São Paulo, 19 de julho de 2021 -
Da triste realidade dos anos 1960, quando não havia chance de cura,
para o cenário atual as perspectivas para pacientes com leucemia
linfocítica aguda pediátrica (LLA pediátrica) mudaram radicalmente. O
índice de crianças curadas em países da Europa e nos Estados Unidos
chega a 85%/90%. Mesmo no Brasil, onde algumas novidades ainda não estão
amplamente disponíveis, o percentual de cura passou de cerca de 20% na
década de 1980 para aproximadamente 70% nos dias atuais.
A
LLA é a leucemia que mais afeta os pequenos, principalmente na faixa
entre 2 e 5 anos. Não se sabe ao certo o que desencadeia a doença, mas
alguns fatores de risco foram elencados ao longo dos anos, como
exposição da mãe à radiação, o fato de a criança ter passado por
radioterapia ou quimioterapia anteriormente, alguns quadros virais,
síndrome de Down e ter gêmeo idêntico que desenvolveu a enfermidade.
Avanços em várias frentes
Do diagnóstico ao tratamento e à abordagem multidisciplinar, há avanços nas mais diversas frentes.
De
acordo com a médica Maria Lúcia de Martino Lee, hematologista da BP – A
Beneficência Portuguesa de São Paulo, os diferentes subtipos de
leucemia linfocítica pediátrica podem hoje ser identificados com
precisão e de forma precoce por meio de modernos testes moleculares,
informação fundamental para definir a melhor estratégia de tratamento em
cada caso.
“Os
protocolos de aplicação da poliquimioterapia – combinação de diferentes
medicamentos, de acordo com a classificação da doença – também foram
aprimorados para uma abordagem mais assertiva. Além disso, evoluíram os
recursos para prevenir complicações como as infecções virais ou
fúngicas, que podem ser fatais para essas crianças”, afirma a médica.
A
recidiva (nova ocorrência) da LLA também tem hoje melhor controle
graças às análises mais sensíveis que detectam a chamada doença residual
mínima (tecidos com pequenas remanescências de células de câncer),
permitindo o tratamento para atacar esses focos.
Outra
bem-vinda novidade é abordagem multidisciplinar. “Além de pediatra e
oncologista, é importante contar com nutricionista, fisioterapeuta,
psicólogo, pedagogo e outros profissionais que contribuem para reduzir
os efeitos colaterais dos medicamentos e acompanham o desenvolvimento da
criança, inclusive após a cura, avaliando qualquer eventual reflexo no
crescimento, na cognição, nos ossos, etc.”, explica Maria Lúcia.
Adotado
apenas no caso de pacientes que não responderam aos tratamentos, o
transplante de medula óssea também teve refinamento nas técnicas e
avanços que atualmente permitem a realização do procedimento com doador
parcialmente compatível como mãe e pai. “Anteriormente, era necessária
compatibilidade total, algo bastante difícil de conseguir. Técnicas
modernas reduziram os riscos e os efeitos colaterais do transplante de
medula óssea e os avanços nos exames diagnósticos ajudam na indicação do
procedimento no momento adequado para obtenção do melhor resultado.
Quanto mais previamente for realizado o processo, maior a chance de
sucesso”, explica a médica da BP, que figura entre os cinco principais
centros transplantadores de medula óssea do País e o principal da
capital paulista.
Entre
as inovações mais recentes, está o tratamento com terapia-alvo, tipo de
medicamento que ataca diretamente as células leucêmicas, oferecendo
bons resultados e com menos efeitos colaterais. Um tipo incurável de LLA
até então, causado pela anormalidade cromossômica Philadelphia,
hoje é tratado com terapia-alvo. A imunoterapia com anticorpos
monoclonais, que estimula o próprio sistema imunológico a atacar as
células cancerígenas, é outra frente promissora.
Ampliar
o acesso a esses novos recursos é o desafio do Brasil para os próximos
anos. É o caminho para fazer com que também aqui o índice de cura da LLA
pediátrica chegue aos 90%.
BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo
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