Do R7:
O valor desembolsado pelos cofres
públicos em um único contrato da Câmara dos Deputados para lavagem de
carros oficiais seria suficiente para custear as despesas do Museu
Nacional da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), atingido por
um incêndio na noite de domingo (2).
Segundo levantamento da Associação
Contas Abertas, a instituição custou R$ 643,5 mil em 2017. Para efeitos
de comparação, o contrato da Câmara para higienização e lavagem de 83
carros usados por 19 deputados que possuem cargos de direção é de R$
563,3 mil.
Na opinião de Gil Castello Branco,
fundador e secretário-geral da Contas Abertas, a dificuldade financeira
pela qual o museu passava não pode ser justificada pela falta de
recursos do governo federal.
"Com esse valor [despesas mensais], não dá para falar em falta de dinheiro", observa.
O governo federal não tem obrigação
direta em relação ao museu, já que faz repasses para a UFRJ, que também
sofre com cortes no orçamento da União. A universidade passa por uma
grave crise financeira e alega ter sido afetada pela "falta de
financiamento adequado" nos últimos quatro anos.
"A matriz orçamentária existente no
Ministério da Educação não aloca nenhum recurso para os prédios tombados
pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e
para os museus universitários. O mesmo acontece com o Ministério da
Cultura, que igualmente não prevê recursos para tais fins", disse nesta
segunda-feira a UFRJ por meio de nota.
Até o fim de agosto, o Museu Nacional havia recebido apenas R$ 98,1 mil em recursos: 15% dos recursos destinados no ano passado.
Desses R$ 98,1 mil que entraram nos
cofres da instituição em 2018, R$ 23,4 mil foram usados para manutenção e
conservação de máquinas e equipamentos. Outros R$ 21,2 mil foram para
desenvolvimento de estudos e pesquisas.
O museu
atingido pelo incêndio possuía o quinto maior acervo do mundo (20
milhões de itens), como um dos fósseis humanos mais antigos encontrado
até hoje nas Américas, com 12 mil anos de idade, batizado de Luzia.
A instituição funcionava na Quinta da
Boa Vista, palácio utilizado como residência da família real. Foi
naquele local que a imperatriz Leopoldina assinou a declaração de
independência do Brasil, em 1822.
O prédio iria passar por obras, que
incluiriam um sistema de combate a incêndios capaz de minimizar
tragédias como a que aconteceram. No entanto, o dinheiro aguardado desde
2015 só foi liberado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) agora em 2018.
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