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Avaliação suprapartidária corrente nos meios políticos traduz o lançamento da candidatura da presidente Dilma Rousseff à reeleição como um movimento tático restrito à conveniência do ex-presidente Lula de antecipar o debate eleitoral, porém sem excluí-lo como alternativa em 2014, caso as circunstâncias políticas determinem.
A leitura reforça a percepção comum de que Lula mantém as rédeas da estratégia política do governo, atuando como um presidente paralelo, ou adjunto como provocou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Para não desperdiçar a oportunidade de analogia com Roma, uma espécie de presidente emérito, como sugerem os vaticanólogos aspirar o ex-papa Bento XVI.
São de Lula todos os movimentos estratégicos do governo, inclusive o que se refere aos momentos em que a presidente da República dissimula seu notório fastio para o exercício da política, submetendo-se ao script do seu criador para se dedicar à preservação das alianças destinadas a fidelizar sua ampla e heterogênea base de sustentação.
A cara de paisagem da presidente diante da decisão pública de Lula de trocar o vice-presidente Michel Temer pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), com o intuito de evitá-lo como concorrente em 2014, é um sinal ostensivo da submissão do Planalto ao comando político do ex-presidente.
Da mesma forma, a negação pela presidente Dilma do reconhecimento dos êxitos do governo Fernando Henrique, feito no início de seu governo, atende a uma cobrança do PT que jamais engoliu o elogio ao adversário. O momento eleitoral foi a oportunidade para Lula impor a “correção” e deixar o dito pelo não dito.
Seria natural a movimentação do ex-presidente em favor do que chama de projeto de governo popular que propaga desde sua posse, se desenvolvida dentro dos limites que configurassem a liderança da atividade partidária. Mas o ex-presidente jamais se manteve dentro dessa fronteira, fazendo de seu Instituto Lula, uma base de operações que o mantém na cena como a eminência parda , da qual emana o poder real.
Foi para prestigiar o Fórum pelo Progresso Social, promovido pelo Instituto Lula, que a presidente Dilma adaptou programação oficial em Paris, em dezembro passado, ocasião em que os ministros que a acompanhavam foram chamados para uma reunião com o ex-presidente.
Não foi a única: muitas outras ocorreram ostensivamente, dentro e fora do Instituto, uma delas com o então ministro da Educação, Fernando Haddad, que Lula fez ministro, depois prefeito de São Paulo, condição em que Haddad assistiu passivamente o padrinho político comandar a primeira reunião de seu secretariado.
São muitos os exemplos, importando observar que não há a mais remota preocupação em sequer criar pretextos que pudessem justificar partidariamente os encontros. São reuniões administrativas com objetivo claro de estabelecer diretrizes de gestão.
Seria o caso de lembrar a máxima do Conde de La Rochefoucauld, segundo a qual a “hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude”, na medida em que o hipócrita a reconhece ao tentar maquiar suas ações ilegítimas, dando-lhes aparência outra. Lula não está preocupado com liturgias públicas, induzindo a plateia à interpretação de que opera ostensivamente para sinalizar quem manda de fato.
Com esse comportamento, espanta que julgue ilegítimo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso se manifestar como presidente de honra do PSDB. “Eu acho que ele deveria ficar quieto”, disse, sem se dar ao trabalho de debater o mérito das questões levantadas pelo adversário.
É o mesmo viés autoritário que promove episódios lamentáveis como o das agressões à blogueira cubana Yoani Sanchez, parcialmente impedida de cumprir sua agenda no Brasil por manifestantes vinculados ao PT, cujo propósito único era o de inviabilizar sua programação. É a ação para calar a boca, DNA da doutrina do pensamento único, que predomina no mundo petista.
Pode se entender por aí, porque Lula concluiu da leitura do livro de Doris Kearns Goodwin, sobre a presidência de Abraham Lincoln à época da guerra civil norte-americana, que tem a mesma estatura do ex-presidente dos Estados Unidos, promotor da luta contra a escravidão.
“Fiquei impressionado como a imprensa batia no Lincoln em 1860, igualzinho bate em mim, porque é uma gente que não gosta de progressista”, disse, comparando-se ao estadista americano para, em seguida, propor a criação de uma mídia própria, para fazer circular sua versão de mundo.
