sábado, 2 de agosto de 2014

Exportações de automóveis caem 36% e indústria caminha para demissões.

Enquanto isso, Dilma faz comícios e dá entrevistas em horário de trabalho.

A piora do cenário econômico na Argentina, em desaceleração desde o fim do ano passado, e seu impacto sobre o setor automotivo tem contribuído para derrubar a produção industrial brasileira, que encolhe há quatro meses seguidos, segundo o IBGE. Em junho, a produção industrial brasileira caiu 6,9% em comparação com junho do ano passado, no pior resultado desde setembro de 2009, quando fechou em -7,4%. Em relação a maio, o setor encolheu 1,4%, o pior resultado desde março. 
Dos 2,6% de queda acumulada na indústria em 2014, 1,9 ponto percentual, ou quase 75% desse mau resultado, vem da produção de veículos, que sofre pesadamente o encolhimento do país vizinho. A exportação de veículos brasileiros para a Argentina caiu 36% entre janeiro e julho, de acordo com o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio. 
Muito sensível aos juros e ao crédito, o setor de bens duráveis (que inclui automóveis e eletrodomésticos) recuou 24,5% em relação a maio e 34,3 % sobre junho de 2013. Com o impasse da dívida argentina, a tendência é que a indústria continue sofrendo. 
O setor foi particularmente pressionado pela menor fabricação de automóveis, que recuou 35,1%, influenciado por férias coletivas em várias unidades produtivas. "O imbróglio da dívida é difícil de resolver, o que pode trazer mais problema para a indústria", diz Guilherme Mercês, gerente de economia e estatística da Firjan (Federação das Indústrias do Rio). 
Além da crise argentina, dos juros e inflação em alta, da desaceleração da economia e desconfiança do empresário e do consumidor, as paradas devido à Copa, ajudaram a afundar o setor. 
LONGA QUEDA
"A Copa contribuiu mas não é determinante. A piora dos indicadores já vem sendo verificada desde outubro do ano passado, e é disseminada por vários segmentos", disse André Macedo, gerente de pesquisa do IBGE.  Desde outubro, a indústria perdeu 6,5% da produção, segundo o IBGE. E dos 24 setores pesquisados pelo instituto, 18 tiveram desempenho pior em relação a maio. 
A desconfiança do empresário com o cenário macroeconômico é medida pela forte queda na produção da indústria de máquinas, equipamentos e caminhões, de 9,7% em relação a maio e de 21,1% em relação a junho de 2013. "A confiança dos empresários está muito baixa, e assim eles investem menos", diz Rafael Bacciotti, economista da Tendências Consultoria. 
Preocupados com o ritmo do mercado de trabalho --junho foi o pior em criação de empregos, segundo o Ministério do Trabalho--, consumidores tendem a evitar dívidas. Sofreram também os produtores de televisões (queda de quase 30% no mês), depois de um início de ano de vendas fortes. Os estoques estão acima do normal na maior parte da indústria, diz Macedo, do IBGE, e contribuem para piorar o humor do empresário. 
"A possibilidade de recuperação do setor existe, mas sua ocorrência vem se tornando cada dia mais incerta", diz Bacciotti. A Firjan prevê queda de 2% no setor em 2014. 
A indústria só não foi pior em junho porque a Petrobras contribuiu com suas refinarias que operam em 96% da capacidade, ante 92% em 2011. O segmento que inclui o refino cresceu 6,6%, frente a maio, e 2,1% em relação a junho de 2013. A Petrobras está levando as refinarias ao limite para importar menos combustíveis e reduzir as perdas com a venda abaixo do custo internacional. Os combustíveis não têm reajuste há oito meses
BLOG DO CORONEL

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