domingo, 29 de março de 2015

Revendas de carros demitiram 3.500 trabalhadores desde o ano passado


Bruno Porto/Raul Mariano - Hoje em Dia


Frederico Haikal/Hoje em Dia
CRISE - Concessionária da Peugeot encerrou atividades na Cidade Nova

Com as vendas em queda vertiginosa, as concessionárias de veículos de Belo Horizonte e região metropolitana estão diminuindo de tamanho, ou até mesmo fechando as portas. No ano, foram pelo menos 568 demissões em BH, Betim e Contagem, que ganharam força este mês, com 306 desligamentos contabilizados. Em alguns casos, o enxugamento do quadro de pessoal não foi suficiente e a revenda fechou as portas. Foi o que ocorreu com a Vernon, concessionária da Peugeot, na avenida Cristiano Machado, no bairro Cidade Nova.
 
Segundo apurou o Hoje em Dia, a revenda não é mais associada à Peugeot e encerrou as atividades na unidade da avenida Cristiano Machado há algumas semanas. A loja foi reaberta na Pampulha como uma revenda multimarcas.
 
Dos 110 trabalhadores contratados nos tempos de bonança, hoje restam dez. A reportagem tentou contato com os diretores da empresa, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.
 
A readequação do número de funcionários a uma nova realidade comercial é generalizada.
 
“A situação hoje é muito difícil, e março está caminhando para ser pior do que fevereiro. Existem concessionárias devolvendo áreas e outras com demissões. Até primeiro de março havia uma convenção coletiva que dava estabilidade ao trabalhador, mas desde então isso já não é mais um impedimento para cortes. A rede de concessionárias no Brasil emprega 410 mil pessoas atualmente, mas esse número pode ser reduzido drasticamente”, disse o presidente do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos de Minas Gerais (Sincodiv-MG), Camilo Lucian.
 
Na Grande Minas, revenda Chevrolet, o diretor Creomar Santos não vê motivos para otimismo. A empresa já demitiu em 2014 e não descarta novas dispensas. 
 
"A queda no primeiro bimestre deste ano foi de 35% na comparação com o primeiro bimestre de 2014. No cenário macro não temos nada que mostre que vai melhorar”, afirmou.
 
Na Carbel, revenda Volkswagen na capital, a situação é semelhante, segundo a gerente de vendas, André Corrêa Nunes. 
 
“A equipe de vendas tinha 24 pessoas e hoje tem 15. A empresa também fez cortes na parte de mecânica e funilaria”, disse. Corrêa, no entanto, confia em negócios melhores. 
 
“Não tem como ser pior do que está. O fluxo na loja até aumentou”, disse.
 
O vice-presidente do Sindicon, que representa os trabalhadores em concessionárias de veículos, Diego Gonçalves, disse que, pelo volume de demissões, a expectativa é de fechamento de outras unidades. Em 2014, quando as demissões começaram, foram 2.900 dispensas, segundo números do sindicato.
 
Setor de autopeças amarga queda de 12,6% no faturamento
 
O menor volume de vendas de veículos tem impacto direto e perverso no setor de autopeças. O segmento, que já convivia com negócios fracos em decorrência da competição com os importados, enfrenta agora o agravamento da crise, com queda no faturamento, demissões e ociosidade em curva ascendente.
 
De acordo com dados do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes de Veículos Automotores (Sindipeças), o faturamento do setor em 2014 caiu 12,6% em relação ao ano anterior. 
 
A queda foi apurada em todos os mercados: vendas para montadoras (-16,2%), vendas para reposição (-3,8%), exportação (-5,7%) e vendas intrassetoriais (-9,94%). A produção de autopeças foi 15% menor. A ociosidade do setor chegou a 37,7%, alta de 5 pontos percentuais em comparação com 2013.
 
A balança comercial do segmento no primeiro bimestre deste ano acumula déficit de US$ 481 milhões. O desaquecimento atinge tanto as vendas como as compras do Brasil. 
 
Nas importações, o recuo foi de 25%. Nas exportações, chegou a 17,3%. Enquanto a Argentina é o principal destino das exportações, os Estados Unidos são a principal origem das importações.
 
Em Minas Gerais, os dados de emprego nas fabricas de autopeças ficaram no vermelho em todos os meses do ano. Em dezembro, o contingente de trabalhadores empregados era 15% menor na comparação com igual mês de um ano antes. Em todos os estados pesquisados, o emprego caiu no ano passado, mas em nenhum deles com tanta intensidade como em Minas Gerais.
 
Já o faturamento do setor no Estado, em dezembro, ficou 11% menor do que no mesmo mês do ano anterior. Também nesse indicador foram verificados números negativos em todos os meses de 2014.

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