O debate público contra a privatização dos Correios foi realizado nesta quarta-feira (21), com transmissão ao vivo pela TV ALBA.
Foto: Divulgação
Na noite desta quarta-feira (21), representantes sindicais, sociedade civil e políticos baianos debateram sobre o Projeto de Lei Federal Nº 591/2021 que propõe a privatização dos serviços postais prestados pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (EBCT), durante audiência pública promovida pela deputada estadual Maria del Carmen (PT) e bancada do Partido dos Trabalhadores na ALBA.
No evento foram discutidos
argumentos que sustentam o posicionamento contrário à privatização e
que apontam para a inconstitucionalidade da venda dos Correios. “A
Constituição Federal garante o monopólio da União sobre a exploração do
serviço postal no Brasil. Os Correios é mais que uma empresa, é um
patrimônio do povo brasileiro”, defende a deputada estadual Maria del
Carmen (PT).
De acordo com levantamento da empresa, no ano
passado os Correios apresentou lucro de 1,5 bilhões - o maior dos
últimos 10 anos - e elevação do seu patrimônio em 84%. Além do saldo
positivo, a instituição presta serviço em todos os municípios
brasileiros com custo inferior às concorrentes privadas. “Os correios
não é uma empresa deficitária, ela dá lucro! Uma empresa que nunca
precisou de um centavo dos cofres públicos. Esse lucro é o principal
motivo de quererem vender os correios", afirma Shirlene Pereira de
Souza, vice-presidente do SINCOTELBA.
Das 11,5 mil agências,
mais de 4 mil são mantidas com parcerias com as prefeituras municipais.
Para Marcos César Silva, vice-presidente da ADCAP, essa parceria só é
possível com uma empresa que presta serviço público e um trabalho junto
com a comunidade. “Os brasileiros não precisam de mais problemas em suas
vidas. Precisam de que o pouco que recebem do Estado não seja colocado
em risco por razões ideológicas”, acrescentou.
Um ponto
importante levantado durante o debate é que, para além da defesa dos
empregos de mais de 100 mil trabalhadores, é a defesa da soberania
brasileira e da entrega de um serviço público acessível para todos. Os
Correios é responsável pela entrega de livros didáticos em todo o país,
urnas eletrônicas, provas do ENEM, além das diversas encomendas enviadas
pela população.
Os Correios é a terceira instituição mais
querida pelos brasileiros, perdendo apenas para a família e os
Bombeiros. Foi cinco vezes premiada internacionalmente e, durante a
pandemia, registrou aumento de demanda em 13%. “O governo do presidente
Lula mostrou a importância das estatais para nosso país, para
enfrentarmos a crise econômica e vender não é a melhor opção. Precisamos
debater e conscientizar a sociedade”, disse o deputado federal e
secretário de desenvolvimento urbano, Nelson Pelegrino (PT).
“Nós
estamos vivendo um ataque brutal, precisamos dialogar e debater com
quem está lá fora, pois a sociedade ainda não compreendeu que não se
trata de uma defesa apenas para os trabalhadores dos Correios, mas para
toda a sociedade”, alerta Maria Madalena Firmo, presidente da CUT-BA.
A
alta do preço do gás de cozinha e combustível também foi pauta do
debate. “Estamos vivendo um caos com gás de cozinha alto, energia e
alimentação cara, inflação só aumenta e essas privatizações só vão no
sentido da precarização e do desemprego, pois toda vez que acontece uma
venda de uma empresa brasileira, centenas de pessoas ficam
desempregadas. É necessário que o governo Bolsonaro acabe para manter a
sobrevivência do povo brasileiro”, denuncia a deputada federal Lídice da
Mata (PSB).
“Nós precisamos nos rebelar, nos posicionar
dizendo não ao entreguismo, não à privatização. O que nós precisamos
fazer neste momento é um levante popular de pressão no Estado, essa
pressão precisa ser feita pelos trabalhadores e pelo povo brasileiro”,
afirma José Rivaldo, secretário geral da FENTECT.
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