FONTE: JOÃO BOSCO RABELLO - ESTADÃO
A leitura reforça a percepção comum de que Lula mantém as rédeas da estratégia política do governo, atuando como um presidente paralelo, ou adjunto como provocou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Para não desperdiçar a oportunidade de analogia com Roma, uma espécie de presidente emérito, como sugerem os vaticanólogos aspirar o ex-papa Bento XVI.
São de Lula todos os movimentos estratégicos do governo, inclusive o que se refere aos momentos em que a presidente da República dissimula seu notório fastio para o exercício da política, submetendo-se ao script do seu criador para se dedicar à preservação das alianças destinadas a fidelizar sua ampla e heterogênea base de sustentação.
A cara de paisagem da presidente diante da decisão pública de Lula de trocar o vice-presidente Michel Temer pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), com o intuito de evitá-lo como concorrente em 2014, é um sinal ostensivo da submissão do Planalto ao comando político do ex-presidente.
Da mesma forma, a negação pela presidente Dilma do reconhecimento dos êxitos do governo Fernando Henrique, feito no início de seu governo, atende a uma cobrança do PT que jamais engoliu o elogio ao adversário. O momento eleitoral foi a oportunidade para Lula impor a “correção” e deixar o dito pelo não dito.
Seria natural a movimentação do ex-presidente em favor do que chama de projeto de governo popular que propaga desde sua posse, se desenvolvida dentro dos limites que configurassem a liderança da atividade partidária. Mas o ex-presidente jamais se manteve dentro dessa fronteira, fazendo de seu Instituto Lula, uma base de operações que o mantém na cena como a eminência parda , da qual emana o poder real.
Foi para prestigiar o Fórum pelo Progresso Social, promovido pelo Instituto Lula, que a presidente Dilma adaptou programação oficial em Paris, em dezembro passado, ocasião em que os ministros que a acompanhavam foram chamados para uma reunião com o ex-presidente.
Não foi a única: muitas outras ocorreram ostensivamente, dentro e fora do Instituto, uma delas com o então ministro da Educação, Fernando Haddad, que Lula fez ministro, depois prefeito de São Paulo, condição em que Haddad assistiu passivamente o padrinho político comandar a primeira reunião de seu secretariado.
São muitos os exemplos, importando observar que não há a mais remota preocupação em sequer criar pretextos que pudessem justificar partidariamente os encontros. São reuniões administrativas com objetivo claro de estabelecer diretrizes de gestão.
Seria o caso de lembrar a máxima do Conde de La Rochefoucauld, segundo a qual a “hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude”, na medida em que o hipócrita a reconhece ao tentar maquiar suas ações ilegítimas, dando-lhes aparência outra. Lula não está preocupado com liturgias públicas, induzindo a plateia à interpretação de que opera ostensivamente para sinalizar quem manda de fato.
Com esse comportamento, espanta que julgue ilegítimo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso se manifestar como presidente de honra do PSDB. “Eu acho que ele deveria ficar quieto”, disse, sem se dar ao trabalho de debater o mérito das questões levantadas pelo adversário.
É o mesmo viés autoritário que promove episódios lamentáveis como o das agressões à blogueira cubana Yoani Sanchez, parcialmente impedida de cumprir sua agenda no Brasil por manifestantes vinculados ao PT, cujo propósito único era o de inviabilizar sua programação. É a ação para calar a boca, DNA da doutrina do pensamento único, que predomina no mundo petista.
Pode se entender por aí, porque Lula concluiu da leitura do livro de Doris Kearns Goodwin, sobre a presidência de Abraham Lincoln à época da guerra civil norte-americana, que tem a mesma estatura do ex-presidente dos Estados Unidos, promotor da luta contra a escravidão.
“Fiquei impressionado como a imprensa batia no Lincoln em 1860, igualzinho bate em mim, porque é uma gente que não gosta de progressista”, disse, comparando-se ao estadista americano para, em seguida, propor a criação de uma mídia própria, para fazer circular sua versão de mundo.
FONTE: JOÃO BOSCO RABELLO - ESTADÃO
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