Frederico Haikal/Hoje em Dia
CRISE - Concessionária da Peugeot encerrou atividades na Cidade Nova
Com as vendas em queda vertiginosa, as
concessionárias de veículos de Belo Horizonte e região metropolitana
estão diminuindo de tamanho, ou até mesmo fechando as portas. No ano,
foram pelo menos 568 demissões em BH, Betim e Contagem, que ganharam
força este mês, com 306 desligamentos contabilizados. Em alguns casos, o
enxugamento do quadro de pessoal não foi suficiente e a revenda fechou
as portas. Foi o que ocorreu com a Vernon, concessionária da Peugeot, na
avenida Cristiano Machado, no bairro Cidade Nova.
Segundo apurou o Hoje em Dia, a revenda não é mais
associada à Peugeot e encerrou as atividades na unidade da avenida
Cristiano Machado há algumas semanas. A loja foi reaberta na Pampulha
como uma revenda multimarcas.
Dos 110 trabalhadores contratados nos tempos de bonança, hoje restam
dez. A reportagem tentou contato com os diretores da empresa, mas não
obteve retorno até o fechamento desta edição.
A readequação do número de funcionários a uma nova realidade comercial é generalizada.
“A situação hoje é muito difícil, e março está caminhando para ser pior
do que fevereiro. Existem concessionárias devolvendo áreas e outras com
demissões. Até primeiro de março havia uma convenção coletiva que dava
estabilidade ao trabalhador, mas desde então isso já não é mais um
impedimento para cortes. A rede de concessionárias no Brasil emprega 410
mil pessoas atualmente, mas esse número pode ser reduzido
drasticamente”, disse o presidente do Sindicato dos Concessionários e
Distribuidores de Veículos de Minas Gerais (Sincodiv-MG), Camilo Lucian.
Na Grande Minas, revenda Chevrolet, o diretor Creomar Santos não vê
motivos para otimismo. A empresa já demitiu em 2014 e não descarta novas
dispensas.
"A queda no primeiro bimestre deste ano foi de 35% na comparação com o
primeiro bimestre de 2014. No cenário macro não temos nada que mostre
que vai melhorar”, afirmou.
Na Carbel, revenda Volkswagen na capital, a situação é semelhante, segundo a gerente de vendas, André Corrêa Nunes.
“A equipe de vendas tinha 24 pessoas e hoje tem 15. A empresa também
fez cortes na parte de mecânica e funilaria”, disse. Corrêa, no entanto,
confia em negócios melhores.
“Não tem como ser pior do que está. O fluxo na loja até aumentou”, disse.
O vice-presidente do Sindicon, que representa os trabalhadores em
concessionárias de veículos, Diego Gonçalves, disse que, pelo volume de
demissões, a expectativa é de fechamento de outras unidades. Em 2014,
quando as demissões começaram, foram 2.900 dispensas, segundo números do
sindicato.
Setor de autopeças amarga queda de 12,6% no faturamento
O menor volume de vendas de veículos tem impacto direto e perverso no
setor de autopeças. O segmento, que já convivia com negócios fracos em
decorrência da competição com os importados, enfrenta agora o
agravamento da crise, com queda no faturamento, demissões e ociosidade
em curva ascendente.
De acordo com dados do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes
de Veículos Automotores (Sindipeças), o faturamento do setor em 2014
caiu 12,6% em relação ao ano anterior.
A queda foi apurada em todos os mercados: vendas para montadoras
(-16,2%), vendas para reposição (-3,8%), exportação (-5,7%) e vendas
intrassetoriais (-9,94%). A produção de autopeças foi 15% menor. A
ociosidade do setor chegou a 37,7%, alta de 5 pontos percentuais em
comparação com 2013.
A balança comercial do segmento no primeiro bimestre deste ano acumula
déficit de US$ 481 milhões. O desaquecimento atinge tanto as vendas como
as compras do Brasil.
Nas importações, o recuo foi de 25%. Nas exportações, chegou a 17,3%.
Enquanto a Argentina é o principal destino das exportações, os Estados
Unidos são a principal origem das importações.
Em Minas Gerais, os dados de emprego nas fabricas de autopeças ficaram
no vermelho em todos os meses do ano. Em dezembro, o contingente de
trabalhadores empregados era 15% menor na comparação com igual mês de um
ano antes. Em todos os estados pesquisados, o emprego caiu no ano
passado, mas em nenhum deles com tanta intensidade como em Minas Gerais.
Já o faturamento do setor no Estado, em dezembro, ficou 11% menor do
que no mesmo mês do ano anterior. Também nesse indicador foram
verificados números negativos em todos os meses de 2014.
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