MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 30 de agosto de 2014

Muçulmanos ganham primeira mesquita no Espírito Santo


Grupo abriu há um mês local de orações na capela da Ufes.
Rituais e orações acontecem todas as sextas-feiras.

Do G1 ES, com informações de A Gazeta *
Mulheres se destacam pelo uso de roupas mais comportadas, além do véu (Foto: Ricardo Medeiros/ A Gazeta)Mulheres se destacam pelo uso de roupas mais comportadas, além do véu (Foto: Ricardo Medeiros/ A Gazeta)
Um canto agudo ecoa pelos corredores do Centro de Vivência da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Dois estudantes se aproximam e, na pequena capela do Centro, se deparam com uma cena atípica para o dia a dia do capixaba: seguidores do islã ajoelhados, curvados em direção a Meca – cidade sagrada pelos   muçulmanos  – e orando em língua árabe.
É que, há pouco mais de um mês, um grupo de   muçulmanos  fundou ali a primeira mesquita (templo muçulmano) do estado. Eles se reúnem no local todas as sextas-feiras, e têm atraído jovens universitários curiosos pela cultura árabe, além de membros de outras religiões.
Antes de conseguir o espaço na Ufes, o grupo se reunia em casas de amigos e em parques da Capital para fazer as orações. Apesar de o último censo do IBGE apontar que no estado apenas 76 pessoas se autodeclaram muçulmanas, o professor Hadi A. Khalifa, um dos fundadores do templo, acredita que esse número pode aumentar.
Religioso usa espaço cedido pela Ufes (Foto: Ricardo Medeiros/A Gazeta)Religioso usa espaço cedido pela Ufes
(Foto: Ricardo Medeiros/A Gazeta)
“Não precisa ser muçulmano para participar dos cultos. A Ufes abriu esse espaço pra gente participar da construção do cenário religioso do estado. Não tem restrição de raça, cor, origem. Podem participar estudiosos, jornalistas e demais interessados por conhecer a cultura árabe e islâmica”, afirma o professor de Engenharia Eletrônica Khalifa, que é natural da Líbia, mas mudou-se para o Brasil há mais de 25 anos e, há três anos, reside em Cariacica.
No grupo que se reúne na Ufes, mulheres acabam se destacando pelo uso de roupas mais comportadas, que cobrem braços, pernas e pescoço, além do véu. Os homens deixam a barca crescer, e passam a usar tarbush, um pequeno chapéu de feltro ou pano. No entanto, não é necessário o uso de vestimentas específicas para participar dos sermões.
Há nove anos, o roteirista Thiago Queiroz, 31, teve o primeiro contato com o Islã e, há cinco, ele se converteu. Para se tornar um muçulmano, não precisa de batismos ou rituais. Basta admitir que Alá é o único deus e Maomé seu profeta, na presença de outro muçulmano que testemunhe o ato. “Sou de família católica e não conhecia nada da cultura muçulmana. Até que fui trabalhar num aeroporto, e conheci o islã. Mudei minha rotina completamente e sou uma pessoa muito mais feliz”, diz Thiago.
Dentro da Ufes, a ideia do grupo é facilitar para que interessados em conhecer o islã tenham à religião , venham elas se tornarem muçulmanas ou não. “O espaço por enquanto é improvisado, mas a ideia é ter um tempo próprio”, avalia Thiago. Para tornar a religião mais acessível, o sermão na Ufes é feito parte em árabe e parte em português.
Orações acontecem às sextas-feiras, na Ufes de Goiabeiras (Foto: Ricardo Medeiros/ A Gazeta)Orações acontecem às sextas-feiras, na Ufes de Goiabeiras (Foto: Ricardo Medeiros/ A Gazeta)
Mapeamento
Com o funcionamento da mesquita na Ufes, a Comunidade Muçulmana Capixaba pretende realizar o mapeamento de todos os seguidores do islã que residem no estado.
Além de Vitória, há registro de muçulmanos morando em São Mateus, Guarapari, Vila Velha e Cariacica. Eles são universitários, funcionários públicos ou privados, e profissionais liberais, alguns oriundos de outros países, como Egito, Marrocos, Iraque, Síria e Palestina.
“Esse lugar é um marco histórico para a gente começar a se reunir. Com a ajuda de Alá, queremos divulgar nossa cultura para todo o estado. A gente vem para enriquecer a diversidade”, diz Hadi A. Khalifa.
De acordo com Thiago Queiroz, a Comunidade Muçulmana Capixaba também recebe seguidores do islã de diversas partes do mundo, além de recepcionar estudantes intercambistas e trabalhadores de multinacionais oriundos de países islâmicos.
Projeções do Instituto de Pesquisas Norte-americano Pew Research Center mostram que, embora no Brasil ainda sejam poucos, o número global de muçulmanos deve aumentar cerca de 35% nos próximos 20 anos, passando dos atuais 1,6 bilhão para 2,2 bilhões, até 2030. Assim, a população muçulmana deverá crescer duas vezes mais do que as demais religiões. O Brasil está entre os 105 países com menos de 1% da população professando a fé islâmica. Mas há 32 países em que mais de 90% da população é muçulmana.
* Com colaboração de Patrik Camporez, do jornal A Gazeta.

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