Atividades trazem benefícios físicos e psicológicos, além de incentivar a participação social dos usuários, que passam longo período internados.
Supervisora administrativa de uma empresa no município de Óbidos, no oeste do Pará, Conceição Paiva, 39 anos, é uma pessoa bastante comunicativa, e precisou usar um pouco desse talento nos últimos dias, mas em uma função diferente. Há pouco mais de um mês em tratamento oncológico no Hospital Regional do Baixo Amazonas Dr. Waldemar Penna (HRBA), em Santarém, na mesma região, ela foi chamada para conduzir um bingo realizado dentro da clínica oncológica da unidade.
“Todos aqui no quarto dizem que eu já acordo animada todos os dias, desde cedo. E quando veio a proposta, todo mundo se empolgou e disse que queria ganhar o bingo. Eu ganhei dois produtos e foi muito legal, gratificante demais participar”, contou.
O bingo foi direcionado aos pacientes e acompanhantes do quarto “Jujuba”, após um estudo dos perfis de cada usuário participante. A iniciativa partiu do setor de terapia ocupacional do HRBA, mas também contou com a participação de profissionais residentes de fisioterapia e de psicologia.
“Fizemos um planejamento para construir essa atividade em grupo, promovendo a participação social dos pacientes e acompanhantes, além de diminuir o estresse no ambiente hospitalar. Estudamos toda a enfermaria, fomos atrás dos prêmios e tivemos um feedback muito positivo desta atividade de lazer. São ações que consideramos com potencial terapêutico”, explicou o terapeuta ocupacional residente, João Edivaldo Lobato, um dos responsáveis pelas atividades.
Além da interação social e quebra da rotina hospitalar, a atividade também trouxe benefícios cognitivos e físicos aos pacientes, que passam longos períodos internados. “É uma atividade que estimula vários fatores cognitivos, atenção, concentração, foco. E solicitei que todas as pacientes ficassem sentadas no leito mesmo, trabalhando o controle de tronco, os membros superiores, já que elas precisam escrever e segurar as cartelas durante o bingo”, completou.
“Se pudesse ter toda semana, seria maravilhoso. Uma ação dessas levanta o nosso astral e ajuda na nossa recuperação. É um momento de alegria, conversa, descontração em que a gente esquece que estamos doentes, em tratamento. Eu gostei muito e se houver mais vezes, vou participar novamente”, disse, sorrindo, uma das pacientes.
Crochê – O bingo foi apenas o fim dessa atividade de lazer. A paciente Rosana Moura, natural do município de Alenquer, conta que está internada na unidade desde o fim do mês passado e sempre gostou de fazer crochê.
Ao saber disso, a equipe multiprofissional do HRBA propôs a ela que produzisse um guardanapo, usando a criatividade e habilidade de Rosana. A proposta foi aceita e o guardanapo virou o prêmio principal da brincadeira.
“Sempre foi um passatempo para mim, estava há uns anos sem fazer, mas lembrei e pude produzir. Foi um esforço de voltar a produzir, mas eu gostei muito. Do resultado, do bingo, acredito que todos gostaram muito. Faz muita diferença para gente, mudamos o foco e para mim foi uma alegria muito grande fazer o crochê, jogar o bingo, ficamos todos muito animados. Eu ganhei uma xícara. Todos ganharam prêmios e foi muito bom”, explicou a professora de 49 anos.
As atividades de lazer são desenvolvidas com pacientes e acompanhantes dentro do Regional de Santarém para proporcionar momentos de descontração e de quebra de rotina, além de estimular a participação e socialização.
“O lazer é extremamente fundamental para a qualidade de vida, não só para a saúde mental mas também no desenvolvimento de movimentos, postura e autoestima dos pacientes. Através da atividade voltada para o lazer da dona Rosana, conseguimos proporcionar a ação em grupo também. Foi muito positivo, trouxe o fortalecimento de vínculo não só com o terapeuta, mas com os demais presentes. Buscamos sempre proporcionar momentos como esses, claro, respeitando o contexto hospitalar e de cada usuário”, destacou Leila Oliveira, terapeuta ocupacional e supervisora da ação.
O diretor geral do HRBA, Éder Lúcio de Souza, avalia a importância de iniciativas diferenciadas como essa:
“Contamos sempre com iniciativas da nossa equipe para propor o bem-estar dos nossos usuários. Sabemos que quem está aqui busca o tratamento de uma doença, mas queremos que eles tenham a melhor experiência possível dentro da nossa unidade. Isso faz parte de um atendimento humanizado, para que além da recuperação física o paciente seja cuidado também em aspectos emocionais e psicológicos. Momentos assim são muito importantes para o tratamento de cada um”, afirmou.
Serviço: O HRBA é referência em média e alta complexidade para uma população de 1,4 milhão de pessoas residentes em 30 municípios, e presta serviço 100% referenciado, atendendo à demanda originária da Central de Regulação do Estado.
A unidade pertence ao Governo do Pará, sendo administrada pelo Instituto Social Mais Saúde em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), e funciona na Avenida Sérgio Henn, nº 1100, no bairro Diamantino, em Santarém, município que fica cerca de 700 km de distância da capital do estado, Belém.
Texto: Ascom Hospital Regional do Baixo Amazonas
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