Rafael Moraes Moura | Agência Estado
A Comissão de Ética Pública da Presidência da República decidiu nesta segunda-feira pedir explicações ao ministro-chefe da Advocacia-Geral da União, Luís Inácio Adams, após revelações de que a sindicância instalada na AGU para apurar o envolvimento de servidores no esquema da Operação Porto Seguro encontrou "evidentes indícios" de irregularidade na conduta do ministro.
A sindicância considerou as suspeitas "graves", o que poderia levar à abertura de um processo administrativo disciplinar contra Adams. A suspeita contra Adams, no entanto, foi arquivada pelo corregedor-geral da Advocacia da União, Ademar Passos Veiga.
"Pedimos informações (ao ministro). Quando vierem as informações, vamos ver se abrimos ou não abrimos (processo). Ainda não (tem processo aberto). Ele vai responder o que quiser, eu não posso dar instruções pra defesa dele", disse o presidente da Comissão de Ética, Américo Lacombe.
Questionado sobre quais esclarecimentos gostaria de receber do ministro, Lacombe respondeu: "Eu quero saber tudo, o que houve, o que não houve, se a Corregedoria é realmente independente, se não é, quero saber tudo."
A comissão também vai pedir explicações ao corregedor, que, assim como Adams, terá dez dias úteis para apresentar a resposta. O conteúdo da sindicância foi publicado pela "Folha de S.Paulo". "Não achei nada demais (a revelação do jornal), achei uma notícia como outra qualquer, vamos ver agora se ela é verdadeira ou não", afirmou Lacombe.
A AGU informou que enviaria nesta segunda mesmo as informações para a Comissão de Ética. Em nota à imprensa, a AGU divulgou os "fundamentos que afastaram quaisquer indícios de irregularidade vislumbrados pela Comissão de Sindicância". "Registre-se que as provas obtidas nas investigações da Polícia Federal na operação Porto Seguro, em especial aquelas decorrentes da quebra dos sigilos telefônicos e da interceptação dos e-mails dos acusados, em nenhum momento coloca o Advogado-Geral da União como um dos seus interlocutores diretos", diz a nota.
O Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz) entrou na semana passada com uma representação pedindo que a Comissão de Ética Pública da Presidência da República faça uma investigação mais criteriosa sobre o suposto envolvimento de Adams no esquema denunciado pela Polícia Federal.
Conforme informou o jornal O Estado de S. Paulo no início deste mês, Adams já se rearticula politicamente para tentar reocupar o espaço perdido como integrante do chamado núcleo duro do governo.
"Ninguém valoriza o timoneiro que só navega por águas calmas. Não recomendo a ninguém passar o que eu passei, mas acabou sendo uma experiência significativa", afirmou o ministro na ocasião.
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