Tarde de 1º de maio de 1966, um domingo. Durante a
bagunçada preparação da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo da
Inglaterra, os quatro times (verde, azul, branco e grená) do técnico
Vicente Feola fariam jogos-treino contra o Atlético e a Seleção Gaúcha
no Maracanã.
Na equipe verde, a primeira a entrar em campo, às 15h30, para enfrentar o Galo, carregava o peso de ser o único mineiro na lista de 47 nomes de Feola o então garoto Tostão, na época com 19 anos.
Apesar de não ter vestido a camisa amarela, que depois o consagrou, era a primeira partida do menino revelado no campinho do conjunto IAPI, na Avenida Antônio Carlos, pela Seleção num grande estádio.
E não era um estádio qualquer, era o Maracanã, que pela primeira vez via Tostão esbanjar a sua genialidade em seu gramado.
Ele marcou um gol diante do maior rival do Cruzeiro, mas talvez até pela emoção de pisar um palco sagrado, sua atuação não mereceu tanto destaque nas notas do “Jornal do Brasil”.
“TOSTÃO – Não foi o mesmo das outras vezes, preferindo lançar de longe, como meia-de-ligação, a ir auxiliar Célio na área. No entanto, com a bola dominada, não esconde suas virtudes de jogador habilidoso”, era a análise no “Jornal do Brasil” de 3 de maio de 1966.
Nos dois meses seguintes, a genialidade de Tostão lhe garantiu uma vaga na lista final de 22 nomes de Vicente Feola. O sonho de disputar uma Copa do Mundo e de jogar ao lado de Pelé se transformava em realidade. E o momento da estreia no Maracanã, pela Seleção, que ele não recordava, está resgatado.
Leia mais
‘A seleção de 70 uniu qualidade individual com força coletiva’
Bispo
A presença de Tostão entre os 47 nomes convocados por Vicente Feola em 28 de março de 1966, para a preáração de quase três meses para a Copa do Mundo da Inglaterra, provocou revolta em Minas Gerais.
Não pela presença do camisa 8 do Cruzeiro, que naquele momento, mesmo com 19 anos, já era um dos grandes craques do futebol brasileiro. Mas pela ausência de outros jogadores do futebol mineiro, sendo que Dirceu Lopes e Bougleaux, autor do primeiro gol do Mineirão, eram os mais reclamados.
E até Dom Serafim Fernandes de Araújo, na época Bispo Auxiliar de Belo Horizonte, reclamou da falta de mais mineiros na lista de Vicente Feola. E na sua crônica no jornal católico “O Diário” ele tratou exclusivamente de futebol, afirmando que além de Tostão, merecia estar na Seleção Dirceu Lopes (Cruzeiro) e Buião e Bougleaux (Atlético).
A crônica de Dom Serafim ganhou espaço no “Jornal do Brasil”, que noticiou a crítica do bispo à convocação de Vicente Feola.
Índio
Vários casos curiosos marcaram a passagem de Tostão pela Seleção Brasileira, principalmente nas suas idas e vindas a Belo Horizonte durante o período de preparação no Brasil. Nenhum supera o do dia em que ele se preparava para embarcar para o Rio de Janeiro, para se apresentar à comissão técnica, e foi confundido por um índio do Araguaia com um deputado.
Ao ver Tostão de terno, cercado pela imprensa e pelo público, o índio Oruma pediu ao “deputado” uma ajuda financeira à sua tribo, que passava por necessidades.
Chegando ao Rio de Janeiro, uma surpresa desagradável. Seu pai, Seu Oswaldo Andrade, que foi levá-lo ao Aeroporto da Pampulha, despachou sua mala no voo errado. E quando o jogador desembarcou, em companhia de Luís Lopes da Costa, Superintendente da Federação Mineira de Futebol (FMF), foi informado do problema.
Apelido
Na primeira volta a Belo Horizonte, depois dos exames médicos no Rio de Janeiro, Tostão foi recebido no Aeroporto da Pampulha pelo pai e por um vizinho. Cercado pela imprensa, falava da sua impressão pelos primeiros dias na Seleção Brasileira.
