Brasileiro percorre o mundo realizando corridas de aventura.
Na Mantiqueira, percurso de 397 quilômetros na mata foi debaixo de chuva.
Ele cruzou os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro no trajeto chamado Transmantiqueira. A viagem aconteceu em fevereiro deste ano, quando ele trocou a agitação da capital pelo som apaziguador da natureza. Foram 397 quilômetros percorridos em quase uma semana com apenas 18 horas de sono. Das cidades paulistas, o aventureiro passou por Campos do Jordão e chegou ao pico da Pedra do Baú, em São Bento do Sapucaí.
“Estamos falando de uma travessia selvagem, sem demarcações ou mapas atualizados. Posso dizer que 65% se deu em sua crista [da Serra] e mais de 80% em matas fechadas ou maciços montanhosos”, explica Bucciarelli, adepto a esportes desde criança. O trajeto, considerado um dos mais difíceis no país, já havia sido realizado por ele há dois anos com um amigo. Desta vez, ele foi sozinho.
Travessia Transmantiqueira foi realizada em
fevereiro (Foto: Arquivo Pessoal/André Dib)
“A Mantiqueira para mim é um santuário. Quando me refugio nela sinto
uma paz incrível. Tenho uma relação espiritual muito forte com suas
montanhas e matas. Existe uma magia em toda sua extensão que me conecta
com a sua história, tradição e folclore. Quando estou triste, busco nela
conforto”, afirma Bucciarelli.fevereiro (Foto: Arquivo Pessoal/André Dib)
Quase todo o trajeto do engenheiro em meio à mata foi regado por chuva, dificultando o percurso e exigindo ainda mais resistência. “Minha intenção é chamar a atenção para a preservação da Mantiqueira, principal fonte hídrica de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, atualmente enfrentando sua principal crise no abastecimento d'água. Eu amo a Mantiqueira em qualquer época do ano, mas eu prefiro quando ela chora”, diz em alusão à maneira como o local era chamado por índios, por conta das nascentes em suas encostas.
O tamanho do mundo parece não intimidar o paulista, que é formado em física. Seus percursos incluem lugares exóticos, entre eles a montanha Monte Elbrus, a mais alta da Europa. Somente no ano passado, foram 70 destinos, 10 deles fora do Brasil. Neste ano, além da Mantiqueira, Bucciarelli também cruzou o Oceano até ao Paquistão, de onde chegou há poucos dias.
“Quando estou viajando, busco sempre realizar algum desafio pessoal. A maioria deles realizo de forma particular, sem divulgar. Aproveito assim para expandir meu conhecimento sobre o nosso país ou outras regiões”, conta o engenheiro. Os custos com o trajeto são bancados por ele mesmo, com o apoio de amigos. Alguns deles o acompanham em pontos estratégicos fazendo registros em fotos e vídeos dos caminhos percorridos. Adepto a corrida de aventura, Pablo ainda trabalha no mercado de seguros quando não está na estrada.
A busca é infinita e o caminho longo. Não procuro atalhos"
Bucciarelli
“Nessas andanças, acabo entrando mais a fundo nas minhas buscas pessoais. Às vezes encontro respostas, as vezes mais perguntas. Mas, a busca é infinita e o caminho longo. Não procuro atalhos, quero viver cada momento com sabedoria e aprender lições”.
Engenheiro passou pela Pedra do Baú em São Bento do Sapucaí (Foto: Arquivo Pessoal/André Dib)
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