MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 22 de outubro de 2022

Apoio maciço à democracia é sinal de que a população sente que um risco está no ar

 



Charge do Duke (otempo.com.br)

Pedro do Coutto

Levantamento do Datafolha publicado nesta sexta-feira pela Folha de S. Paulo e comentada por Carolina Linhares na edição da FSP revela o apoio de 79% da população brasileira à democracia, enquanto 5% concordam com uma ditadura; 11% tanto faz a liberdade ou a falta dela e 5% não opinaram.

A matéria de grande importância foi inclusive a manchete principal do veículo e veio acrescentar um dado importante para o debate entre Lula da Silva e Jair Bolsonaro em plena reta de chegada, sobretudo no debate decisivo do dia 28 na TV Globo.  

RESPOSTA – Sem dúvida alguma, a sociedade ao destacar a democracia em sua resposta, rebateu tacitamente as ameaças de qualquer articulação de um golpe a depender do resultado das urnas. A resposta do ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, e a cobrança do ministro Alexandre de Moraes sobre o relatório a respeito das urnas eletrônicas representaram um sinal de alerta.

Por que enviar o relatório para depois do segundo turno se a matéria colocada na mesa era a fidelidade das urnas eletrônicas e do sistema eleitoral do país. A essa perspectiva, o eleitorado respondeu com maciça manifestação pela democracia e pelo regime de liberdade e contra investidas destinadas a abalar as instituições brasileiras.

FAKE NEWS –  Numa importante reportagem publicada na edição de quinta-feira da Folha de S. Paulo, Patrícia Campos Mello destaca a reação do ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, que classificou como um verdadeiro desastre a avalanche de fake news nas redes sociais da internet.

As fake news, acrescento, são uma tentativa imoral de endeusamento da mentira, de agressão à verdade, e com essa atitude uma manifestação de desprezo pela inteligência dos homens e mulheres do nosso país.

FALSIFICAÇÃO – As fake news significam também, por parte de quem as pratica, um sentimento de que sem a mentira a facção de seus autores estaria derrotada nas urnas, pois, é lógico, se acreditassem na verdade dos fatos não procurariam falsificá-los. As fake news representam ainda uma tentativa de injetar a desinformação na consciência popular.

Não adianta argumentar, tática comunista que terminou com o próprio comunismo no final do século XX, que os fins justificam os meios. Isso é passado combatido pelos que sempre se opuseram às ações despóticas de Moscou, como foi o caso da invasão da Hungria em 1956 e o sufocamento na Primavera de Praga em 1968, quando a Tchecoslováquia queria se libertar da cortina de ferro. Os extremistas se tocam nas páginas da história em matéria de fobia à liberdade e aos regimes democráticos.

INFLAÇÃO DO IBGE –  O ministro Paulo Guedes – reportagem de Carolina Nalin e Fernanda Trisotto, O Globo, em nota divulgada na tarde de quinta-feira, criticou a repercussão negativa de seu projeto de desvincular o salário mínimo e as aposentadorias e pensões do INSS da inflação anual, calculada pelo IBGE. Seu projeto, digo, é de um absurdo completo e total, sobretudo porque a desvinculação além de exigir uma nova lei, representaria uma clara redução nas despesas com direitos sociais consagrados.

Na opinião de alguns especialistas em Direito Previdenciário, haveria a necessidade até de emenda constitucional. Mas o recuo do ministro Paulo Guedes, que sempre sustenta ter sido mal interpretado ou analisado fora de contexto, baseou em sua fuga uma outra questão: se o IBGE reduzir a inflação ocorrida este ano, em janeiro de 2023 os reajustes do salário mínimo e das aposentadorias e pensões do INSS serão reduzidos, ficando abaixo da realidade.

MANIPULAÇÃO  – Em 2021, por exemplo, o IBGE calculou a inflação em 10% e assim foram corrigidos o salário mínimo e os direitos sociais pagos pelo INSS. Mas agora, com a milagrosa deflação registrada pelo Instituto, a inflação anual já desceu para 7%. Mas no meio da manipulação é preciso considerar que a taxa Selic foi reajustada para 13,7% ao ano porque a correção dos títulos do Tesouro que lastreiam a dívida interna de R$ 6 trilhões tinham que ser superiores à taxa inflacionária, pois caso contrário o próprio governo encontraria dificuldade para colocar os papéis no mercado.

A inflação desceu de acordo com os cálculos do IBGE, mas o Banco Central não reduziu os juros considerados na formação da Selic. Ou seja, a inflação oficial reduz direitos sociais, mas não serve para regular o lucro dos bancos, dos fundos de investimento e dos fundos de pensão das empresas estatais. Um desastre.

DÍVIDAS EM ATRASO –  Na edição de ontem, sexta-feira, de O Globo, Letícia Lopes publicou reportagem revelando com base em levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas que 64,2 milhões de pessoas estão negativadas em várias fontes de crédito. A maior parte nos bancos, no comércio, nos serviços públicos, além de outros compromissos.

É possível que o número de dívidas não pagas se estenda a um número ainda maior, pois a mesma pessoa pode ter acumulado dívidas nos bancos e nos cartões de crédito, cujos juros mensais passam de 12%. Um dos fatores do endividamento crescente é a publicidade que instituições de crédito realizam pela televisão, oferecendo cartões sem comprovação de renda mensal e com elasticidade de crédito fora do comum.  O resultado das dívidas decorre também dos preços do comércio de alimentos e do congelamento de salários.

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