A PEC do voto impresso deve ser aprovada na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados — que avalia se a matéria é constitucional ou não.
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Da Redação e Daniel Gallas
BBC News Brasil em Londres
Esta
semana deve ser decisiva para um dos projetos mais polêmicos e de
grande repercussão na política brasileira: a mudança nas urnas
eletrônicas, que passariam a imprimir em papel os votos computados.
Esses comprovantes em papel seriam então colocados em uma urna
separada.
A PEC do voto impresso deve ser aprovada na
Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados — que avalia
se a matéria é constitucional ou não. No entanto, acredita-se que ela
não vá adiante no Congresso, pelo retrocesso que representa,
desagradando a ala governista que luta para implantar o voto impresso.
E
a derrota dos defensores desta tese neste caso foi política. Onze
partidos — incluindo diversas siglas do Centrão, aliado do presidente —
já avisaram que não aprovariam a PEC caso ela fosse para votação na
Câmara e no Senado. Com isso, os bolsonaristas não terão os 308 votos
necessários para mudar as urnas eletrônicas, e a questão sequer deve
chegar aos plenários do Congresso.
Se confirmada, a derrota
governista significa que o Brasil seguirá em 2022 com a urna eletrônica
funcionando exatamente nos moldes das últimas eleições.
Para o
professor Carlos Melo, cientista político do Insper, em São Paulo,
mesmo tendo perdido essa batalha política, Bolsonaro seguirá com sua
estratégia de deslegitimar a eleição de 2022 caso seja derrotado nas
urnas, com o argumento de que faltaria transparência no sistema
eleitoral brasileiro — o mesmo que conduziu o presidente ao mandato em
2018.
"O presidente está jogando. Ele está preparado para ter
o voto impresso e para não ter o voto impresso. Ele constituiu uma
narrativa e seus eleitores acreditam nisso. A questão é: qual é o
resultado que sairá das urnas? Ele vai contestar porque faz parte da
estratégia dele", diz.
Segundo Melo, existe ainda o risco de
uma repetição no Brasil do que se viu nos Estados Unidos após a derrota
de Donald Trump para Joe Biden, com contestação violenta de resultados.
No dia 6 de janeiro, manifestantes pró-Trump, seguindo a orientação do
ex-presidente de questionar o resultado das eleições, invadiram o
Congresso americano, em um episódio que resultou em cinco mortes.
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