Palavrório sobre Cuba confirma que Lula sonha com a volta da diplomacia da canalhice. Augusto Nunes para a revista Oeste:
Seja
qual for o tema, Lula mente mais do que respira, mas consegue esconder o
que acha só ao tratar de assuntos internos. Quando se mete em questões
internacionais, o bandido de estimação do Supremo acaba confessando quem
é, e o que faria se um chefe de governo tudo pudesse. Lula é o
contrário da Lua: sua face sombria é a externa. A reação do
ex-presidente presidiário às manifestações de protesto ocorridas em Cuba
neste mês, por exemplo, escancarou a escuridão da política externa que
sonha ressuscitar. “O que está acontecendo de tão especial pra falarem
tanto?!”, perguntou e exclamou nas redes sociais o admirador militante
da ilha-presídio. “Houve uma passeata. Inclusive vi o presidente de Cuba
na passeata, conversando com as pessoas”, caprichou na tapeação.
Decidido a fingir que ainda não sabe se os manifestantes são simpáticos
ou hostis à ditadura, só Lula viu a cena que não houve. E só ele deixou
de ver as imagens que documentam a metodologia do tiro, porrada e bomba.
Só ele não viu evidências de que incontáveis cubanos já não suportam a
sufocante supressão da liberdade.
Para
um sabujo de Fidel Castro, o único problema da ditadura sexagenária é o
imperialismo ianque. “Se Cuba não tivesse o bloqueio dos Estados
Unidos, poderia ser uma Holanda”, garantiu o torturador de fatos. Por
que a Holanda, onde o então presidente brasileiro esteve por menos de
três dias? Chegou numa noite de quarta-feira e partiu na sexta de manhã,
depois de desmentir na quinta outra mentira: em mais de uma entrevista,
Lula jurou que parou de beber durante a Copa do Mundo de 1974, mais
precisamente “no dia em que o Brasil foi derrotado pela seleção
holandesa”. Por que envolver na comparação um país que desconhece
profundamente? Talvez tenha visto em Amsterdã, por onde passou em alta
velocidade, a capital de uma ilha. Talvez queira que a pátria de Johan
Cruyff fique parecida com Cuba para vingar-se do time que o fez virar
abstêmio. Não é fácil decifrar o que ocorre numa cabeça baldia. Voltemos
à bem-vinda rebelião dos oprimidos.
O
palavrório do chefe do Petrolão informa que Lula, caso volte ao poder,
ressuscitará já no dia da posse a política externa da canalhice. Nascido
do acasalamento de stalinistas farofeiros do PT e nacionalistas de
gafieira do Itamaraty — uns e outros ainda sonhando com a Segunda Guerra
Fria —, esse aleijão subiu a rampa do Planalto em 1° de janeiro de
2003. Nos oito anos seguintes, fantasiado de novo-rico caridoso, o
Brasil acoelhou-se com exigências insolentes do Paraguai e do Equador,
suportou com passividade bovina bofetadas desferidas pela Argentina,
hostilizou a Colômbia democrática para afagar os narcoterroristas das
Farc, meteu o rabo entre as pernas quando a Bolívia confiscou ativos da
Petrobras e rasgou o acordo para o fornecimento de gás. Fora o resto.
Confrontado
com bifurcações ou encruzilhadas, Lula fez invariavelmente a escolha
errada e curvou-se à vontade de parceiros vigaristas. Quando o Congresso
de Honduras, com o aval da Suprema Corte, destituiu legalmente o
presidente Manuel Zelaya, o Brasil se dobrou aos caprichos de Hugo
Chávez. Decidido a reinstalar no poder o canastrão que gostava de
combinar chapelão branco-noiva com bigode preto-graúna, e fora
convertido ao bolivarianismo pelos petrodólares venezuelanos, Chávez
obrigou Lula a transformar a embaixada brasileira em Tegucigalpa na
Pensão do Zelaya. Para afagar Fidel Castro, o governo deportou os
pugilistas Erislandy Lara e Guillermo Rigondeaux, capturados pela
Polícia Federal quando tentavam fugir para a Alemanha depois de
abandonarem o alojamento da delegação que participava dos Jogos
Pan-Americanos do Rio. Entre a civilização e a barbárie, o presidente da
República sempre cravou a segunda opção. Com derramamentos de galã
mexicano, prestou vassalagem a figuras repulsivas como o faraó de
opereta Hosni Mubarak, o psicopata líbio Muammar Kadafi, o genocida
africano Omar al-Bashir, o iraniano atômico Mahmoud Ahmadinejad e o
ladrão angolano José Eduardo dos Santos.
Coerentemente,
o último ato do mitômano que se julgava capaz de liquidar com conversas
de botequim os antagonismos milenares que sangram o Oriente Médio foi
promover a asilado político o assassino italiano Cesare Battisti.
Herdeira desse prodígio de sordidez, Dilma manteve o país de joelhos e
reincidiu em parcerias abjetas. Entre o governo constitucional paraguaio
e o presidente deposto Fernando Lugo, ficou com o reprodutor de batina.
Juntou-se à conspiração que afastou o Paraguai do Mercosul para forçar a
entrada da Venezuela. Rebaixou-se a mucama de Chávez até a morte do
bolívar de hospício que visita o sucessor em forma de passarinho. Para
adiar a derrocada de Nicolás Maduro, arranjou-lhe até papel higiênico.
Ao preservar a política obscena legada pelo padrinho, a afilhada
permitiu-lhe que cobrasse a conta dos negócios suspeitíssimos que
facilitou quando presidente, em benefício de governantes amigos e
empresas brasileiras financiadas pelo BNDES.
Disfarçado
de palestrante, o camelô de empreiteiras que se tornariam casos de
polícia com a descoberta do Petrolão ganhou pilhas de dólares, um buquê
de imóveis e a gratidão paga em espécie dos países que tiveram perdoadas
suas dívidas com o Brasil. Enquanto Lula fazia acertos multimilionários
em Cuba, Dilma transformava a Granja do Torto na casa de campo de Raúl
Castro, também presenteado com o superporto que o Brasil não tem. Ela
avançava no flerte com os companheiros degoladores do Estado Islâmico
quando a Operação Lava Jato começou. Potencializada pela crise
econômica, a maior roubalheira da história apressou a demissão da mais
bisonha governante do mundo.
“O
Brasil vai perder o protagonismo e a relevância mundial”, miou Dilma ao
voltar para casa. O que o país perdeu foi o papel que desempenhou desde
2003: o de grandalhão idiota e obediente aos anões da vizinhança. A
restauração da altivez precipitou a colisão entre o Brasil e os
populistas larápios, os ditadores assumidos e os tiranos ainda no
armário que prendem quem discorda, assassinam oposicionistas e sonham
com a erradicação do Estado de Direito. Essas parcerias cafajestes
poderão ser resgatadas da cova rasa com uma vitória do PT em 2022.
Juscelino
Kubitschek afirmava que fora poupado por Deus do sentimento do medo. No
caso de Lula, defeitos de fabricação revogaram o sentimento da vergonha
e proibiram qualquer espécie de remorso. Essa conjunção de avarias
talvez explique a naturalidade com que Lula reincidiu na louvação de
regimes liberticidas. Os comentários sobre as corajosas manifestações de
rua reafirmam que Lula pertence à subespécie dos criminosos que voltam
assoviando ao local do crime. Gente assim se imagina condenada à
perpétua impunidade por juízes camaradas.
blog ORLANDO TAMBOSI
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