Divulgada ontem, a entrevista de Dilma Rousseff concedida à “Folha de S. Paulo” na quarta-feira da semana passada deixou claro que Madame não vai bem. De ex-presidentes, ou quase isso, só Jânio Quadros deu tantas provas de desequilíbrio. Ela declarou que “o partido de Temer pretendia, ao assumir o governo, barrar a Operação Lava Jato”. Mais ainda: que Romero Jucá tentou delimitar as investigações. Incluiu Renan Calheiros na trama, esquecendo-se que 367 deputados e 55 senadores votaram as preliminares de seu impeachment. Negou haver cometido crime de responsabilidade e prometeu retornar ao poder, porque vários senadores que votaram pela seu afastamento apenas admitiram a admissibilidade da iniciativa.
Estaria a já quase ex-presidenta dissociada de suas faculdades? Primeiro, por haver desaprendido as quatro operações; depois, por não saber chorar, como se vangloria. Melhor teria feito se ficasse restrita às suas bicicletas, poupando críticas e diatribes ao Congresso e aos políticos dos quais se tornou desafeto. Em especial Michel Temer, que age no sentido oposto. Até agora não acusou a antecessora por traição.
Aguarda-se a defesa de Madame, em elaboração pelo seu antigo ministro da Justiça. Caso insista na tese de haver sido apunhalada pelas costas, arrisca-se até a perder mais senadores, no confronto final. É precisamente o que deseja o novo governo. Fica evidente que mais entrevistas significarão menos chances de retornar. Quase nulas. A hora, para a presidente afastada, seria de silêncio ostensivo. Entrevistas, só com senadores propensos a mudar de voto. Dois ou três bastariam…
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