jovens e até mesmo pacientes idosos podem ter a
cura dessa doença que pode ter um desfecho fatal”, afirma.
Lino Gomes: uma história de superação
Lino
Gomes, de 61 anos, é um verdadeiro exemplo de superação. Diagnosticado
com Leucemia Mieloide Aguda (LMA) em 2018, ele passou por muitas
complicações ao longo do tratamento, foi transplantado e venceu o
câncer. Encontra-se, atualmente, realizando exames periódicos
bimestrais.
“Realizamos
um tratamento com o paciente desde o diagnóstico da leucemia. A doença
voltou, o que foi contra as nossas expectativas, e tivemos que tratá-lo
novamente. Fizemos um transplante alogênico aparentado a partir da
doação da medula óssea do irmão do paciente, obtendo muito sucesso”,
afirma Roberto Magalhães.
O
médico esclarece que Lino teve complicações graves relacionadas à
doença no momento do diagnóstico. Posteriormente, quando teve recidiva
da leucemia e durante o transplante de medula, esteve entre a vida e
morte em diversos momentos, havendo duas complicações sérias no
transplante de medula óssea, como a Doença do Enxerto Contra Hospedeiro
Aguda (DECHa) e a Doença Hepática Veno-oclusiva (VOD): “São duas
complicações graves relacionadas ao transplante de medula óssea, doenças
que podem levar os pacientes a óbito no transplante. O Lino passou por
tudo isso e está com a doença em remissão há mais de dois anos. Nós, do
GHTN, estamos muito felizes com esse caso”, destacou.
Para Lino Gomes, o diagnóstico precoce ajudou muito no tratamento do câncer, e o check-up anual foi o que o salvou da morte.
“Um
diagnóstico não é sinônimo de morte. A equipe do GHTN foi de extrema
importância em todo o tratamento com a clareza de informações, o
acompanhamento, cuidado e companheirismo. Tudo me foi muito esclarecido
em uma linguagem bem transparente. Fazíamos exames periódicos e isso foi
vital. Se você tem fé e acredita no seu Deus, você pode vencer. Foi uma
batalha. Um impacto. Mas meu lema foi vencer. Agradeço a Deus e aos
profissionais de saúde que me acompanharam”, diz.
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