Proximidade das eleições é uma delas
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Por Mariana Schreiber
Em
meio a uma série de denúncias de possíveis ilegalidades envolvendo
contratos para compra de vacinas contra covid-19, tem crescido a pressão
pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), com
sucessivos protestos contra seu governo em todas as regiões do país.
Mas,
apesar do aumento do desgaste de Bolsonaro e da recente apresentação
por partidos de oposição do que vem sendo chamado de "superpedido de
impeachment", seguem presentes fatores que dificultam a abertura de um
processo para cassar o presidente no Congresso.
Há seis razões pelas quais o impeachment é difícil de prosseguir:
1) O tamanho dos protestos
Embora
os protestos de rua contra Bolsonaro tenham crescido desde maio, essas
manifestações não ganharam, até o momento, a dimensão dos atos pelo
impeachment da então presidente Dilma Rousseff em 2015 e 2016. Em um
desses protestos, em março de 2016, havia 500 mil pessoas na Avenida
Paulista, em São Paulo, segundo estimativa do Instituto Datafolha.
2) Votos insuficientes na Câmara
O
instrumento do impeachment não foi feito para ser de fácil utilização:
há necessidade de 342 votos dos 513 deputados federais para que Senado
seja autorizado a processar o presidente. O objetivo é justamente trazer
estabilidade ao mandato presidencial conquistado nas urnas. No entanto,
contabilizando os deputados das siglas que assinaram o pedido (PT,
PCdoB, PSB, PDT, PSOL, Cidadania, Rede, PCO, UP, PSTU e PC) mais os
deputados que apoiaram a iniciativa individualmente, como Joice
Hasselmann (PSL-SP), Kim Kataguiri (DEM-SP) e Alexandre Frota (PSDB-SP),
esse grupo soma pouco menos de 140 congressistas na Câmara.
3) A agenda própria de Arthur Lira
A
ampla articulação construída por Arthur Lira para sua eleição, com
apoio do Palácio do Planalto, lhe permitiu imprimir um ritmo acelerado
para a aprovação de propostas na Câmara, incluindo pautas controversas.
4) Provas das denúncias
Embora
tenham se acumulado nos últimas duas semanas indícios de possíveis
ilegalidades nos contratos para compra de vacinas, parlamentares
consideram que não há ainda prova cabal de corrupção nesses negócios,
nem de envolvimento direto de Bolsonaro.
5) Mourão 'não enche os olhos' do Congresso
Em
recente entrevista à BBC News Brasil, o ex-presidente da Câmara,
Rodrigo Maia, ressaltou como uma das diferenças entre o contexto que
levou à cassação de Dilma Rousseff e o contexto que preserva o mandato
de Bolsonaro é o perfil bastante diverso dos seus vice-presidentes.
6) Eleição cada vez mais próxima
O correr do tempo também joga a favor de Bolsonaro. Quanto mais o país se aproxima da eleição de 2022, menos atraente fica a ideia de iniciar um processo para alguns parlamentares, acredita Paulinho da Força.
Fonte: BBC News Brasil
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