Dívidas
não pagas podem trazer vários prejuízos diretos a um negócio. Apenas em
agosto deste ano, o Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa
Experian mostrou que das 5.540.767 micro e pequenos negócios (MPEs) com
contas em atraso no Brasil, 16,3% eram do Nordeste, ocupando o terceiro
lugar no ranking das regiões, atrás da Sudeste (53%) e Sul (16,4%), e
seguida pela Centro-Oeste (9%) e Norte (5,3%). A Bahia dispara com 294,5
mil empresas no vermelho, seguido pelo Ceará (128,8 mil) e Maranhão
(81,1 mil). Apesar dos números expressivos, o marco ainda apresenta
queda de 0,1% se comparado com julho. Segundo os dados gerais do país,
as companhias que atuam no setor de Serviços são as que apresentam maior
índice na tabela, com 52%, seguidas pelas atuantes no Comércio (39,5%),
Indústria (8%) e as demais (0,5%). De
acordo com Luiz Rabi, economista da Serasa Experian, são consideradas
inadimplentes as empresas que não pagam suas contas mesmo após o
vencimento, sejam elas junto aos bancos ou fornecedores, ou até mesmo as
dívidas com as companhias de água, energia, gás e telefonia, por
exemplo. Os registros de descumprimento dos compromissos financeiros são
enviados para o Serasa e desta forma é criada a base de inadimplência
que existe atualmente no Brasil. Salvador é a cidade baiana com maior
número de empresas nessa situação, no mês de agosto foi registrado o
maior percentual de março para cá, um total de 105.041. Ainda segundo o
economista, existem fatores conjunturais e estruturais que podem levar a
empresa a se tornar inadimplente, como o baixo crescimento dos lucros e
o aumento dos custos, que estão acontecendo principalmente devido aos
índices de inflação do país. “Quando a economia não vai muito bem, seja
porque o crescimento está fraco ou até mesmo porque está em restrição,
ou seja, porque acontece um aumento de custos de forma muito intensa e
bastante generalizada, isso, conjunturalmente, leva as empresas a uma
situação de dificuldade. Porque elas estão vendendo menos, estão tendo
compressão nas suas margens de lucro, porque os custos estão aumentando,
elas não conseguem muitas vezes repassar isso para o preço final”,
destacou o profissional. Estruturalmente, a má gestão e a falta de
educação financeira também são fatores tidos como mais preocupantes. “É
algo que acontece muito no Brasil, principalmente nas micro e pequenas
empresas, é confundir o caixa da empresa com caixa pessoal. Porque hoje
no Brasil 90% das empresas são microempresas. Às vezes muitas vezes
tinha um dono só e a pessoa acha que o que está entrando na empresa é o
dinheiro dela, ou seja, dela a pessoa física”, salienta Luiz. O
economista ainda ressalta que a inadimplência pode resultar diretamente
na falência de um negócio. Quando inadimplentes, as empresas não
conseguem recorrer a crédito financeiro o que pode aumentar a
dificuldade de repor matérias primas para manter a empresa funcionando.
Atualmente a média brasileira de dívidas por CNPJ é de sete credores, o
que dificulta ainda mais a vida dos que estão devendo. Para se livrar da
situação, o especialista recomenda que o empresário renegocie suas
dívidas. “É muito difícil, não vou falar que é impossível, mas é muito
difícil uma empresa sair da inadimplência conseguindo pagar a vista
todas essas dívidas. A forma mais fácil é partir para uma renegociação,
renegociar dívida por dívida, credor por credor, para justamente voltar a
uma situação de normalidade e de acesso a crédito”, aconselha.
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