Até pouco tempo, restaurar um antigo correspondia em devolver ao automóvel seu estado de novo e com o máximo de originalidade. No entanto, nos últimos anos surgiram empresas como a Singer Design, que não apenas restauram, mas também modernizam clássicos. O chamado “restomod”.
Se a Singer se tornou sinônimo de Porsche 911 apimentados, a francesa Legende Automobiles quer ser referência na modernização do Renault 5 Turbo. A empresa acaba de apresentar sua releitura do hatch, batizada de Turbo 3 (como se fosse a terceira série do carrinho), que combina elementos contemporâneos sem macular a identidade do carro.
Basicamente, a empresa substituiu para-choques, lanternas, faróis, retrovisores, rodas (aro 16 no eixo dianteiro e 17 polegadas no traseiro) e pneus por peças redesenhadas, mas sem comprometer o formato original do clássico hot hatch francês. A Legende Automobiles ainda aplicou nova pintura em cinza fosco e acabamento em vermelho.
A padronagem segue o interior do esportivo. Os bancos foram trocados por novos, que mantêm o estilo dos originais, mas com aberturas para cintos de cinco pontos. O quadro de instrumentos analógico deu lugar a um módulo digital.
O exótico volante com aro em “L” foi substituído por um novo, com base achatada. O console também foi simplificado aos novos controles do ar-condicionado digital de duas zonas. Nas portas, os puxadores foram trocados por fitas, como nos carros de corrida da velha-guarda.
Motor
Para quem não sabe, o Renault 5 Turbo teve seu motor instalado originalmente atrás dos bancos. A unidade 1.6 de 160 cv fazia dele o diabo nos anos 1980. Mas a Legende Automobiles queria dar um pouco mais de veneno e trocou o bloco por uma unidade turbo de 400 cv. Ele é combinado com uma transmissão sequencial, com uma longa alavanca, como nos carros de rali.
A empresa não dá detalhes da escala do Turbo 3, afinal, o R5 Turbo original teve apenas 5 mil unidades produzidas. E, ao contrário dos Porsche 964 que a Singer transforma em 911 de primeira geração, seria um tanto complexo converter os R5 de motor dianteiro na versão com motor central.
O R5 Turbo
O Renault 5 foi lançado em 1972 para concorrer no segmento supermini europeu. Na França, o grande rival era o Peugeot 104. A princípio, a missão do “Cinco” era apenas disputar a preferência de consumidores que buscavam um carro barato e funcional para as estreitas ruelas do Velho Mundo.
No final dos anos 1970, a Renault queria colocar o carro para disputar provas de rali. Mas, para ser competitivo, era necessário uma melhor distribuição de peso, assim como dar mais vigor ao carrinho. Para não criar outro carro, o designer Marcello Gandini pegou o R5 e transferiu seu motor para a posição central-traseira. O pequeno francês teve diversos motores em sua trajetória, mas foi escolhida a unidade 1.4, que recebeu turbocompressor e teve sua potência elevada para 160 cv.
O carrinho ainda chegou a ter uma versão desenvolvida para o Grupo B da Fia (Federação Internacional de Automobilismo), com motor de 350 cv. Ele foi o grande rival do Peugeot 205 T16, que também foi projetado para a categoria e da mesma forma trazia um motor traseiro cheio de veneno. Quem sabe a Legende Automobiles não resolve recriar o carrinho do leão?
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