Em áudio de conversa, Fabiano Silveira criticou operação Lava Jato e orientou investigados
Embora o presidente interino Michel Temer tenha tomado a decisão nesta segunda-feira (30) de manter no governo o ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, o titular da pasta está inclinado a entregar o cargo, segundo interlocutores do Palácio do Planalto. Temer pediu que Silveira permaneça, mas a resposta do ministro foi que ele não quer ser um "embaraço" para o presidente interino.
Em áudio de conversa divulgada neste domingo (29), Silveira criticou a Operação Lava Jato e orientou investigados quando era conselheiro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão que fiscaliza o Poder Judiciário. Fabiano Silveira foi gravado pelo ex-diretor da Transpetro, Sérgio Machado, agora delator da Operação. No áudio, depois de Machado criticar o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, Silveira diz: "Eles estão perdidos nessa questão [da Lava Jato]". Os áudios foram exibidos pelo programa Fantástico, da TV Globo.

Machado informou que foi à casa de Renan para conversar sobre providência a tomar em relação à Operação Lava Jato. Ele disse aos procuradores ainda que um outro advogado, Bruno Mendes, esteve no encontro.
A reportagem indica que o agora ministro Fabiano Silveira e o advogado Bruno Mendes orientaram os investigados sobre como lidar com a Procuradoria-Geral da República (PGR). O ministro também teria procurado integrantes da força-tarefa da Lava Jato para pedir dados de inquéritos sobre Renan Calheiros.
O ministro também recomendou que Renan não adotasse argumentos específicos. "Está entregando já a sua versão pros caras da... PGR, né. Entendeu? (...) Quando você coloca aqui, eles vão querer rebater os detalhes que colocou", afirmou.
Fabiano recomendou ainda que Sérgio Machado procurasse o relator de um dos processos da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), sem citar nomes.
Em outro trecho, Renan manifesta preocupação com um processo específico da Lava Jato, a denúncia de que sua campanha teria recebido R$ 800 mil como propina numa licitação de frota na Transpetro. "Cuidado, Fabiano! Esse negócio do recibo... Isso me preocupa pra caralho", disse o presidente do Senado.
Em nota enviada à imprensa, Silveira disse ter comparecido “de passagem” à residência do presidente do Senado, sem saber da presença de Sérgio Machado, com quem não tem nenhuma relação pessoal ou profissional. Ele negou ter feito qualquer intervenção em órgãos públicos a favor de terceiros. “Chega a ser um despropósito sugerir que o Ministério Público [...] possa sofrer interferências”, diz a nota.
Segundo a assessoria do ministro, após ter sido procurado pela produção do Fantástico, o ministro entrou em contato com o presidente interino Michel Temer e seguiu para assistir a reportagem ao lado de Temer, que teria dito não haver enxergado críticas à Lava Jato nas declarações de Silveira. Ainda segundo a assessoria, Silveira não poderia, à época das gravações, “sequer imaginar que se tornaria ministro”.
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