BLOG ORLANDO TAMBOSI
A linguagem conquistadora causou, por exemplo, a Primeira Guerra Mundial. Deirdre McCloskey para a FSP:
As
pessoas gostam de falar sobre "brigar" por um objetivo, "lutar" pelos
direitos dos trabalhadores ou "atacar" seus adversários políticos
semelhantes a ratos ou sobre o Brasil "competir" com seus "inimigos",
como numa partida de futebol ou numa guerra. É muito emocionante.
A linguagem importa.
Uma
linguagem conquistadora e competitiva causou a Primeira Guerra Mundial,
por exemplo. E a linguagem agressiva de soma zero entre o Japão e os
Estados Unidos causou a parte do Pacífico na Segunda Guerra Mundial.
E você conhece o resultado da linguagem de Hitler sobre os judeus serem inimigos, "vermes".
Deveríamos
parar de falar assim. É estúpido, infantil, iliberal e perigoso para
nossa saúde. Em vez disso, deveríamos falar sobre persuasão. Aquele
liberal original, Adam Smith, cujo 300º aniversário é neste ano de 2023 —que sua tribo cresça—, via o comércio como persuasão. Não a guerra.
Ele disse, por exemplo, a seguinte frase:
"A
oferta de um xelim, que para nós parece ter um significado tão claro e
simples, é na realidade oferecer um argumento para persuadir alguém a
fazer algo, se for de seu interesse. Os homens sempre se esforçam para
persuadir os outros a adotarem sua opinião, mesmo quando o assunto não
tem importância para eles. E dessa forma cada um pratica a oratória com
os outros durante toda a sua vida".
Em
português, como na parte do inglês derivada do francês e do latim, há
duas palavras usadas para tais interações: "convencer" e "persuadir".
A raiz latina de "convencer" é "vincere", conquistar, como na famosa mensagem de Júlio César a Roma: "Vim, vi, venci".
Ele
não quis dizer que, com palavras doces ou com a oferta de um ou dois
xelins, ele "persuadiu" Fárnaces 2° do Ponto a se tornar um vassalo
romano. Ele esmagou o exército de Fárnaces.
A raiz latina do português "persuadir" e do inglês "persuade", em contraste, é doce e smithiana. É suave.
A
palavra vem do proto-indo-europeu, que é a fonte de numerosos idiomas,
que vão do latim e grego ao sânscrito e inclui o inglês e o português. O
proto-indo-europeu é "swehd". Compare o inglês "sweet", o alemão
"süss", o holandês "soet".
O
português "doce" vem de um sinônimo indo-europeu para "swehd",
"dléwkus". Dele vem o grego antigo "glukus" e, daí, a palavra científica
"glicose".
Esses proto-indo-europeus amavam tanto a doçura que tinham duas palavras para definir isso.
Bom para eles.
Devemos parar de conquistar e começar a persuadir.
Postado há 5 days ago por Orlando Tambosi
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