Sputnik News
Há quem tente argumentar que o ”cessar-fogo” talvez não beneficie Damasco e Moscou – considerando que os “4+1” (Rússia, Síria, Irã, Iraque plus Hezbollah) estavam avançando em pesada ofensiva. Claro que o ‘cessar-fogo’ beneficia Washington, se ainda se considerar a agenda oculta – rearmar as gangues de “rebeldes moderados”. Afinal, o El Supremo do Pentágono, Ash (“Império do Choramingas”) Carter, o general de Marinha Joseph Dunford e o diretor da CIA John Brennan são russófobos terminais, que jamais admitirão qualquer derrota.
Os termos vagos de “cessação de hostilidades” não especificam explicitamente que Washington, Londres e outros membros da “coalizão” que os EUA lideram ‘pela retaguarda’ devam parar de bombardear território sírio. E nem uma palavra sobre suicidas-bomba e armas químicas usadas rotineiramente por praticamente todas as gangues, do ISIS/ISIL/Daech aos “rebeldes moderados”, contra civis sírios.
Assim sendo, com certeza houve duro negócio de cavalos entre Washington e Moscou por trás do jogo de cena. E nada vazou, pelo menos até agora.
A VOZ DO DONO
Enquanto isso, a muito propagandeada invasão conjunta da Síria por Turquia e Arábia Saudita não acontecerá, porque a Voz do Dono vetou – como o ministro de Relações Exteriores da Turquia Mevlut Cavusoglu teve de explicar. Essencialmente, ele admitiu que a invasão precisava do consentimento de todos os membros da “coalizão” que os EUA lideram ‘pela retaguarda’, aquela que combateria contra o ISIS/ISIL/Daech. Infelizmente, todos gaguejam de medo de serem dizimados pela Força Aérea Russa. Assim sendo, também esses serão amigavelmente revertidos para a pantomima da “cessação de hostilidades”.
Onde realmente conta – o teatro sírio de guerra –, a questão mais premente é se o Exército Árabe Sírio será afinal capaz de controlar Aleppo e arredores; manter o controle em Latakia, e dar jeito para configurar Idlib como um enclave do Exército da Conquista controlado pelos sauditas por controle remoto e isolado por praticamente todos os lados, dependente exclusivamente de Ancara, a qual, por sua vez, não se atreverá a enfrentar cara a cara a Força Aérea Russa.
TURQUIA, A TRAPACEIRA
Não surpreende que o sultão Erdogan da Turquia tenha mais medo desse negócio de cessar-fogo do que de todas as pragas. Porque sai de mãos vazias; no máximo, obteve uma vaga promessa, semideclarada pela equipe Obama, de que os curdos sírios não continuarão a avançar para esmagar, tanto faz, ou o ISIS/ISIL/Daech ao longo da fronteira, ou bolsões da al-Qaeda na Síria.
Em troca, Ancara deve desistir de seu projeto de invadir a Síria e do sonho de uma “zona segura” de 10 km para dentro do território sírio para manter afastados os curdos e facilitar o rearmamento de seus agentes islamistas. A Frente al-Nusra, favorita de Ancara, por falar nisso, permanece ativa no norte de Aleppo, e nas regiões turcomenas de Latakia e Azaz (na fronteira turco-síria).
PLANO B À ESPREITA
O que a Equipe Obama parece ter afinal compreendido – e “parece” é aí o operador chave – é que nem ISIS/ISIL/Daech nem a Frente al-Nusra poderiam algum dia “unificar” a Síria; assumindo que 60% da população síria é sunita, o que conta é que acima de 50% dos sírios são seculares e apoiam o governo de Damasco contra toda essa chusma de salafista-jihadistas doidos apoiados por turcos e sauditas.
Será que tudo isso basta para assegurar o sucesso da pantomima da “cessação de hostilidade”? Dificilmente. Mantenham a calma e persistam (observando). O Plano B lá espreita, tipo material de A Volta dos Mortos Vivos.
(artigo enviado pelo jornalista Sergio Caldieri)
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