O
atual presidente da Petrobrás, general Joaquim Silva e Luna, mostrou
ser “mais do mesmo” na audiência pública realizada nesta sexta (25/6) na
Câmara dos Deputados sobre a venda de ativos da companhia,
especialmente das refinarias. Mais de dois meses após substituir Roberto
Castello Branco à frente da maior empresa do país controlada pelo
governo federal, Luna repete o discurso vazio de seu antecessor,
baseando-se em informações questionáveis, e tenta disfarçar com outras
expressões o que é na verdade a privatização “aos pedaços” da estatal.
Análises
econômico-financeiras já mostraram que a venda da Refinaria Landulpho
Alves (RLAM) e de outras plantas não irá contribuir para reduzir
significativamente o endividamento da Petrobrás, como alegam Luna e os
defensores desse processo de privatização disfarçado. Endividamento este
que cresceu, que fique claro, justamente porque a empresa precisava
investir no pré-sal, que agora está se convertendo em dinheiro no caixa
da empresa.
Estamos
falando de dados. A XP Investimentos apontou, em fevereiro passado, que
“do ponto de vista de redução do endividamento, o desinvestimento da
RLAM representa uma redução de (0,06)% sobre os últimos níveis de Dívida
Líquida / EBITDA reportados pela Petrobras de 2,33x (no 3T20). Ou seja,
uma redução insignificante.
Luna
alegou a necessidade da Petrobrás de “importar combustíveis”. Mas não
tratou do atual fator de utilização (FUT) das refinarias da companhia,
que vem variando entre 60% e 80%. Ou seja, podemos produzir mais
combustíveis aqui, só não o fazemos por uma decisão empresarial
equivocada da gestão da Petrobrás que prefere exportar petróleo crú e
importar derivados
Quanto
à redução de preços dos combustíveis, Luna novamente errou. Dizer que
privatização de refinarias vai atrair novos agentes econômicos e
aumentar a concorrência é falso. E, novamente, não se trata de opinião,
mas sim de dados.
Citamos
exaustivamente o estudo da Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro (PUC-Rio), encomendado pela associação de distribuidoras
Brasilcom, que já mostrou grande risco de criação de monopólios privados
com a venda dessas plantas. O próprio Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) mostrou, em 2018, que a privatização de
refinarias não iria abrir o mercado, mas sim criar monopólios para a
iniciativa privada.
Isso
significa pressão ainda maior sobre os preços dos combustíveis, sem
qualquer ganho de concorrência. Significa que a população brasileira,
que já paga muito caro pelos derivados de petróleo, ficará refém desses
investidores.
Luna
mantém o receituário empregado por Castello Branco porque quem está por
trás da destruição da Petrobrás é a dupla Jair Bolsonaro/Paulo Guedes.
Só uma ruptura com este governo pode fazer a Petrobras voltar a ser a
locomotiva do desenvolvimento econômico e social do país, ainda mais
neste grave momento de crise econômica. Se não mudar essa fórmula,
entrará para a história como mais um que ajudou a destruir a maior
empresa brasileira controlada pelo governo.
Deyvid Bacelar
Coordenador geral
Federação Única dos Petroleiros – FUP
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