No Brasil, 5,8% da população sofre de depressão, taxa acima da média global, que é de 4,4%. Isso significa que quase 12 milhões de brasileiros sofrem com a doença, colocando o país no topo do ranking no número de casos de depressão na na América Latina, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Enquanto no mundo houve uma redução nas mortes por suicídio nos últimos anos, em cerca de 32%, o Brasil segue na contramão desta tendência, tendo registrado, entre 2006 e 2015, um aumento de 24% no número de suicídios cometidos pela população de 10 a 19 anos.
Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (28) pela Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (ABRATA), Centro de Valorização da Vida (CVV) e a empresa farmacêutica Pfizer.
Tratar a depressão como doença é um dos primeiros passos para se reverter este quadro. A neurologista e líder médica da divisão da Pfizer dedicada às doenças crônicas não transmissíveis Elizabeth Bilevicius, sugere uma pesquisa no Google para se ter a dimensão do problema. "Basta digitar 'depressão é' para que o buscador complete com 'frescura' e 'falta de Deus'.  O próximo mês é conhecido como setembro amarelo, dedicado à prevenção do suicídio, que tem como uma de suas principais causas a depressão. E o Brasil é o país mais deprimido da América Latina, infelizmente, isso está muito ligado a tabus. Mas é preciso lembrar que a depressão é uma doença crônica como outra qualquer. Inclusive, existe uma causa genética", explica.
O médico psiquiatra Teng Chei Tung, coordenador do serviço de interconsultas e pronto-socorro do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, lista uma série de causas para o suicídio no Brasil, além do fator genético. Elas são divididas entre fatores fixos, como idade, sexo, grupo étnico, orientação sexual, e fatores potencialmente modificáveis, como os transtornos mentais, doenças físicas, acesso a meios (para se matar), isolamento social, dentre outros.
"Nesse sentido, merecem atenção fatores como o consumo de álcool e outras drogas entre os jovens, bem como o bullying e a presença de transtornos psiquiátricos não diagnosticados adequadamente", diz. Ele explica, ainda, que na grande maioria dos casos de pessoas que tentaram suicídio e não conseguiram concretizar, há arrependimento. "A imensa maioria se arrepende. Isso mostra que sempre é possível melhorar", explica.
Para isso é necessário buscar o tratamento adequado, geralmente, feito com medicamentos. A OMS ainda estabelece alguns passos básicos para prevenir o suicídio:
- Diagnóstico e tratamento de pacientes psiquiátricos
- Controle da posse de arma de fogo
- Controle de disponibilidade de substâncias tóxicas
- Reportagens cuidadosas na imprensa
- Programas de prevenção para populações específicas: policiais, profissionais de saúde mental, pacientes psiquiátricos graves e outros
- Programas regionais/nacionais de prevenção de suicídio