Segundo registram os jornais da época, quando comentava sobre o apelido de Fernandel (referência ao ator e cantro francês) que lhe foi dado por Garrincha, o vizinho que acompanhava seu pai o repreendeu.
Na equipe verde, a primeira a entrar em campo, às 15h30, para enfrentar o Galo, carregava o peso de ser o único mineiro na lista de 47 nomes de Feola o então garoto Tostão, na época com 19 anos.
Apesar de não ter vestido a camisa amarela, que depois o consagrou, era a primeira partida do menino revelado no campinho do conjunto IAPI, na Avenida Antônio Carlos, pela Seleção num grande estádio.
A programação dos jogos de 1º de maio de 1966 que foi publicada no "Jornal do Brasil"
Ele marcou um gol diante do maior rival do Cruzeiro, mas talvez até pela emoção de pisar um palco sagrado, sua atuação não mereceu tanto destaque nas notas do “Jornal do Brasil”.
“TOSTÃO – Não foi o mesmo das outras vezes, preferindo lançar de longe, como meia-de-ligação, a ir auxiliar Célio na área. No entanto, com a bola dominada, não esconde suas virtudes de jogador habilidoso”, era a análise no “Jornal do Brasil” de 3 de maio de 1966.
Nos dois meses seguintes, a genialidade de Tostão lhe garantiu uma vaga na lista final de 22 nomes de Vicente Feola. O sonho de disputar uma Copa do Mundo e de jogar ao lado de Pelé se transformava em realidade. E o momento da estreia no Maracanã, pela Seleção, que ele não recordava, está resgatado.
Leia mais
‘A seleção de 70 uniu qualidade individual com força coletiva’
Bispo
A presença de Tostão entre os 47 nomes convocados por Vicente Feola em 28 de março de 1966, para a preáração de quase três meses para a Copa do Mundo da Inglaterra, provocou revolta em Minas Gerais.
Não pela presença do camisa 8 do Cruzeiro, que naquele momento, mesmo com 19 anos, já era um dos grandes craques do futebol brasileiro. Mas pela ausência de outros jogadores do futebol mineiro, sendo que Dirceu Lopes e Bougleaux, autor do primeiro gol do Mineirão, eram os mais reclamados.
E até Dom Serafim Fernandes de Araújo, na época Bispo Auxiliar de Belo Horizonte, reclamou da falta de mais mineiros na lista de Vicente Feola. E na sua crônica no jornal católico “O Diário” ele tratou exclusivamente de futebol, afirmando que além de Tostão, merecia estar na Seleção Dirceu Lopes (Cruzeiro) e Buião e Bougleaux (Atlético).
A crônica de Dom Serafim ganhou espaço no “Jornal do Brasil”, que noticiou a crítica do bispo à convocação de Vicente Feola.
A matéria sobre a crônica de Dom Serafim no "Jornal do Brasil"
Vários casos curiosos marcaram a passagem de Tostão pela Seleção Brasileira, principalmente nas suas idas e vindas a Belo Horizonte durante o período de preparação no Brasil. Nenhum supera o do dia em que ele se preparava para embarcar para o Rio de Janeiro, para se apresentar à comissão técnica, e foi confundido por um índio do Araguaia com um deputado.
Ao ver Tostão de terno, cercado pela imprensa e pelo público, o índio Oruma pediu ao “deputado” uma ajuda financeira à sua tribo, que passava por necessidades.
Chegando ao Rio de Janeiro, uma surpresa desagradável. Seu pai, Seu Oswaldo Andrade, que foi levá-lo ao Aeroporto da Pampulha, despachou sua mala no voo errado. E quando o jogador desembarcou, em companhia de Luís Lopes da Costa, Superintendente da Federação Mineira de Futebol (FMF), foi informado do problema.
Apelido
Na primeira volta a Belo Horizonte, depois dos exames médicos no Rio de Janeiro, Tostão foi recebido no Aeroporto da Pampulha pelo pai e por um vizinho. Cercado pela imprensa, falava da sua impressão pelos primeiros dias na Seleção Brasileira.
Segundo registram os jornais da época, quando comentava sobre o apelido de Fernandel (referência ao ator e cantro francês) que lhe foi dado por Garrincha, o vizinho que acompanhava seu pai o repreendeu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário