Deu em O Globo
Os advogados do ex-presidente Lula e de sua mulher, Marisa Letícia,
apresentaram por escrito as explicações sobre o tríplex no Guarujá e o
sítio de Atibaia, na investigação movida pelo Ministério Público de São
Paulo. Segundo eles, o sítio foi prospectado pelo sindicalista Jacó
Bittar em 2010, que tinha a intenção de oferecer a Lula um local para
que pudesse guardar os objetos que ganhou durante o período em que
permaneceu na Presidência da República. Como ficou doente, Bittar teria
dado o dinheiro para que seu filho, Fernando Bittar, fechasse o negócio.
O valor, no entanto, teria sido insuficiente, o que levou Fernando a
chamar Jonas Suassuna para entrar como sócio na propriedade.Os advogados do ex-presidente e de Dona Marisa informaram nesta segunda-feira que o casal não vai comparecer à audiência marcada para o próximo dia 3 pelo promotor Cássio Conserino na investigação sobre o tríplex no Guarujá. Hoje, eles protocolaram no Ministério Público de São Paulo explicações por escrito e impetraram habeas corpus no Tribunal de Justiça de São Paulo para que o casal não seja levado a depor coercitivamente.
No documento, os advogados afirmam que Lula só soube da compra do sítio no dia 13 de janeiro de 2011, dois dias antes de ir pela primeira vez ao local. O imóvel do sítio, assinalam, tinha apenas dois quartos e as condições eram precárias. Desta forma, o pecuarista José Carlos Bumlai , amigo da família, ofereceu a reforma. “Depois diante de algumas dificuldades técnicas, a obra foi concluída por uma empresa situada a cerca de 50 km do sítio Santa Bárbara”, diz o documento. O nome da empresa não foi informado.
Os advogados assinalam que Jacó Bittar deu dinheiro de suas aplicações pessoais para que o filho comprasse o sítio e que todos os pagamentos foram feitos com cheques administrativos.
SEM DEPOIMENTO
A explicação por escrito substitui o depoimento pessoal de Lula e Marisa Letícia. Nela, os advogados alegam ainda que a revista Veja publicou o dia do depoimento e “não é difícil imaginar que novos enfrentamentos venham a acontecer” no dia e horário marcados. Afirmam que, além do fundado receio relacionado à segurança pessoal do casal, há considerações de “ordem pública” na decisão de não comparecer para depor.
No documento, enviado ao promotor Cássio Conserino, do Ministério Público de São Paulo, os advogados afirmam ainda que encaminham todos os documentos relativos ao apartamento 142-A do edifício Solaris, no Guarujá. A unidade não é a mesma referente ao tríplex. Na investigação, os promotores buscam informações de que o ex-presidente e sua família seriam donos do tríplex 164-A, no mesmo edifício, e que estariam ocultando a propriedade.
VANTAGENS PESSOAIS
O Ministério Público Federal suspeita que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu vantagens pessoais de empreiteiras – as reformas no sítio em Atibaia e no tríplex no Guarujá, ambos em São Paulo – enquanto exercia o mandato. A informação está em um ofício assinado pelo coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, o procurador da República Deltan Dellagnol, e pelos demais integrantes do grupo. O documento foi enviado nesta segunda-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) para instruir um pedido feito por Lula na última sexta-feira para suspender as investigações.
O ex-presidente quer que as investigações contra ele sejam suspensas até a definição sobre qual o órgão indicado para conduzir os casos: se o Ministério Público de São Paulo, ou o Ministério Público Federal. A defesa de Lula também pede que as apurações saiam do âmbito da Lava Jato. “Importante considerar ainda que parte das vantagens, que constituem o objeto da investigação, foram supostamente auferidas pelo suscitante durante o mandato presidencial, o que justifica, por si só, a competência federal”, diz o ofício da força-tarefa da Lava Jato.
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