O desconforto em relação ao exame ainda leva muitos homens a descobrirem o tumor em estágio avançado. Prevenção passa por cuidado com a saúde como um todo
Foto: Reprodução/Mídia BahiaPor Lily Menezes
Já diz o ditado: ‘um homem prevenido vale por dois’. Na próxima quinta-feira (15) é comemorado o Dia do Homem, e a ocasião pede um reforço da importância do cuidado com a saúde masculina, principalmente com a prevenção ao câncer de próstata, glândula situada abaixo da bexiga que só eles possuem. Esse tipo de tumor é o segundo com maior incidência nos homens brasileiros, perdendo apenas para o câncer de pele não-melanoma. Esse cenário se torna ainda mais preocupante por conta da resistência do homem em procurar ajuda médica: a última Pesquisa Nacional de Saúde divulgada pelo IBGE mostra que 82% das mulheres procuram um especialista quando sentem algo de errado com o corpo, contra 69% dos homens. Com a queda pela busca dos atendimentos de rotina ocasionada pelas medidas de isolamento social, o tumor pode crescer sem que se saiba. “No ano passado uma grande parcela não foi diagnosticada por causa disso”, contou o Dr. Augusto Modesto, urologista e coordenador científico da Sociedade Brasileira de Urologia na Bahia (SBU-BA).
Resistência
O tumor na próstata é considerado de crescimento lento; assim, muitos homens não costumam apresentar sintomas e podem conviver por anos sem saber da existência da patologia. Por outro lado, em alguns casos o desenvolvimento pode ser tão rápido a ponto de atingir outros órgãos e levar à morte, se não diagnosticado e tratado. Os sintomas aparecem na hora de ir ao banheiro, como dor e dificuldade de urinar, e idas mais frequentes ao ‘trono’. Em estágios mais avançados, pode causar dor óssea e infecção generalizada. Uma das formas de detecção deste tipo de câncer é o exame de toque retal, que ainda é considerado um tabu entre a ala masculina, que sente as pernas tremendo só de pensar na ‘dedada’.“O homem, por questões culturais, ainda é reticente em relação ao exame de toque da próstata. Felizmente, fomos conseguindo reduzir isso”, disse o especialista. Porém, a relutância em encarar o consultório do urologista pode ter um preço alto. “Ele só vai quando está em estágio avançado. Se perder esse timing de diagnóstico, a chance de cura se reduz”. Exames radiológicos e laboratoriais, como a dosagem do antígeno prostático específico (PSA), também fazem a detecção.
Tratamento
Quando é hora de procurar ajuda? Dr. Modesto explicou que não há um protocolo engessado para determinar quando um homem deve ir ao médico, pois tudo depende do cenário vivenciado pelo paciente. “Se não houver nenhum caso na família, é bom ir a partir dos cinquenta anos. Caso ele tenha alguma predisposição genética, já pode ser um pouco antes, aos quarenta, quarenta e cinco. Se o homem for numa idade mais baixa, vai gerar um custo extra, então os protocolos são baseados nas estatísticas de incidência do câncer”, salientou. Após a biópsia, único procedimento que confirma a existência do tumor, as soluções variam de acordo com o estágio no qual ele se encontra. Uma delas é a vigilância ativa, protocolo usado nos estágios iniciais. Se houver avanço, as técnicas podem incluir radioterapia e cirurgia para retirada do tumor. Em caso de metástase, quando outros órgãos são atingidos pela doença, a cirurgia pode ser associada aos procedimentos de hormonoterapia e quimioterapia. “Em cada cenário, há uma gama de possibilidades”.
Prevenção
O fator de risco determinante para o desenvolvimento do câncer de próstata é a idade: após os 50 anos, a taxa de incidência aumenta significativamente. O homem que tem um pai ou irmão que foi acometido pelo tumor antes dos 60 deve redobrar a atenção, que pode refletir predisposição genética ou uma consequência do estilo de vida adotado pela família. O excesso de gordura abdominal também se mostra um fator para o câncer em estágio avançado. Assim, as medidas válidas para evitar qualquer outro tipo de patologia também são válidas, como a adoção de uma alimentação saudável, a realização constante de exercícios e o controle do estresse. O especialista alerta também para que o homem observe qualquer alteração hormonal que venha a surgir. “É um cuidado multifatorial”.
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