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quarta-feira, 7 de julho de 2021

Bolsonaro alerta para risco de fraude se o voto impresso não for aprovado

 


A PEC do voto impresso deve ser aprovada na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados — que avalia se a matéria é constitucional ou não.


Tribuna da Bahia, Salvador
07/07/2021 06:00 | Atualizado há 2 horas e 44 minutos

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Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Da Redação e Daniel Gallas 

BBC News Brasil em Londres 

Esta semana deve ser decisiva para um dos projetos mais polêmicos e de grande repercussão na política brasileira: a mudança nas urnas eletrônicas, que passariam a imprimir em papel os votos computados. Esses comprovantes em papel seriam então colocados em uma urna separada. 

A PEC do voto impresso deve ser aprovada na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados — que avalia se a matéria é constitucional ou não. No entanto, acredita-se que ela não vá adiante no Congresso, pelo retrocesso que representa, desagradando a ala governista que luta para implantar o voto impresso. 

E a derrota dos defensores desta tese neste caso foi política. Onze partidos — incluindo diversas siglas do Centrão, aliado do presidente — já avisaram que não aprovariam a PEC caso ela fosse para votação na Câmara e no Senado. Com isso, os bolsonaristas não terão os 308 votos necessários para mudar as urnas eletrônicas, e a questão sequer deve chegar aos plenários do Congresso. 

Se confirmada, a derrota governista significa que o Brasil seguirá em 2022 com a urna eletrônica funcionando exatamente nos moldes das últimas eleições. 

Para o professor Carlos Melo, cientista político do Insper, em São Paulo, mesmo tendo perdido essa batalha política, Bolsonaro seguirá com sua estratégia de deslegitimar a eleição de 2022 caso seja derrotado nas urnas, com o argumento de que faltaria transparência no sistema eleitoral brasileiro — o mesmo que conduziu o presidente ao mandato em 2018. 

"O presidente está jogando. Ele está preparado para ter o voto impresso e para não ter o voto impresso. Ele constituiu uma narrativa e seus eleitores acreditam nisso. A questão é: qual é o resultado que sairá das urnas? Ele vai contestar porque faz parte da estratégia dele", diz. 

Segundo Melo, existe ainda o risco de uma repetição no Brasil do que se viu nos Estados Unidos após a derrota de Donald Trump para Joe Biden, com contestação violenta de resultados. No dia 6 de janeiro, manifestantes pró-Trump, seguindo a orientação do ex-presidente de questionar o resultado das eleições, invadiram o Congresso americano, em um episódio que resultou em cinco mortes. 

Seis meses após a posse de Joe Biden, republicanos ainda estão promovendo uma recontagem de votos em um dos condados no Estado do Arizona, tentando provar que houve fraude na eleição que viu Trump derrotado. Melo diz que uma mudança no sistema de votação no Brasil permitiria inúmeros pedidos de recontagem, como acontece nos EUA.

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