O progressismo vê na lei o único limitador do comportamento imoral tanto dos cidadãos quanto das autoridades. Theodore Dalrymple via Gazeta do Povo:
Quando
um repórter da National Public Radio, Asma Khalid, perguntou à
secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, se não era estranho um
presidente pedir a demissão dos membros da Comissão de Belas Artes dos
EUA, como fez o presidente Biden no caso de Justin Shubow e três outros,
ela respondeu que os presidentes ”têm o direito de indicar quem
quiserem para trabalhar numa comissão ou ocupar qualquer cargo na
administração”.
Ao
ler isso, me perguntei se Psaki sabia ou não que essa não era a
resposta à pergunta que lhe fizeram. Se ela não sabia, isso era prova de
sua incapacidade; se sabia, era prova de má-fé. O que é pior numa
autoridade do governo, incapacidade ou má-fé?
Não
perguntara a ela se o presidente tinha a prerrogativa legal de fazer o
que fez, e sim se não era estranho ele ter feito o que fez. A resposta
podia ter sido “sim” ou “não”, mas ela parece não saber a diferença
entre o que é legal e o que é normal, ou porque não sabe ou porque acha
que não vale a pena tratar disso.
Se
ela não sabe a diferença, isso é ainda mais absurdo. Isso sugere que o
único limite ao exercício do poder de uma autoridade eleita é, ou deve
ser, a lei. Se a lei permite algo, esse “algo” é permitido em todos os
sentidos, e os costumes e a prática não têm espaço nessa discussão.
Mas
não são apenas os políticos que pensam isso. Está longe de ser incomum
ouvir pessoas repreendidas ao se comportarem de uma forma questionável
dizerem coisas como “não há lei contra isso”, como se esse fosse um
argumento conclusivo. Para essas pessoas, a lei determina não apenas o
que é legal, mas também o que é certo e adequado.
Esse
tipo de raciocínio é sintoma e causa da ausência de um código moral
inexequível, mas que seja obedecido, senão por todos, ao menos por
grande parte da população. Como sabia Edmund Burke, quando não há limite
interno, deve haver um limite externo, isto é, a lei, que será
permissiva e repressiva ao mesmo tempo.
Theodore Dalrymple é colaborador do City Journal, membro do Manhattan Institute e escritor.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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