Foto: Eraldo Peres/AP
O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro
O ministro Sergio Moro (Justiça) afirmou à GloboNews que o
diretor-geral da Polícia Federal, Mauricio Valeixo, permanece no cargo e
tem a sua confiança. Questionado em seguida se há chance de Valeixo
deixar o cargo, o ministro respondeu: “Veja, como eu tenho as várias
funções aqui do Ministério da Justiça, as coisas eventualmente podem
mudar, mas ele está no cargo, permanece no cargo, tem a minha
confiança”. Moro permanecia calado desde que o presidente Jair Bolsonaro
(PSL) mudou seu discurso e retirou a carta branca prometida a ele como
ministro da Justiça. A recente interferência na Polícia Federal é
apontada internamente como a mais emblemática da falta de poder do
ex-juiz no cargo atual, mas episódios com teor semelhante se acumularam
ao longo de mais de oito meses do governo Bolsonaro. A PF é subordinada a
Moro, também enfraquecido em meio à divulgação de mensagens que mostram
sua atuação em parceria com os procuradores em diferentes processos da
Lava Jato e que colocaram em xeque sua atuação como juiz federal. Moro
ainda tem sofrido seguidas derrotas no Congresso, onde tramita o pacote
de medidas anticrime encaminhado por ele no início do governo. Na
entrevista, o ministro ainda foi questionado pela GloboNews se
permaneceria no cargo em caso da saída de Valeixo. “Não tenho essa
questão.” E disse ainda: “Não, não sou o chefe da Polícia Federal de
forma nenhuma. A única pessoa que eu indiquei foi o diretor da Polícia
Federal”. Quando confirmou o convite, em novembro de 2018, Bolsonaro
disse em entrevistas que tinha combinado com Moro que ele teria
“liberdade total” para o combate à corrupção e ao crime organizado. Em
uma das manifestações, o então presidente eleito citou a escolha do
chefe da Polícia Federal como uma das atribuições do ministro da
Justiça. Os últimos dias foram de crise entre Bolsonaro, Moro e a PF,
após o presidente atropelar a instituição e anunciar a troca do
superintendente no Rio de Janeiro. Em declaração sobre o assunto na
semana passada, o presidente ameaçou até trocar o comando do órgão, hoje
a cargo de Valeixo, que virou chefe da PF por escolha de Moro. Os dois
se conhecem há vários anos e trabalharam juntos na Operação Lava Jato.
Antes, Moro havia sido atropelado por Bolsonaro em pelo menos outros
cinco casos, desde a ordem de revogação da nomeação de uma suplente para
um cargo de conselho vinculado ao ministério até a demissão de um dos
seus maiores aliados, o presidente do Coaf (Conselho de Controle de
Atividades Financeiras). Entre colegas do ministro da Justiça, ninguém
consegue apontar vitórias que ele tenha tido entre quedas de braço com o
presidente. Em meio à crise com a polícia, Jair Bolsonaro foi claro no
recado: “Quem manda sou eu”, afirmou. Quando Moro aceitou seu convite
para largar 22 anos de carreira de juiz federal e assumir o Ministério
da Justiça, o presidente lançava mão de outro discurso.
Folhapress
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