Felipe Moura Brasil
Estadão
As linhas auxiliares de Lula no mercado da comunicação embarcaram na estratégia do PT de pintar Ciro Gomes como “linha auxiliar de Jair Bolsonaro”, para conquistar, já no primeiro turno, o “voto útil” dos eleitores antibolsonaristas do candidato do PDT.
Nem a atuação de “Padre” Kelman no debate de sábado como a verdadeira linha auxiliar do presidente dissuadiu repórteres, colunistas e comentaristas, além dos artistas de sempre, de ignorar as críticas de Ciro ao atual governo, em razão de sua ousadia – imagine – em também criticar Lula.
OPORTUNIDADE DE OURO – ”Bolsonaro teve uma oportunidade de ouro, porque foi eleito em função da mais devastadora crise econômica da história brasileira, em cima do mais generalizado escândalo de corrupção”, disse o pedetista, em diagnóstico correspondente aos fatos. “E infelizmente foi levado ao constrangimento, porque teve filhos denunciados igual ao Lula. Rendeu-se à corrupção”, completou Ciro.
Ele lembrou que, em 2018, alertou ao povo que a solução não era votar por negação no Bolsonaro, que não tinha experiência nem vivência e estava “sendo empacotado como um moralizador que nunca foi”.
“Hoje”, comparou, “Bolsonaro repete a mesma prática” do PT. “Ao Valdemar Costa Neto, o Lula deu o DNIT para roubar. Foi preso e condenado no mensalão. Agora o Bolsonaro é filiado ao ‘DNIT’”, afirmou Ciro, equiparando o espírito do partido do mensaleiro, o PL, ao do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes nos governos petistas.
MELHOR CANDIDATO – O Ciro de 2022, incisivo também contra Lula e PT, talvez seja o melhor candidato de 2018. Seu problema é o anacronismo, uma vez que o vácuo do antipetismo foi ocupado por Bolsonaro, o maior cabo eleitoral que Lula já teve.
Já Simone Tebet, talvez a melhor candidata de 2026 na disputa de 2022, lamentou que o Brasil tenha “um presidente insensível” e “despreparado”, que “não trabalha”.
“Ele fica de moto e de jet-ski dizendo que ninguém passa fome”, ironizou a candidata do MDB.
NÓS CONTRA ELES – A emedebista ainda criticou o populismo de Lula e Bolsonaro, repudiando o “nós” contra “eles”. “Eles se alimentam dessa disputa ideológica. Um falta o debate. Não tem coragem de dizer quais são as propostas para o Brasil. O outro mente. Mente descaradamente e desvia o foco para aquilo que é o mais importante: o que nós vamos fazer para o Brasil voltar a crescer.”
Para voltar a crescer além de voos de galinha em matéria de economia, o Brasil precisa crescer moral e culturalmente, o que só será possível – se tanto – com uma imprensa não adesista e uma oposição não anacrônica.
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