Enquanto isso, Dilma faz comícios e dá entrevistas em horário de trabalho.
A piora do cenário econômico na Argentina, em desaceleração desde o fim
do ano passado, e seu impacto sobre o setor automotivo tem contribuído
para derrubar a produção industrial brasileira, que encolhe há quatro
meses seguidos, segundo o IBGE. Em junho, a produção industrial brasileira caiu 6,9% em comparação com
junho do ano passado, no pior resultado desde setembro de 2009, quando
fechou em -7,4%. Em relação a maio, o setor encolheu 1,4%, o pior
resultado desde março.
Dos 2,6% de queda acumulada na indústria em 2014, 1,9 ponto percentual,
ou quase 75% desse mau resultado, vem da produção de veículos, que sofre
pesadamente o encolhimento do país vizinho. A exportação de veículos brasileiros para a Argentina caiu 36% entre
janeiro e julho, de acordo com o Ministério de Desenvolvimento,
Indústria e Comércio.
Muito sensível aos juros e ao crédito, o setor de bens duráveis (que
inclui automóveis e eletrodomésticos) recuou 24,5% em relação a maio e
34,3 % sobre junho de 2013. Com o impasse da dívida argentina, a
tendência é que a indústria continue sofrendo.
O setor foi particularmente pressionado pela menor fabricação de
automóveis, que recuou 35,1%, influenciado por férias coletivas em
várias unidades produtivas. "O imbróglio da dívida é difícil de resolver, o que pode trazer mais
problema para a indústria", diz Guilherme Mercês, gerente de economia e
estatística da Firjan (Federação das Indústrias do Rio).
Além da crise argentina, dos juros e inflação em alta, da desaceleração
da economia e desconfiança do empresário e do consumidor, as paradas
devido à Copa, ajudaram a afundar o setor.
LONGA QUEDA
"A Copa contribuiu mas não é determinante. A piora dos indicadores já
vem sendo verificada desde outubro do ano passado, e é disseminada por
vários segmentos", disse André Macedo, gerente de pesquisa do IBGE.
Desde outubro, a indústria perdeu 6,5% da produção, segundo o IBGE. E
dos 24 setores pesquisados pelo instituto, 18 tiveram desempenho pior em
relação a maio.
A desconfiança do empresário com o cenário macroeconômico é medida pela
forte queda na produção da indústria de máquinas, equipamentos e
caminhões, de 9,7% em relação a maio e de 21,1% em relação a junho de
2013. "A confiança dos empresários está muito baixa, e assim eles investem
menos", diz Rafael Bacciotti, economista da Tendências Consultoria.
Preocupados com o ritmo do mercado de trabalho --junho foi o pior em
criação de empregos, segundo o Ministério do Trabalho--, consumidores
tendem a evitar dívidas. Sofreram também os produtores de televisões
(queda de quase 30% no mês), depois de um início de ano de vendas
fortes. Os estoques estão acima do normal na maior parte da indústria,
diz
Macedo, do IBGE, e contribuem para piorar o humor do empresário.
"A possibilidade de recuperação do setor existe, mas sua ocorrência vem
se tornando cada dia mais incerta", diz Bacciotti. A Firjan prevê queda
de 2% no setor em 2014.
BLOG DO CORONEL
Nenhum comentário:
Postar um comentário