Quanto mais cedo você entender essa realidade, melhor será sua vida. Isaac Morehouse para o Instituto Mises:
Recentemente,
vi um cidadão reclamando do "capitalismo" no Twitter. Ele estava
frustrado com o fato de que só consegue ganhar dinheiro caso seu
trabalho seja valorizado por alguém. Isso, segundo o cidadão, é a prova
de que o capitalismo não presta.
Para começar, ele escolheu o culpado errado.
O
capitalismo (vamos pressupor que, por este termo, ele esteja se
referindo ao "livre mercado") não determina nada sobre o que é valioso e
sobre o que deve ser valorado. O capitalismo é simplesmente um sistema
de comunicação que retransmite informações sobre realidades que sempre
existiram. Quais realidades? As básicas: os recursos são escassos; as
pessoas valorizam diferentemente cada bem ou serviço; as pessoas querem
satisfazer seus desejos.
De tudo isso surge o sistema de preços.
O
que é realmente notável sobre o livre mercado é que ele fornece
informações melhores, mais rápidas, mais claras e mais detalhadas sobre a
realidade do que qualquer outro arranjo. O mecanismo de preços nos
deixa saber o que está sendo mais valorado pelas pessoas, o quanto a
mais, e em relação ao quê. Ele transmite a informação necessária para
que as pessoas direcionem corretamente recursos e os utilizem em seu
melhor potencial, desta maneira criando riqueza.
Se
você comprar tintas e um quadro em branco por $100, pintá-lo ao seu
gosto, mas ninguém quiser comprar seu trabalho final por mais de $50,
você provavelmente ficará irritado com o mercado. "Ninguém valoriza meu
trabalho!". Mas isso seria uma atitude tola. O mercado apenas comunicou a
você uma simples realidade: as pessoas valorizam o quadro em branco e a
tinta muito mais do que aquilo que você criou utilizando esses dois
materiais. O seu trabalho não criou valor para ninguém. Você gostaria
que as pessoas dessem mais valor à sua "obra de arte", mas elas não
concordam.
Pior
ainda: as pessoas estão voluntariamente lhe dizendo que você destruiu
valor. Você adquiriu materiais que valiam $100 e então adicionou
criatividade e mão-de-obra a esses materiais, e gerou um produto final
valorado em apenas $50 pelas pessoas. Você não apenas teve um prejuízo
financeiro, como também subtraiu riqueza da sociedade, imobilizando
recursos escassos em produtos pouco valorados.
Este
simples exemplo contém lições valiosas. Não é a "dificuldade" do seu
trabalho e nem muito menos o seu gosto pessoal o que irá determinar seus
ganhos financeiros, mas sim a maneira como as pessoas voluntariamente
valorizam aquilo que você produz.
Se a sua produção não agrada os gostos subjetivos dos consumidores, nada feito.
O
valor de um produto ou serviço, bem como o quanto você será remunerado
por ele, não deriva da quantidade de trabalho despendida em sua
execução. Tampouco depende do quão belo você pensa que seu trabalho é. O
valor de um bem (seja uma mercadoria ou um serviço) depende do uso e do
grau de importância pessoal (subjetiva) que um consumidor
voluntariamente confere a ele. Se o bem servir para algum fim ou
propósito, então terá valor para ao menos essa pessoa. Você terá criado
riqueza. Caso contrário, você terá destruído riqueza.
Quanto
mais cedo você aceitar essa realidade, mais rapidamente poderá se
reajustar, se adaptar e descobrir como criar riqueza para você criando
valor para terceiros.
Não tente adulterar
Um
mundo em que estes sinais enviados pelo mecanismo de preços estão
ocultos ou distorcidos — por leis, subsídios, regulações,
protecionismos, impostos ou mesmo por suas próprias ilusões — é um mundo
que está continuamente destruindo valor e destruindo recursos escassos,
retirando-os de suas melhores utilizações e os direcionando para as
piores.
É um mundo que está, na melhor das hipóteses, retardando a criação de riqueza.
Conhecemos vários arranjos
que já tentaram isso, e o resultado é sempre o mesmo: pobreza em massa,
fome, mortes, e a insignificância do indivíduo. Parece dramático, mas é
verdade.
Não
há como alterar a realidade. Você pode, no máximo, apenas tentar
adulterar o sistema (capitalismo) que comunica essa realidade. Porém,
quanto piores as informações que você tiver sobre a realidade, piores
serão as suas tentativas de navegar em busca de seus objetivos. Mais
frustrado você será, e mais riqueza destruirá.
Conclusão
O
mercado é apenas um processo de comunicação por meio do qual os seres
humanos tentam decidir qual a melhor maneira de utilizar recursos
escassos de modo a satisfazer os mais urgentes desejos e necessidades.
Transações
comerciais e preços de mercado são a maneira como explicitamos as
nossas percepções subjetivas de valor. Cada transação que foi realizada
ou que deixou de ser realizada nos permite encontrar melhores maneiras
de produzir bens e serviços que estão sendo mais valorizados pelas
pessoas.
Querer
distorcer os sinais de mercado para fazer com que eles se conformem aos
seus desejos não apenas é contraproducente, como ainda é destrutivo
para o bem-estar de todos. Isso fará apenas com que os incentivos fiquem
errados, com que a realidade seja obscurecida e com que a riqueza deixe
de ser criada.
Acima de tudo, tornará piores e mais frustrantes seus objetivos de realização pessoal.
Sim, o livre mercado é seu amigo, e ele está constantemente lhe passando informações sobre o que você deve ou não deve fazer.
Não fique irritado com as informações. Aprenda a usá-las.
BLOG ORLANDO TAMBOSI

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