Em sua entrevista ao Jornal Nacional, o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) deixou claro o que pensa da Organização Globo e de suas estreitas relações com o poder, seja civil ou militar. Ao revidar às agressões dos entrevistadores, Bolsonaro desfechou ataques precisos, ao criticar os vultosos recursos que o governo federal repassa ao grupo de empresas de comunicação, assim como ao denunciar a pejotização dos empregados, que são convencidos a se tornarem pessoas jurídicas para que a empresa sonegue Imposto de Renda, INSS, FGTS e PIS, contabilizando os gastos de pessoal como “Despesas operacionais”.
Como os empregados também são beneficiados, ao pagar menos Imposto de Renda e não descontar INSS, os contratos ilegais são assinados prazerosamente por eles. E os prejuízos aos cofres públicos são absurdos.
ACUSAÇÕES – Na entrevista, ao responder à acusação de defender que homens e mulheres não devem necessariamente receber o mesmo salário, Bolsonaro afirmou que William Bonner e Renata Vasconcellos não recebem salários equivalentes.
A apresentadora respondeu que o salário de Bolsonaro é de interesse público, já que ele é deputado e candidato à Presidência, e o dela, não. E Bolsonaro contra-atacou, dizendo que os salários de Renata são pagos com recursos públicos investidos na Rede Globo. “Vocês vivem em grande parte de recursos da União. São bilhões que recebe o sistema Globo de recursos da propaganda oficial do governo”, disse o candidato.
Depois da entrevista, Bonner leu no Jornal Nacional nota preparada pela direção da O GLobo refutando a afirmação do candidato.
DIZ A O GLOBO – “O candidato Jair Bolsonaro afirmou que a TV Globo recebe bilhões de recursos da propaganda oficial do governo. É uma afirmação absolutamente falsa. A propaganda oficial do governo federal e de suas empresas oficiais corresponde a menos de 4% das receitas publicitárias e nem remotamente chega à casa do bilhão”, dizia a nota.
A contabilidade da Globo realmente registra este valor, mas no tocante à TV Globo, que é apenas uma das emissoras. Oficialmente, na forma da lei, só há cinco canais da Globo (Rio, São Paulo, Brasília, Recife e Belo Horizonte), mas o laranjal das afiliadas se perde na linha do horizonte.
A ORGANIZAÇÃO – A nota oficial se refere à TV Globo, não à Rede Globo, e muito menos à Organização Globo, que também recebe anúncios através de suas rádios, jornais e revistas, sem falar nos canais da Globosat, onde abunda a publicidade governamental.
Muitos outros patrocínios estatais não estão contabilizados na conta da Globo, como as generosas verbas do Sistema S, acertadas com o presidente Michel Temer em jantar oferecido pelos irmãos Marinho em outubro de 2017. Afinal, por que o Sesc tem de patrocinar telejornais na TV e promoções especiais no jornal O Globo? Por que o Sebrae é patrocinador do Faustão?
Por fim, quem é tão ingênuo que ainda possa acreditar na contabilidade da Organização Globo?
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