A uma semana das
eleições presidenciais, aproximadamente 10,3 milhões de eleitores – 7%
do universo de votantes – ainda não escolheram em meio ao baralho
eleitoral das 13 candidaturas em quem depositar confiança para presidir o
país. O grupo de eleitores indecisos que enfrentará as urnas no próximo
7 de outubro é quase duas vezes maior do que a diferença de 3,28% que,
no segundo turno de 2014, deu a vitória a Dilma Rousseff (PT) sobre
Aécio Neves (PSDB). Assim como em 2014, eles carregam nesta eleição uma
responsabilidade que não tinham nas disputas presidenciais entre 1994 e
2010, quando com ou sem o voto, o cenário da polarização entre o PT e o
PSDB dava o tom da corrida, praticamente decidida já no início das
campanhas. São diferentes perfis dos indecisos aqueles que ainda não
escolheram um candidato.
Em todas as eleições do Brasil
redemocratizado, as taxas de indecisos concentram, em média, o dobro de
mulheres em relação aos homens. Embora o comportamento político seja
explicado por um conjunto de variáveis psicossociológicas, demográficas e
econômicas – renda, escolaridade, religião, territorialidade, atividade
profissional, vínculos familiares – o gênero carrega maior poder
explicativo para indecisão feminina.
Histórica e culturalmente excluídas dos
espaços de poder e da vida partidária, sub-representadas com taxas que
variam entre 4% e 10% das cadeiras nos legislativos brasileiros, as
eleitoras levam mais tempo do que homens para se posicionar
politicamente. Uma das hipóteses para essa atitude sustenta que, ainda
carregando a maior parte do trabalho familiar, as mulheres, que em sua
rotina vivenciam mais intensamente a política por meio de sua
experiência com os serviços públicos – principalmente saúde, educação e
programas de distribuição de renda –, começam a prestar atenção aos
candidatos em disputa mais tarde, em geral, a partir do início da
propaganda eleitoral.
Não apenas os indecisos de 2018, que
neste momento da campanha eleitoral integram taxas históricas próximas
àquelas registradas nas quatro últimas eleições, mas um voto mais
volátil em que 40% informam que ainda podem mudar de opinião – num
cenário de judicialização da política – se soma ao potencial para
surpresas. A disputa deste ano se processa num ambiente político e
social movediço, que dificulta para o eleitor encontrar referências que
lhe sejam confiáveis: crise econômica, que se soma a um governo federal
fraco, incapaz de conduzir a própria sucessão, o presidente Michel
Temer (MDB) tornou-se o “ogro” da disputa, com os candidatos da base
eleitoral – como Geraldo Alckmin (PSDB) – e do próprio partido –
Henrique Meirelles (MDB) – negando vínculos políticos e relação de
participação no governo.
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