Elevada a heroína progressista pela mídia que só pensa em ver o ex-presidente preso, ela está conseguindo monetizar a relação. Vilma Gryzinski:
Ele
a chama de “cara de cavalo”. Ela se refere a ele como “pequenininho” — e
nem precisa explicar a que parte corporal a atriz pornô Stormy Daniels
está se referindo quando fala de Donald Trump.
“Eu não vou andar, vou dançar pela rua quando você for ‘selecionado’ para ir para a cadeia”, tuitou ela no momento em que os Estados Unidos
inteiros esperam para ver, com ansiedade, desgosto ou alegria: Trump
transformado em réu por causa do dinheiro que pagou, através de um
advogado trambiqueiro, para a stripper e atriz pornô não vender a
história sobre o encontro fortuito que tiveram em 2006.
Comprar
silêncio, atividade também chamada de contrato de confidencialidade,
pode ter sido um crime, no caso de Trump, porque os 130 mil dólares
pagos pelo advogado Michael Cohen e depois reembolsados podem ser
enquadrados como despesa não declarada de campanha. O pagamento foi em
2016, pouco antes de Trump espantar o país ao ganhar a eleição
presidencial, transformando-se num inimigo mortal de todo o espectro
político que vai da centro direita aos extremos de esquerda, incluindo
os promotores ativistas que sonham em vê-lo preso. É exatamente o que
está acontecendo agora.
Stephanie
já tentou monetizar o relacionamento fugaz de várias maneiras, nem
todas exatamente brilhantes. Uma delas foi contratar um advogado da pior
qualificação, Michael Avenatti, que roubou os pagamentos a que ela
teria direito por seu livro de memórias. Avenatti não era apenas
desclassificado como também fantasista: tentou chantagear a Nike em 25
milhões de dólares e dizia ser um candidato imbatível a presidente dos
Estados Unidos.
A
parte da mídia que odeia Trump tratou-o como uma eminência jurídica
antes que o castelo caísse e ele fosse condenado a catorze anos de
prisão. A mesma reverência agora está sendo dirigida a Stormy. Uma
apresentadora chegou a dizer que estava “emocionada” por entrevistá-la.
Nascida
muito pobre e vulnerável num sítio em Baton Rouge, na Lousiana, com o
nome Stephanie Gregory, Stormy tem 44 anos e parece mais, consequência
de uma vida de extremos iniciada quando começou a fazer strip tease,
ainda menor de idade. Poderia ter se tornado uma Pamela Anderson, com o
estilo de loira com seios gigantescos bem ao gosto dos americanos, mas
virou atriz pornô sem grande destaque. O máximo de fama a que chegou,
antes do caso Trump, foi uma ponta na comédia O Virgem de 40 Anos.
O
pulo da gata aconteceu em 2006, quando cruzou com Trump durante um
torneio de golfe em Lake Tahoe, um ponto turístico de paisagem
maravilhosa e uma ocasião para o encontro de homens mais velhos com
loiras ambiciosas. Telefonemas e outros contatos acabaram redundando num
encontro sexual cujos detalhes serão poupados. Todo mundo já sabe que
foi convencional, exceto pela parte em que Trump a elogiou como bela e
ambiciosa como sua filha Ivanka. Também prometeu uma vaga no reality
show chamado na versão brasileira de O Aprendiz. Ela já era bem
grandinha para não acreditar muito.
Em
compensação, quando o parceiro fortuito se tornou um candidato viável à
presidência, o cavalinho selado passou à sua frente. O advogado de
Trump, Michael Cohen, que virou delator para diminuir a pena de prisão
de quatro anos, diz que pagou os 130 mil dólares por um contrato de
confidencialidade retroativo dias antes da eleição de 2016. Trump admite
tê-lo reembolsado, mas nega qualquer delito eleitoral.
Muitas
pessoas entendem que um homem casado procure esconder um sexo casual,
principalmente quando a esposa acabou de dar à luz, como era o caso de
Melania Trump. O casamento tremeu quando o caso se tornou público, já
durante a acidentada presidência Trump.
Agora
Stormy volta a se tornar uma personagem que galvaniza as atenções,
principalmente dos trumpistas mais devotados que, não sem uma certa dose
de razão, atribuem todas as atribulações de seu ícone a uma implacável
perseguição política.
Em
dezembro, Stormy se casou pela quarta vez, com o ator pornô Barrett
Blade. Ela está dirigindo um filme do gênero e o marido faz a câmera.
Além da carreira no universo pornô, ele tem uma empresa que vende roupas
e acessórios temáticos sobre extraterrestres e também sobre a nova
esposa. Ela se derrete, dizendo que ganhou dele a casa dos sonhos e uma
família, além de “diamantes e sexo incrível”.
Pode
ser que ganhe também o título de primeira atriz pornô a acabar com a
carreira de um ex-presidente americano que só pensa em voltar à disputa
eleitoral em 2024.
O
nome dela foi copiado da filha de um músico do Mötley Crüe e do uísque
americano Jack Daniels. Stormy já perdeu um processo por difamação
contra Trump, já se afundou no caso de Michael Avenatti e enfrentou uma
acusação de violência doméstica feita pelo segundo marido. A filha de
doze anos mora com o pai. Em 2018, foi presa por contato corporal com
clientes numa boate de strip tease, o que é proibido em Ohio, onde se
apresentava. Processou o policial envolvido, acusando-o de motivação
política. Embora a denúncia não fosse comprovada, ganhou 450 mil dólares
de indenização por erros de conduta.
Como
faz com a própria vida, Stormy está levando as águas da política ao
ponto de fervura. O novo presidente da Câmara, o republicano Kevin
McCarthy, aumentou a temperatura ao tuitar:
“É
tudo um escandaloso abuso de poder por parte de um promotor radical que
deixa criminosos saírem livres enquanto promove uma vingança política
contra o presidente Trump”.
Stormy Daniels pode, como promete, bailar se Trump for transformado em réu, mas o clima é hardcore.
Nenhum comentário:
Postar um comentário