Medida foi anunciada pelo Ministério da Justiça após estupro coletivo de adolescente no Rio de Janeiro. Ainda não há metas, prazos ou valores estabelecidos para a estratégia
"O ministério vai auxiliar as polícias locais. Vamos usar a verba que poderia ser usada para a Força Nacional. Nós colocamos esse dinheiro diretamente para as polícias dos Estados. Em vez de se utilizar em algumas operações a Força Nacional, esse mesmo dinheiro, essa diária, é mais exitosa se você investir na polícia local, para que ela possa nessas horas extras realizar policiamento, investigação nos locais indicados. A polícia local, como polícia comunitária, é que conhece melhor as localidades onde ocorre a violência doméstica. Essa foi a opção que apresentei a todos os secretários e eles concordaram que é a melhor opção", disse Moraes depois de se reunir por quase quatro horas com os secretários de Segurança Pública dos 26 Estados e do Distrito Federal em Brasília. Temer abriu a reunião e afirmou que há uma onda crescente de violência contra a mulher - segundo o peemedebista, um "mal permanente" no Brasil. "Vamos estabelecer um protocolo único de atendimento à vítima mulher, de encaminhamento a psicólogos, quando houver necessidade, aos médicos."
O ministro negou que os trabalhos da Força Nacional sejam esvaziados. Segundo Moraes, o efetivo criado no governo do PT terá outras missões, em auxílio a Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Ministério da Defesa e Itamaraty no policiamento de fronteiras e nos Jogos Olímpicos.
A ideia é que o Ministério da Justiça repasse a verba, por meio de convênios com os governos estaduais, para pagar diárias extras aos policiais civis e militares, que deverão ser direcionados ao combate à violência doméstica e contra a mulher. O governo, assim, pagará por uma espécie trabalho adicional de cada policial no período de folga. O ministro disse que pretende, dessa maneira, aumentar o efetivo do policiamento ostensivo e das delegacias da mulher, que investigam estupro.
Para tanto, as polícias estaduais terão de enviar ao Ministério um diagnóstico local de cada Estado, com dados de efetivo e incidência dos crimes com localização por regiões. Ex-secretário do governo paulista, Moraes afirmou que, a partir de um mapeamento feito na Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (cujos resultados não foram divulgados pelo ministro) ficou demonstrado que há uma relação entre estupros, homicídios, feminicídio e violência doméstica nas áreas de criminalidade. "As manchas de violência doméstica coincidem, em todos os pontos do Estado, com o maior número de homicídios, e não só da mulher", disse Moraes.
O novo Núcleo de Proteção à Mulher do Ministério da Justiça vai ser responsável por verificar a necessidade exata de criação de um departamento na Polícia Federal, segundo Moraes.
O ministro também disse que é preciso fazer uma campanha de conscientização para que as mulheres registrem os casos de estupro e se diminua, assim, a subnotificação. Ele afirmou que em cerca de 70% dos casos o agressor é conhecido da vítima - 32% seriam amigos ou namorados e 38% algum familiar.
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