A ideia de que possa haver uma repartição pública de grande porte com a função de cuidar 'do trabalho' é um disparate intensamente ridículo. J. R. Guzzo via Oeste:
De
tudo o que o poder público do Brasil foi capaz de criar em matéria de
ruindade pura, nada, provavelmente, foi tão ruim quanto o Ministério do
Trabalho. A ideia de que possa haver uma repartição pública de grande
porte (de “nível ministerial”, como gostam de dizer em Brasília) com a
função de cuidar “do trabalho” é, para começo de conversa, um disparate
intensamente ridículo. Como assim, “do trabalho”? É incompreensível.
Desde quando alguém precisou de um “ministério”, ou do “governo”, para
trabalhar, ou para progredir no trabalho? Desde que Adão e Eva foram
informados de que, a partir da maçã e de outros problemas, estavam
condenados a ganhar o pão com o suor de seu rosto, um bocado de gente
tem trabalhado neste mundo, em todo tipo de coisa e em todo tipo de
condição — mas nunca, em momento algum, um trabalhador ganhou alguma
coisa pelo fato de haver um “Ministério do Trabalho” perto dele.
Governos,
como se sabe, são obras-primas em matéria de vigarice quando tratam de
inventar despesas, criar empregos públicos e beneficiar os interesses
dos políticos com a desculpa de que estão “ajudando a população”. Ajudam
a si próprios, só isso. No caso do Ministério do Trabalho brasileiro,
não se sabe de nenhum caso de que alguém, ali, tenha trabalhado um dia
sequer em favor de um trabalhador — tudo o que fazem é empurrar
papelório de um lado para outro, tirar licença-prêmio e aposentar-se com
salário integral após passar uma vida sem fazer nada de útil. Pior:
além de não ajudar em nada aos que realmente trabalham, o Ministério do
Trabalho foi dando a si próprio, ao longo dos anos, o direito de
infernizar ao máximo a vida de quem trabalha — e de quem provê trabalho.
Ou seja: fazem exatamente o contrário daquilo que são pagos para fazer.
Os burocratas podem, por exemplo, expedir “licenças” para permitir que o
cidadão brasileiro trabalhe nisso ou naquilo; ganharam o poder, também,
de punir quem fornece emprego, de exigir documentos para que as pessoas
possam trabalhar e de impedir, quando querem, que um cidadão exerça
essa ou aquela atividade profissional. Há uma porção de outros
disparates criados contra o trabalho, mas não é preciso ir além. Em
suma: quem precisa de um atraso de vida desses?
Resposta:
o governo Bolsonaro precisa. Pior que isso, não precisava dois anos e
meio atrás, quando fechou essa geringonça e transformou tudo numa
secretaria pendurada no Ministério da Economia (onde não ajudava nem
atrapalhava em nada), mas voltou a precisar. As desculpas para criar o
bicho de novo são tão ruins, mas tão ruins, que não vale a pena perder
tempo com elas. O fato indiscutível é que o fechamento do Ministério do
Trabalho foi um dos momentos mais lúcidos do governo Bolsonaro; todos os
argumentos utilizados, na época, para acabar com essa aberração
continuam intactos. O que mudou foi a gritaria da mídia, da politicalha e
das classes iluminadas — e sabe-se muito bem que basta essa gente toda
gritar mais alto para o governo Bolsonaro se assustar e sair correndo
atrás de alianças com aquilo que existe de pior na política brasileira.
Danem-se os princípios que levaram o governo a agir no interesse do
público e fechar o Ministério do Trabalho. Os parasitas que querem
reabrir a quitanda são considerados importantes para barrar o
impeachment, os números do Datafolha, os editoriais irados que exigem a
exclusão de Bolsonaro da vida política brasileira e outras desgraças.
Então vamos fazer o que os parasitas querem; a estratégia política do
governo Bolsonaro é isso.
O
único ponto de contato entre o Ministério “do Trabalho” e a ideia
contida na palavra “trabalho” está nos milhares de empregos inúteis para
o interesse dos trabalhadores que esse pedaço do governo fornece aos
funcionários que dão expediente ali; mais nada. O presidente disse,
entre outras coisas, que a recriação do ministério não vai custar nada —
é tudo uma questão de mudar um quadrinho daqui para ali. O que ele sabe
mesmo a respeito disso? Em que momento, na história do Brasil, a
criação (ou recriação) de um ministério não custou nada? Sempre custa, e
quem ganha, sempre, é o lado exatamente contrário ao do interesse
público. Mais uma vez, é concentração de renda com a desculpa de
distribuir renda por meio dos “serviços do Estado” — que piada. Basta
pensar uns dez segundos na informação de que o Ministério do Trabalho
vai ser dirigido pelo deputado Onyx Lorenzoni para ver onde é que foram
amarrar o nosso burro. Segundo o presidente, “o Onyx” vai cuidar dessa
“questão importantíssima”. E até agora — que importância essa questão
tinha? Mais do que tudo, o que realmente interessa é uma dessas
perguntas que se faziam no “Teatro Corisco”, de Millôr Fernandes. “Você
acredita que a sua vida no trabalho vai ficar melhor com Onyx
Lorenzoni?” Pano extremamente rápido.
Todas
essas observações, é claro, são coisa de quem não entende nada de
política. Não gostou? Vem aqui no governo, para ver o que é bom. Quer a
volta do Lula? Por que não vai para Cuba? É onde estamos. Um lado é esse
aí, onde o que se tem, a maior parte do tempo, é um aglomerado de
generais correndo de um lado para outro sem nunca sair do lugar — e,
sobretudo, sem ter noção do que é governar um país com 200 milhões de
habitantes. O outro é Lula. O ex-presidente, por definição, é pior do
que qualquer coisa que exista no planeta Terra — por ser quem ele é, e
pelo Brasil suicida que vem junto com ele. Isso não melhora em nada o
caso do ministério.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
Nenhum comentário:
Postar um comentário